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As cidades de carvão da China estão afundando — de verdade

À extensa lista de desastres ecológicos associados à exploração de carvão na China, que incluem poluição do ar, da água e do solo, adicione mais um


	Perigo: casas abandonadas em área onde a terra está afundando perto de uma mina de carvão em Shanxi, China.
 (REUTERS / Jason Lee)

Perigo: casas abandonadas em área onde a terra está afundando perto de uma mina de carvão em Shanxi, China. (REUTERS / Jason Lee)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 19 de agosto de 2016 às 16h15.

Sâo Paulo -  À extensa lista de desastres ecológicos associados à exploração de carvão na China, que incluem poluição do ar, da água e do solo, adicione mais um: cidades que afundam. 

Três décadas de intensa mineração para suprir o apetite chinês por energia barata deixaram regiões inteiras ao norte do país vulneráveis a um fenômeno conhecido como subsidência, que, em linhas gerais, consiste no afundamento ou colapso de terreno.

Esse fenômeno tanto pode ter causa natural, por características geológicas, ou ocorrer por ação de atividades humanas, no caso, a construção de galerias de carvão subterrâneas. 

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Um buraco e rachaduras são vistos no telhado de uma casa abandonada em uma área perto de uma mina de carvão em Datong, China.

Na província de Shanxi, uma das mais afetadas, o governo chinês planeja remanejar nada menos do que 650 mil habitantes até o final do ano que vem, um processo com custo estimado em US$ 2,36 bilhões, relata a agência Reuters, que registrou imagens do estrago provocado.

Pode parecer muito, mas é bem menos do que o prejuízo econômico e ambiental estimado em US$ 11 bilhões decorrente da atividade na região. Pela estimativas oficiais, o fenômeno afeta em todo o país uma área do tamanho da Gâmbia, na África, de 10 mil quilômetros quadrados.

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Li Yonghua, 65, enxuga os olhos na frente de sua casa danificada em uma área onde a terra está afundando na província chinesa de Shanxi.

A vida nesses lugares é precária, quem tem um pouco mais de recurso financeiro não espera o socorro oficial chegar para se mudar em busca de melhores condições de vida. Quem permanece, no entanto, convive com estruturas que, aos poucos, se desfazem sobre um terreno traiçoeiro. Rachaduras e buracos no chão são comuns nas típicias casas-cavernas da região.

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Homem sai de uma casa danificada pela mineração de carvão em Shijiazhuang aldeia de Datong, província de Shanxi.

O problema chegou a um ponto "sem retorno", que condena as áreas a um futuro fantasma. Apesar do direito da indústria de carvão da China estabelecer uma série de esforços com os quais as empresas do setor devem se comprometer a fim de reduzir o impacto social e ambiental, críticos dizem que a lei não apenas está cheia de "buracos", como quase nunca é cumprida.

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Um gato descansa em Li Yonghua, área onde a terra está afundando ao lado de uma mina de carvão na Helin aldeia de Xiaoyi.

Se a mineração de carvão continuar, de acordo com estudos, uma área do tamanho de Pequim poderá ser afetada pela subsidência até 2020.

Somado aos outros problemas ecológicos provocados pela atividade, tem-se um passivo sócioambiental crescente, que vem num momento em que o setor de carvão chinês enfrenta dívidas galopantes, a queda da demanda e um declínio de longo prazo dos preços do combustível fóssil.

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Um motociclista solitário passa em a uma usina de energia ao lado de uma mina de carvão na periferia de Xiaoyi, província de Shanxi.

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