Boeing 737: ontem, autoridades ucranianas pediram que o Irã entregue as caixas pretas do voo para que as circunstâncias do acidente sejam esclarecidas (Valentyn Ogirenko/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de janeiro de 2020 às 06h08.
Última atualização em 16 de janeiro de 2020 às 06h41.
São Paulo — Mais de 30 anos após o voo 655 da Iran Air ter sido erroneamente abatido pela marinha dos Estados Unidos matando 290 pessoas, em um episódio ainda vivo ㅡ e não perdoado ㅡ na lembrança do povo do Irã, nesta quinta-feira 16, ministros das relações exteriores dos países das vítimas do Boeing 737, aparentemente também derrubado por um erro de forças militares, dessa vez iranianas, irão se reunir para discutir uma punição contra o país.
Três dias depois do acidente que matou 179 pessoas no dia 8 de janeiro, o governo do Irã admitiu que suas forças militares derrubaram o avião sem intenção. Segundo o regime iraniano, no momento em que a aeronave foi abatida, o país estava em alerta para novos ataques dos Estados Unidos, o que fez com que o voo que saia de Teerã com destino a Ucrânia fosse confundido com um míssil.
Além de 82 iranianos, estavam a bordo 63 canadenses, 11 ucranianos (dois passageiros e nove tripulantes), dez suecos, quatro afegãos, três alemães e três britânicos. Na segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Vadym Prystaiko, disse que as nações em luto se reunião para discutir as causas do acidente e também punições contra Irã, incluindo indenizações. “Criamos este grupo de ministros das Relações Exteriores das nações enlutadas. Nós nos encontraremos em pessoa em Londres para debater as maneiras, inclusive legais, de como levaremos isso adiante”, disse.
Às vésperas do encontro dessa quinta-feira, o Irã prendeu uma pessoa não identificada que gravou o momento em que o avião foi abatido. O vídeo percorreu o mundo após ser publicado pelo jornal The New York Times. De acordo com a base de Sar-Allah, a prisão faz parte das investigações sobre “as causas e fatores envolvidos no incidente aéreo”. Também ontem, autoridades ucranianas pediram que o Irã entregue as caixas pretas do voo para que as circunstâncias do acidente sejam esclarecidas pelo país de origem do avião.
Em meio a troca de farpas entre Trump e o presidente iraniano Hassan Rouhani, dois dias antes da queda do Boeing 737, o líder iraniano escreveu no Twitter: “Aqueles que se referem ao número 52 deveriam também se lembrar do número 290. #IR655 Nunca ameace a nação iraniana”.
A mensagem, que se referia ao avião iraniano derrubado pelos EUA em 1988, reforçou que o Irã nunca superou o acidente. Na época, os EUA admitiram o erro e indenizaram o país. Até agora, não está claro como o Irã agirá estando do outro lado da história.