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Nicarágua divulga primeiras imagens de bispo preso após dois meses

As imagens são as primeiras desde que o bispo foi levado a uma audiência judicial no dia 10 de janeiro; tem crescido a tensão entre o governo Ortega e a Igreja Católica na Nicarágua

Álvarez: condenado a 26 anos de prisão (AFP/AFP)

Álvarez: condenado a 26 anos de prisão (AFP/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 26 de março de 2023 às 14h53.

Última atualização em 26 de março de 2023 às 14h53.

Um veículo ligado ao governo da Nicarágua publicou as primeiras imagens em dois meses e meio do bispo Rolando Álvarez, condenado a 26 anos de prisão, enquanto recebia neste fim de semana a visita de seus irmãos em uma prisão perto de Manágua.

Nas imagens, as primeiras desde que o bispo foi levado a uma audiência judicial no dia 10 de janeiro, ele aparece vestido com um uniforme de presidiário azul e mais magro, mas animado enquanto conversava com os irmãos Vilma e Manuel Antonio em uma sala do presídio "Jorge Navarro".

Álvarez foi condenado a 26 anos de prisão por vários crimes, principalmente por "atentado à integridade nacional", depois de se recusar, um dia antes, a ir para os Estados Unidos junto com 222 presos políticos libertados e expulsos do país.

Os três irmãos conversam sentados a uma mesa com toalha branca, sobre a qual estão garrafas de refrigerante, suco e água mineral, no vídeo divulgado pelo portal 19Digital. O veículo, que também postou fotos, disse que a visita ocorreu na tarde de sábado. As imagens foram posteriormente compartilhadas por outros veículos de imprensa independentes da Nicarágua. Havia dúvidas, antes das imagens, sobre a situação de saúde do bispo.

“Estou bem, com saúde, como estou?”, pergunta Álvarez, sorrindo, ao jornalista que fez uma breve entrevista com ele.

"[Quero] agradecer à Santíssima Virgem porque hoje é o dia da Anunciação do anjo à mãe [...], porque no dia dela, bem, meus irmãos puderam vir me ver", acrescenta o bispo de 56 anos.

Tensão entre ortega e Igreja Católica

O caso de Álvarez é um dos pontos de tensão entre o governo de Daniel Ortega e a Igreja Católica, enquanto as relações diplomáticas de Manágua com o Vaticano estão à beira da ruptura.

Há duas semanas, o Ministério das Relações Exteriores da Nicarágua disse em um comunicado que analisa "uma suspensão das relações diplomáticas" com a Santa Sé.

A declaração veio dias depois que, em entrevista ao portal argentino Infobae, o papa Francisco qualificou o governo de Ortega como uma "ditadura grosseira" e disse que o presidente sofre de um "desequilíbrio".

Na entrevista, o papa argentino também aludiu ao caso Álvarez, embora sem citar seu nome.

O encarregado de negócios do Vaticano na Nicarágua, Marcel Diouf, deixou o país em 17 de março. Há um ano Ortega expulsou o núncio Waldemar Stanislaw Sommertag.

Em 10 de fevereiro, um dia após a libertação e expulsão dos 222 presos, um tribunal condenou o bispo Álvarez a 26 anos e quatro meses de prisão e a uma multa de 1.600 dólares (cerca de R$ 8.466). Além disso, privou-o de sua nacionalidade nicaraguense e de seus direitos de cidadania para sempre.

Dias antes da entrevista do papa, Ortega fechou duas universidades católicas.

(Da redação, com AFP)

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