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Nascimento não resiste a denúncias e deixa ministério

A crise se instalou no ministério depois que reportagem da revista Veja desta semana apontou que dois assessores diretos do ministro teriam participado de um esquema de propinas

Nascimento, ministro dos Transportes: Dilma considera situação insustentável (Renato Araújo/ABr)

Nascimento, ministro dos Transportes: Dilma considera situação insustentável (Renato Araújo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2011 às 15h16.

Brasília - Alfredo Nascimento não resistiu às denúncias envolvendo o Ministério dos Transportes e renunciou ao cargo nesta quarta-feira, tornando-se o segundo ministro a deixar o governo em pouco mais de seis meses de mandato da presidente Dilma Rousseff.

Em nota, o Ministério dos Transportes afirmou que Nascimento pediu demissão em "caráter irrevogável".

"Nascimento também decidiu encaminhar requerimento à Procuradoria-Geral da República pedindo a abertura de investigação e autorizando a quebra dos seus sigilos bancário e fiscal", afirmou a nota.

Nascimento, que também foi ministro dos Transportes no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, retomará sua cadeira no Senado Federal no lugar do suplente João Pedro (PT-AM). Ele foi eleito senador pelo Amazonas em 2006.

A crise se instalou no ministério depois que reportagem da revista Veja desta semana apontou que dois assessores diretos do ministro, o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o diretor-presidente da Valec, teriam participado de um esquema de propinas em obras federais do ministério.

De acordo com a denúncia, o secretário-geral do PR, deputado Valdemar Costa Neto (SP), seria o responsável pelo esquema.

Logo após a denúncia no fim de semana, a presidente Dilma Rousseff decidiu afastar dois assessores e dois diretores citados pela reportagem. Dilma, no entanto, manteve o ministro no cargo, decidiu colocá-lo como responsável pela investigação e divulgou nota manifestando apoio a ele.

"A presidente da República perdeu a bela oportunidade de ter agido totalmente no primeiro momento, agiu pela metade e foi atropelada pelos fatos, e nós esperamos sinceramente que o substituto seja alguém à altura do ministério", afirmou o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

Nesta quarta, Nascimento teve de se defender de mais uma denúncia, desta vez sobre o patrimônio de seu filho Gustavo Morais Pereira, que teria aumentado milhares de vezes em dois anos, segundo publicou o jornal O Globo.


Para o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), a demissão não absolve o ministro de eventuais crimes. "A queda do ministro não esgota o tema", afirmou.

Essa é a segunda crise que a presidente Dilma enfrenta desde que assumiu envolvendo denúncias contra ministros. O ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci, influente no mandato de Dilma, deixou o cargo após várias semanas de desgaste por conta de acusações decorrentes de seu aumento patrimonial nos últimos anos.

Sucessor

Enquanto o ministério confirmava a saída de Nascimento, senadores do PR estavam reunidos com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. O nome de um sucessor ainda não foi formalmente anunciado e o PR, partido do ex-ministro, tenta manter a pasta.

"Não haverá indicação precipitada do partido", disse o líder do PR no Senado, senador Magno Malta (ES). "Temos essa garantia do governo de que o partido vai ser chamado para discutir."

Antes de assumir o Ministério dos Transportes no governo Dilma, Nascimento já comandara a pasta nos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em todas as vezes que deixou o cargo anteriormente --para concorrer ao Senado em 2006 e ao governo do Amazonas no ano passado-- Nascimento deu lugar ao secretário-executivo da pasta Paulo Sérgio Passos, um técnico de carreira do ministério filiado ao PR que toca, no dia-a-dia, a parte operacional da pasta.

Passos é um dos nomes cotados para assumir o ministério, bem como o senador Blairo Maggi (PR-MT).

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