Mundo

Nobel da Paz indiano quer unir as mãos com paquistanesa

Ativista em defesa dos direitos das crianças foi reconhecido por sua luta contra o tráfico de crianças por meio do Bachpan Bachao Andolan

Kailash Satyarthi: "É uma grande declaração do comitê do Nobel, em vista da situação atual entre Índia e Paquistão” (Adnan Abidi/Reuters)

Kailash Satyarthi: "É uma grande declaração do comitê do Nobel, em vista da situação atual entre Índia e Paquistão” (Adnan Abidi/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2014 às 11h30.

Nova Délhi - O indiano Kailash Satyarthi dedicou o Prêmio Nobel da Paz - que compartilhou nesta sexta-feira com a adolescente Malala Yousafzai, do Paquistão -, às crianças vítimas da escravidão, prometendo “unir as mãos” com a ativista paquistanesa, num momento em que Índia e Paquistão voltam a se enfrentar pelo território da Caxemira.

Aos 60 anos, o ativista em defesa dos direitos das crianças foi reconhecido por sua luta contra o tráfico de crianças por meio do Bachpan Bachao Andolan – ou Movimento Salve as Crianças –, um grupo que fundou em 1980 depois de abandonar seu emprego de engenheiro eletricista.

" É uma grande declaração do comitê do Nobel, em vista da situação atual entre Índia e Paquistão”, declarou Satyarthi aos repórteres que cercaram seu escritório em Nova Délhi após o anúncio da honraria em Oslo.

"Além de nossa luta contra a escravidão infantil e a ameaça de analfabetismo no subcontinente e no mundo, nós dois esperamos poder lutar pela paz”, disse ele em referência a Malala, que faz campanha para que meninas tenham direito à educação e que, aos 17 anos, se tornou a mais jovem vencedora de um prêmio Nobel.

"Vou conversar com Malala em breve. Conheço-a, e irei convidá-la a unir as mãos para trazer paz ao nosso subcontinente – uma necessidade para as crianças, para cada indiano, cada paquistanês, cada cidadão do mundo.” Há mais de uma semana Índia e Paquistão vêm trocando tiros através da fronteira da Caxemira, o que resultou na morte de nove paquistaneses e oito indianos, no pior episódio de violência entre os dois países em mais de uma década.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que endureceu sua postura com o Paquistão desde que assumiu o cargo, parabenizou Satyarthi.

Pelo Twitter, Modi disse: "Kailash Satyarthi vem dedicando sua vida a uma causa que é extremamente relevante para toda a humanidade. Saúdo seus firmes esforços”.

Satyarthi estima que mais de 60 milhões de crianças indianas, ou 6 por cento da população, são forçadas a trabalhar, e ofereceu seu Nobel a elas: “É uma honra para todas as crianças que ainda sofrem na escravidão, no trabalho forçado e no tráfico”, declarou ele ao canal de televisão CNN-IBN.

“Não se trata só da Índia”, afirmou aos repórteres. “É um crime contra a humanidade privar uma criança da infância. A humanidade está em jogo.”

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaÍndiaNobelPaquistãoPrêmio Nobel

Mais de Mundo

38 pessoas morreram em queda de avião no Azerbaijão, diz autoridade do Cazaquistão

Desi Bouterse, ex-ditador do Suriname e foragido da justiça, morre aos 79 anos

Petro anuncia aumento de 9,54% no salário mínimo na Colômbia

A discreta missa de Natal em uma região da Indonésia sob a sharia