Nicarágua: mais de 300 pessoas morreram desde o início dos protestos e 2 mil ficaram feridas (Oswaldo Rivas/Reuters)
AFP
Publicado em 3 de setembro de 2018 às 12h29.
Manágua - Duas pessoas foram feridas a tiros neste domingo durante uma passeata da oposição na Nicarágua, em um novo episódio de violência durante protestos contra o governo que já fez mais de 320 mortos.
Após os momentos de agitação, a embaixada dos Estados Unidos alertou seus cidadãos para evitar a área onde os protestos ocorreram.
Um dos feridos foi atingido no braço por homens armados a bordo de três veículos perto do local onde estava programado para terminar a passeata, constatou um fotógrafo de AFP.
A outra vítima havia sido ferida em outra parte da passeata, provocando a ira dos manifestantes que destruíram e incendiaram veículos da polícia.
"As pessoas a bordo de uma caminhonete com bandeiras vermelhas e pretas (do partido sandinista) dispararam para cima", contou a repórteres uma senhora que pediu para não ser identificada.
No momento dos tiros, os manifestantes atiraram-se ao chão ou buscaram proteção atrás de árvores, em um clima de alta tensão.
Dezenas de policiais e membros de grupos ligados ao governo de Daniel Ortega foram para a zona, enquanto os manifestantes se refugiaram em um shopping nas proximidades.
As autoridades ainda não deram uma versão do que aconteceu.
No sábado, a missão do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU (OHCHR) deixou o país após ser expulsa pelo governo. Um dia antes, o organismo havia emitido um duro relatório sobre as "violações dos direitos humanos" no contexto dos protestos contra o governo.
A passeata deste domingo foi convocada pela Aliança Cívica e reuniu milhares de pessoas.
Segundo previsto, a marcha deveria começar na rotatória de Cristo Rey e se dirigia para a de El Periodista, a oeste de Manágua. No entanto, partidários do governo ocuparam as ruas e provocaram uma retirada momentânea dos manifestantes.
Os protestos contra o governo começaram em 18 de abril contra uma reforma fracassada da previdência social, o que levou ao pedido de renúncia do presidente Daniel Ortega e de sua esposa e vice-presidente Rosario Murillo.
Em quatro meses, a violência política deixou mais de 320 mortos, 2.000 feridos e um número indeterminado de detidos, desaparecidos e deslocados para países vizinhos.