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Na ONU, Abbas faz nova campanha por Estado palestino

Após o fracasso do ano passado, Abbas optou nesta ocasião por pedir que a Palestina seja reconhecida como Estado observador


	Mahmoud Abbas reiterou que ''nada ameaça mais a paz mundial que um Irã com arma nuclear''
 (AFP/Getty Images/Mario Tama)

Mahmoud Abbas reiterou que ''nada ameaça mais a paz mundial que um Irã com arma nuclear'' (AFP/Getty Images/Mario Tama)

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Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2012 às 20h18.

Nações Unidas - O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, lançou nesta quinta-feira uma nova campanha pelo reconhecimento de um Estado palestino nas Nações Unidas, um pedido ao qual prestou pouca atenção o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, centrado em pedir ao mundo que evite um Irã nuclear.

Após o fracasso do ano passado, quando o pedido palestino para entrar na ONU como Estado membro de pleno direito não avançou por não receber suficiente apoio no Conselho de Segurança e devido à ferrenha oposição dos Estados Unidos, Abbas optou nesta ocasião por pedir que a Palestina seja reconhecida como Estado observador.

O líder palestino, que em grande parte de seu discurso na Assembleia Geral da ONU atacou os assentamentos israelenses e acusou o governo de Netanyahu de promover ''uma limpeza étnica'', anunciou ter iniciado ''intensas consultas'' diplomáticas para que a Palestina passe a ser considerada ''como um Estado não membro''.

Trata-se da chamada opção vaticana, já que esse status é o mesmo da Santa Sé, e constitui o caminho que diferentes países lhe tinham recomendado seguir em 2011 com pleno conhecimento de que os Estados Unidos, principal aliado de Israel, bloquearia um pedido que alguns viram como um novo impedimento para o processo de paz.

''Nossa missão foi abortada apesar da imensa maioria dos países do mundo nos apoiarem e continuarem apoiando nossa solicitação'', lembrou Abbas nesta ocasião perante o plenário da ONU, ao qual pediu um prazo para dar o sinal verde a seu novo pedido ''nesta sessão'', a 67ª, que iniciou este mês e terminará em setembro de 2013.

O presidente da ANP evitou pedir uma votação em uma data determinada, mas fontes palestinas informaram à Efe que isso poderia ocorrer em 29 de novembro, quando a Assembleia Geral se reúna por causa do Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino.

A prudência do líder palestino nesse sentido se baseia, segundo várias fontes diplomáticas na ONU, em sua vontade de esperar que passem as eleições presidenciais nos Estados Unidos (6 de novembro) e que o conflito entre palestinos e israelenses não se transforme em um tema de campanha, o que prejudicaria seus interesses.


''Para ampliar as oportunidades de paz, continuaremos com nossos esforços para nos tornarmos um Estado de pleno direito nas Nações Unidos'', afirmou Abbas.

Sua intenção, disse, não é ''deslegitimar um Estado existente, o de Israel, mas o de garantir que seja criado um Estado, o da Palestina''.

Já Netanyahu, que discursou com poucos minutos de diferença na Assembleia Geral, afirmou que o conflito não será solucionado ''com discursos difamatórios na ONU, nem com declarações unilaterais de Estado''.

''Temos que nos sentar para dialogar para que um Estado palestino desmilitarizado reconheça o único Estado de Israel'', declarou o premiê israelense, que além disso disse que seu governo quer conseguir ''uma paz duradoura com os palestinos'' e referendar ''os laços históricos com Egito e Jordânia''.

Netanyahu dedicou poucas palavras ao conflito com os palestinos e preferiu olhar para outra direção, concretamente ao Irã, e em seu discurso pediu que sejam marcadas ''linhas vermelhas'' a Teerã e conter seu programa nuclear.

Ele reiterou que ''nada ameaça mais a paz mundial que um Irã com arma nuclear'' e lamentou que nem as sanções ou a diplomacia tenham impedido os esforços do Irã em obter armas nucleares.

Com isso, o esperado reatamento do processo de paz ficou em segundo plano, apesar dos vários apelos ouvidos na Assembleia Geral em prol da existência de dois Estados, como disseram o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Em todo caso, a postura sobre o Estado palestino mostrada por Israel, apoiado pelos Estados Unidos, é rejeitar qualquer reconhecimento da Palestina como Estado ao entender que isso só deve ser estabelecido em um processo negociador entre as partes em conflito.

Por sua vez, o movimento islamita Hamas, que governa na Faixa de Gaza, advertiu que a solicitação de Abbas é uma ação não pactuada, que definiu como ''um passo solitário, um salto no ar que não terá nenhuma repercussão política'', segundo um comunicado.

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