Sonda Europa Clipper foi lançada nesta segunda-feira, 14, e tem previsão de chegada até abril de 2030 em Júpiter. (CRISTOBAL HERRERA/EFE)
Redator na Exame
Publicado em 15 de outubro de 2024 às 07h04.
Última atualização em 15 de outubro de 2024 às 07h16.
A Nasa deu início a uma missão ambiciosa para explorar a lua Europa, de Júpiter, em busca de sinais que possam indicar a presença de vida extraterrestre. A sonda Europa Clipper, lançada nesta segunda-feira, 14, em um foguete SpaceX Falcon Heavy, terá a tarefa de analisar se o oceano subterrâneo que se acredita existir sob a crosta de gelo da lua poderia abrigar formas de vida. Cientistas acreditam que esse oceano contém duas vezes mais água do que todos os oceanos da Terra.
De acordo com a Business Insider, a lua Europa é considerada uma das localidades mais promissoras para a descoberta de vida fora da Terra, dado o potencial de abrigar um ambiente aquático. A missão, intitulada Europa Clipper, representa o maior projeto interplanetário já construído pela Nasa. A sonda, que mede cerca de cinco metros de altura e cem metros de largura quando suas asas solares estão abertas, foi projetada para suportar condições extremas, pesando 3,5 toneladas.
O principal objetivo da missão Europa Clipper é determinar se a lua de Júpiter possui as condições necessárias para sustentar vida. Embora a sonda não esteja equipada para detectar vida diretamente, ela levará nove instrumentos científicos que buscarão traços de moléculas orgânicas, medirão a salinidade e a profundidade do oceano, e realizarão fotos detalhadas da superfície, com resolução de até um metro.
A jornada até Júpiter será longa. A sonda terá que percorrer 2,9 bilhões de quilômetros e receberá um impulso gravitacional ao passar por Marte. A previsão é de que ela chegue ao seu destino em abril de 2030. Durante a missão, a sonda orbitará Júpiter e realizará 49 sobrevoos em diferentes pontos de Europa, cobrindo áreas de polo a polo. Em alguns momentos, a nave ficará a apenas 25 quilômetros da superfície da lua.
Europa Clipper também será exposta a altos níveis de radiação provenientes de Júpiter, equivalentes a milhões de exames de raio-X, enquanto atravessa a atmosfera carregada de partículas energéticas ao redor do planeta gigante. Uma das curiosidades que a missão pode desvendar é se a radiação faz o gelo de Europa brilhar, um fenômeno que pesquisas anteriores da NASA indicaram como possível.
O potencial de vida em Europa se baseia na existência de oceanos subterrâneos, similares aos ambientes em nosso planeta onde a vida prospera sem luz solar, próximo a fontes hidrotermais. Esses ambientes ricos em energia e compostos orgânicos fundamentais, como carbono e hidrogênio, tornam-se propícios à vida. A sonda buscará identificar a presença desses compostos, essenciais para a vida como a conhecemos. A complexidade da missão Europa Clipper não se limita à distância.
As órbitas ao redor de Júpiter devem levar em conta o efeito gravitacional não só do planeta, mas também de suas luas, configurando um desafio conhecido como problema de sete corpos. A missão é resultado de duas décadas de planejamento e marca uma nova era na exploração de oceanos fora da Terra. A previsão de chegada em 2030 indica que os resultados das análises só estarão disponíveis muitos anos depois, mantendo a busca por vida alienígena como uma investigação de longo prazo.