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Na Espanha, juiz aceita recurso e infanta não terá que depor

Cristina foi convocada a depor no âmbito de uma investigação por corrupção, mas a Procuradoria não vê indícios de envolvimento da infanta

Infanta Cristina: De 2004 a 2006, Urdangarin foi presidente do Instituto Nóos, uma organização sem fins lucrativos, pela qual teria circulado o dinheiro público e de cujo conselho diretor Cristina fazia parte. (©afp.com / Nicholas Kamm)

Infanta Cristina: De 2004 a 2006, Urdangarin foi presidente do Instituto Nóos, uma organização sem fins lucrativos, pela qual teria circulado o dinheiro público e de cujo conselho diretor Cristina fazia parte. (©afp.com / Nicholas Kamm)

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Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2013 às 17h16.

Madri - O juiz de instrução José Castro de Palma de Mallorca deferiu nesta sexta-feira o recurso da Procuradoria Anticorrupção, que isenta a filha do rei espanhol, infanta Cristina, de depor na Justiça, em meio ao mais grave escândalo que abala a monarquia.

Na última quarta-feira, Cristina foi convocada a depor em 27 de abril, no âmbito de uma investigação por corrupção, mas a Procuradoria não vê indícios de envolvimento da infanta.

Principal ator de uma delicada batalha judicial, o juiz Castro, com reputação de ser firme e incorruptível, investiga desde 2011 a suposta malversação de milhões de euros por parte do marido de Cristina, Iñaki Urdangarin, e um ex-sócio.

O juiz, que reuniu um sumário monumental de 42 mil páginas, considera "inevitável que Dona Cristina de Borbón y Grecia preste depoimento". Loira e sorridente, Cristina, de 47 anos, é a sétima na linha de sucessão ao trono da Espanha.

No auto judicial, Castro declara que a infanta é suspeita de "cooperação", ou "pelo menos de cumplicidade" por "seu consentimento a que seu parentesco com o rei fosse usado por seu marido".

De 2004 a 2006, Urdangarin foi presidente do Instituto Nóos, uma organização sem fins lucrativos, pela qual teria circulado o dinheiro público e de cujo conselho diretor Cristina fazia parte.

O procurador Pedro Horrach, que é descrito pela imprensa espanhola como imparcial e obstinado, considera que não existe qualquer indício que permita abrir uma ação judicial contra a filha do monarca.


Em seu recurso, Horrach avalia que "a acusação de uma pessoa de fatos que, a priori, não apresentam indícios criminosos, significa, no mínimo, um tratamento discriminatório".

"De toda a intensa atividade investigativa realizada, somente se poderia ter extraído o fato inquestionável de que Dona Cristina de Borbón y Grecia figurava como membro da diretoria do Instituto Nóos e que seu nome aparecia no folheto de propaganda", afirma a Procuradoria, descrevendo uma investigação que levou a Justiça a solicitar cartas rogatórias "em Andorra, em Luxemburgo e na Suíça".

A Casa Real manifestou "sua surpresa" com a intimação da infanta. Há meses, tenta-se blindar o núcleo da família real, mantendo distanciamento de Urdangarin e multiplicando os esforços de transparência.

Nesta sexta-feira, a Casa Real anunciou que estará incluída na futura Lei sobre Transparência das entidades públicas na Espanha, em tramitação no Parlamento. A assessoria real garante que não se trata de uma resposta à intimação de Cristina.

Depois dos problemas de saúde do monarca, de 75 anos, de sua polêmica viagem a Botsuana para caçar elefantes em 2012 (pela qual teve de pedir desculpas ao país) e das revelações feitas pelo ex-sócio de Urdangarin, Diego Torres, esse novo golpe foi a gota d"água no escândalo real.


A monarquia "está passando, talvez, pelo pior momento de que se tem memória" desde a chegada de Juan Carlos ao trono, após a morte do ditador Francisco Franco em 20 de novembro de 1975, analisa o professor de Sociologia da Universidade Complutense de Madri Fermín Bouza.

Mesmo enfraquecido, o rei descarta por enquanto a hipótese de abdicar do trono, com o risco de deixar, segundo analistas, uma herança ainda mais pesada para seu filho Felipe.

"A situação é extremamente grave. Se ele quiser conservar a monarquia, muita gente acha, inclusive eu, que é o momento, mesmo em plena crise, de seu filho e sua nora, a princesa Letizia, aparecerem", acrescentou Bouza. Segundo o professor, quanto mais tempo passar, maiores as chances de o escândalo respingar nos demais membros da família real.

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