Nação insular: O primeiro-ministro de Samoa, Tuilaepa Sailele. (Hannah Peters/Getty Images)
Vanessa Barbosa
Publicado em 31 de agosto de 2018 às 12h03.
São Paulo - O primeiro-ministro de Samoa, Tuilaepa Sailele, criticou os negacionistas das mudanças climáticas e pediu à Austrália que faça cortes mais profundos nas emissões de carbono para ajudar a salvar as nações das ilhas do Pacífico dos "desastres" associados ao aquecimento global.
Em pronunciamento durante uma visita ao Instituto Lowy, de estudos políticos externos, em Sydney, Sailele afirmou que a mudança climática representa um "desafio existencial" para as ilhas no Oceano Pacífico e que os países desenvolvidos precisam reduzir as emissões de gases de efeito estufa para conter o aumento das temperaturas e do nível do mar.
"Todos nós conhecemos o problema, todos nós sabemos as soluções, e tudo o que falta é coragem política para dizer às pessoas que há certeza de desastre. Então, qualquer líder de qualquer país que acredite que não há mudança climática deve receber tratamento psiquiátrico em um hospício, porque ele é totalmente doido. E eu digo a mesma coisa para qualquer líder aqui", declarou Sailele.
Seu discurso crítico tinha como alvo parlamentares conservadores da Austrália que têm pressionado o novo primeiro-ministro australiano Scott Morrison para aumentar o investimento em carvão e gás, dois combustíveis fósseis e com altos níveis de emissões, e a abrir mão de compromissos com as metas do histórico Acordo do Clima de Paris para reduzir as emissões de gases efeito estufa.
As críticas antecedem a reunião de líderes do Fórum das Ilhas do Pacífico (PIF), que acontece na próxima semana, na ilha de Nauru. O encontro visa reforçar a cooperação entre os estados insulares da região e a Austrália pelo bem social e econômico de seus povos. Ao que tudo indica, a questão climática estará no centro dos holofotes, mas por razões políticas e econômicas, o problema não ressoa na mesma medida entre os líderes australianos.
Recentemente, a Austrália foi considera o país com pior desempenho em ação climática entre as nações mais avançadas, com base no atingimento das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Mas para manter sua influência geopolítica na região, o país terá de rever sua postura.
Em análise publicada no site The Conversation, o especialista em política e filosofia da Universidade La Trobe, na Austrália, acífico se tornaram mais conscientes de seus interesses compartilhados e confiantes em expressá-los nas relações internacionais, confiança vista, por exemplo, no lobby desses países em prol de ações de combate à mudança climática nas reuniões temáticas das Nações Unidas.
"O primeiro-ministro de Fiji, em particular, foi claro ao destacar que a posição "egoísta" da Austrália sobre a mudança climática mina sua credibilidade na região", destacou o especialista, acrescentando que essas mudanças no Pacífico representam um desafio maior para a Austrália, especialmente agora que há mais participantes na região, como China, Rússia e Indonésia.