O candidato presidencial Nayib Bukele, da Grande Aliança Nacional (GANA), acena após votar em uma eleição presidencial em San Salvador, El Salvador, 3 de fevereiro de 2019. REUTERS / Jose Cabezas (Jose Cabezas/Reuters)
Reuters
Publicado em 4 de fevereiro de 2019 às 08h00.
Última atualização em 4 de fevereiro de 2019 às 10h42.
San Salvador - Um ex-prefeito que fez campanha com foco no combate à corrupção venceu a eleição presidencial de El Salvador no domingo, rompendo com o sistema de dois partidos que imperava no país centro-americano assolado pela violência há três décadas.
Nayib Bukele, ex-prefeito de 37 anos da capital San Salvador, obteve 54 por cento dos votos após a apuração de 88 por cento das urnas, informou Julio Olivo, chefe do tribunal eleitoral.
Bukele conseguiu mais votos do que todos os outros candidatos combinados em seu triunfo no primeiro turno, sublinhando a frustração profunda do eleitorado com a incapacidade dos dois principais partidos para lidar com a violência e a corrupção.
“O dia de hoje é histórico para nosso país. No dia de hoje El Salvador destruiu o sistema de dois partidos”, disse Bukele a centenas de salvadorenhos que dançavam, acenavam com bandeiras e tocavam apitos em uma praça de San Salvador que Bukele revitalizou quando comandou a cidade, entre 2015 e 2018.
Seus dois rivais dos maiores partidos do país reconheceram a derrota.
Agora Bukele precisará encarar as ameaças frequentes do presidente norte-americano, Donald Trump, de cortar a ajuda a El Salvador –assim como das vizinhas Guatemala e Honduras– se o país não fizer mais para conter a migração aos Estados Unidos.
Seus apoiadores esperam que o político de um terceiro partido realize mudanças para melhorar a economia enfraquecida e a pobreza generalizada.
“Vamos ver se ele consegue fazer o que nos prometeu”, disse um apoiador entusiasmado, Baltazar Sanchez, de 30 anos, durante o discurso de vitória de Bukele. “Depois de 30 anos de dois partidos, ficamos com as melhores cartas”.
A violência de gangues tornou o pequeno El Salvador um dos países mais sangrentos do mundo nos últimos anos, o que levou muitos cidadãos a fugirem para o norte.
Entre suas promessas de campanha, Bukele, usuário ávido de redes sociais que fez uma selfie com apoiadores antes de declarar vitória, disse que incentivará projetos de infraestrutura para limitar tal migração.
Desde o final de sua guerra civil, em 1992, El Salvador vinha sendo comandado pelo atual partido governista de esquerda, Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), e sua rival conservadora, Aliança Republicana Nacionalista (Arena).
Os resultados definitivos saem em dois dias, disse Olivo.