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Na Venezuela, a Constituinte assume, a violência cresce

A população está perdendo a fé no processo democrático e começando a questionar se a violência não é a única maneira de lidar com o governo de Maduro

Manifestantes Preso na Venezuela: com a vitória de Maduro na Constituinte, é esperado que a violência na Venezuela continue a crescer (Marco Bello/Reuters)
EH

EXAME Hoje

Publicado em 2 de agosto de 2017 às 06h07.

Última atualização em 2 de agosto de 2017 às 11h59.

Quando a nova Assembleia Constituinte eleita no domingo assumir hoje a elaboração de uma nova constituição, a Venezuela romperá de vez com seu arremedo de democracia.

O final de semana, com 15 mortos em protestos, incluindo de um candidato que disputava a constituinte, foi só o início de um caso que se tornaria ainda mais sombrio: o governo comemora a “normalidade” nas eleições, conforme nota divulgada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), além de anunciar que mais de 8 milhões de venezuelanos foram às urnas (41% do total), quando observadores internacionais e a oposição estimam que as abstenções superaram os 90%.

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Todo o processo foi convocado por Maduro em maio, para conter a onda de manifestações que tomaram o país a partir de abril. Hoje, o número de mortos já passa de 120.

Num jogo de cartas marcadas, em que tudo foi feito para favorecer os aliados do governo, o processo ajudou a eleger 545 membros que pretendem “criar um novo ordenamento jurídico e transformar o Estado”. O filho e a mulher de Maduro estão entre os eleitos de domingo.

Há apenas um ano e meio, a oposição na Venezuela estava no auge do seu poder ao conseguir maioria na Assembleia Nacional. O próximo alvo era a disputa da presidência em 2018.

Um sonho que agora jaz distante diante da nova constituinte. Dois nomes proeminentes da oposição, Leopoldo López e Antonio Ledezma, foram retirados de suas casas por forças de segurança do Estado e voltaram para a prisão.

Embora alguns membros e líderes da oposição clamem por protestos pacíficos, a realidade começa a se mostrar outra. A população descontente está perdendo a fé no processo democrático e começando a questionar se a violência não é a única maneira de lidar com o governo de Maduro.

A “resistência” é composta de mascarados, muitos deles da periferia, armados de coquetéis molotov, bastões e pedras, juntamente com os moradores dos bairros abastados do leste de Caracas. O cenário se repete em outras cidades. As centrais sindicais declararam greve geral. Infelizmente, a violência na Venezuela só deve escalar ainda mais.

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