Na Flórida, vacinação de turistas e pessoas sem documentos é liberada
Medida abre caminho para a imunização de pessoas sem documentos e facilita o "turismo da vacina" no estado americano
AFP
Publicado em 30 de abril de 2021 às 18h52.
Última atualização em 30 de abril de 2021 às 19h04.
Maiores de 16 anos podem se vacinar na Flórida a partir desta sexta-feira sem apresentar comprovante de residência, anunciaram autoridades de saúde, o que abre caminho para a imunização de pessoas sem documentos e facilita o "turismo da vacina" no estado americano.
Para responder à chegada de turistas ávidos pela imunização em janeiro, quando as vacinas contra a covid-19 ainda eram escassas, a Flórida havia imposto a apresentação de comprovante de residência para liberar a aplicação do imunizante. A medida afetou as pessoas sem documentos, muitas das quais não possuem habilitação, contratos ou contas no próprio nome, o que levou legisladores e ativistas a pedir ao governador, Ron DeSantis, que eliminasse essa barreira.
Agora que mais de 6 milhões de pessoas já se vacinaram no estado e a demanda é menor, o Departamento de Saúde anunciou na noite de ontem que reverteu sua decisão de janeiro, e que as vacinas estarão disponíveis "para todos que sejam residentes ou estejam na Flórida com o propósito de oferecer bens ou serviços em benefício dos residentes e visitantes do estado".
As pessoas sem documentos poderão se vacinar apenas indicando verbalmente que vivem ou prestam serviço no estado. A prefeita de Miami-Dade, Daniella Levine-Cava, democrata, comemorou hoje a mudança: "É uma vitória para todos que chamamos de lar a nossa comunidade", tuitou.
A decisão, no entanto, também facilita o chamado "turismo da vacina", que o obstáculo imposto em janeiro pretendia conter. "Os benefícios de abrir a vacinação para os sem-documentos são muito maiores do que a necessidade de limitá-la para evitar os turistas", defendeu Guadalupe de la Cruz, da ONG de justiça social American Friends Service Committee, da Flórida.
A restrição anterior não impedia turistas de se vacinarem na Flórida. Desde janeiro, latino-americanos burlavam de forma criativa a necessidade do comprovante de residência, apresentando contas bancárias com endereço nos Estados Unidos ou contratos temporários de aluguel pelo site Airbnb, por exemplo, que eram posteriormente cancelados.
Há uma semana, o prefeito de North Miami Beach, Anthony DeFillipo, disse em transmissão ao vivo pelo Facebook com entrevistadores colombianos que sua cidade havia vacinado muitos turistas que apresentaram apenas o endereço do hotel ou do consulado de seu país. Seu aparente convite aos latinos para que viajassem a fim de se vacinar foi divulgado com entusiasmo pela imprensa da região, e na última segunda-feira a cidade teve de desfazer "o mal-entendido", segundo o jornal local Miami Herald.
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