O então presidente do Paraguai, General Alfredo Stroessner, durante visita na Espanha em 1º de julho de 1973 (Keystone/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2013 às 18h12.
Assunção - A iminente nomeação de um dos netos do ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner como embaixador do Paraguai na Organização das Nações Unidas (ONU) gerou uma chuva de críticas de grupos de direitos humanos, que acusaram o governo de assumir com sua decisão as atrocidades cometidas durante a ditadura.
Alfredo "Goli" Stroessner é filho de uma das filhas do ditador homônimo e do empresário Humberto Domínguez, mas ficou com o sobrenome do avô. Organizações civis o criticam por nunca ter reconhecido os abusos de um regime que deixou mais de 400 desaparecidos, milhares de presos e exilados.
"Isso implica claramente uma reivindicação da ditadura", disse à Reuters o secretário-executivo da Coordenadoria de Direitos Humanos do Paraguai (Codehupy), Enrique Gauto.
"Trata-se de instalar uma mensagem de que a ditadura foi um governo positivo para o país e que não houve atropelos e crimes de lesa humanidade", acrescentou.
O presidente paraguaio, o conservador Horacio Cartes, disse nesta terça-feira que Stroessner, um ex-senador governista que costuma exaltar a figura de seu avô, lhe pediu que considerasse a sua nomeação.
O mandatário afirmou que não podia discriminá-lo por seu parentesco com o homem que governou duramente o Paraguai durante 35 anos até sua derrubada em 1989.
"Estamos falando de 'Goli', eu não estou enviando o avô", disse Cartes a jornalistas, aparentemente incomodado.
O chanceler paraguaio, Eladio Loizaga, disse que a nomeação será analisada nos próximos dias. A indicação de embaixadores deve ser aprovada pelo Senado, onde o governista Partido Colorado não tem maioria, apesar de possuir a maior bancada.