Na Arábia Saudita, boom da ginástica feminina desafia normas
O número crescente de academias exclusivas para mulheres mostra um negócio em expansão e faz parte de uma abertura gradual na vida das mulheres sauditas
Da Redação
Publicado em 5 de novembro de 2015 às 09h42.
Com as janelas tapadas e um letreiro minúsculo, o centro de treinamento físico NuYu, em Riade, parece abandonado para quem olha da rua. Mas por dentro há muito movimento, com mulheres sauditas tirando suas abayas pretas, revelando modelitos atléticos coloridos e pedalando furiosamente em um estúdio de spinning de decoração burlesca.
Fundada pela filha de um príncipe herdeiro da Arábia Saudita , a academia exemplifica as tensões inerentes à boa forma das mulheres na maior economia do mundo árabe e berço do Islã .
O número crescente de academias exclusivas para mulheres no reino mostra um negócio em expansão e faz parte de uma abertura gradual na vida das mulheres em um momento em que elas estão ingressando no mercado de trabalho em maior número e estão expostas a outras culturas por meio das redes sociais e de viagens.
Ao mesmo tempo, as academias têm dificuldades com as licenças e precisam se mover com cuidado devido aos conservadores religiosos.
Desde a inauguração, em 2012, a NuYu se espalhou por três endereços com quase 4.000 membros e não consegue dar conta da demanda, disse a CEO Susan Turner. As redes internacionais Gold’s Gym e Curves têm filiais no país para mulheres e a guru saudita da boa forma, Fatima Batook, planeja abrir 20 estúdios de spinning femininos nos próximos cinco anos.
“Existe um mercado enorme”, disse Batook, que também criou uma linha de roupas esportivas para mulheres, a TIMA. “Nós ainda precisamos de muito mais”.
Mudança de atitude
Na Arábia Saudita, onde a polícia religiosa impõe a segregação de gêneros, o desemprego entre as mulheres é de 32,8 por cento e há poucas atividades sociais fora da família. Uma pesquisa de 2013 apontou que três quartos das mulheres sauditas realizavam pouca ou nenhuma atividade física e que um terço era obesa.
A própria Batook costumava estar acima do peso. Ela disse que começou a fazer exercícios e se capacitou como instrutora de spinning como parte de uma “transformação pessoal”. A ideia de uma treinadora saudita mulher era tão nova que os estudantes a abordavam falando em inglês, presumindo que ela fosse estrangeira, contou ela.
A prática de exercícios físicos entre as mulheres ainda é vista com desconfiança pelos conservadores religiosos do reino. O xeque Abdullah Al Manea, membro do Conselho dos Sábios da Arábia Saudita, disse ao jornal on-line Sabq em 2011 que a prática de esportes é um perigo para a honra das mulheres.
No ano passado, quando o Conselho da Shoura, um órgão de aconselhamento, apoiou a introdução de esportes para meninas em escolas públicas, os vigilantes religiosos se manifestaram contra a proposta.
“Algumas pessoas ainda veem isso como algo proibido, por isso somos muito cuidadosos em relação à forma de vender o serviço, em relação a como nos posicionamos”, disse Turner, uma britânica que foi para a Arábia Saudita para ajudar a montar a NuYu. A academia interrompe a música durante os horários das orações e as janelas cobertas e um aviso que alerta os homens a se afastarem proporciona às mulheres a privacidade necessária para tirarem seus véus.
“Naquilo que podemos ser respeitosas nós somos, mas sempre haverá alguém que discordará”, disse Turner.
Com um tímido impulso do governo, as atitudes estão mudando. O Ministério da Saúde está realizando uma campanha nacional para aumentar a conscientização em relação à alimentação saudável e aos exercícios. Em 2012, pela primeira vez, a Arábia Saudita enviou duas atletas mulheres aos Jogos Olímpicos, realizados em Londres.
Ambiente desafiador
Apesar de atualmente ser fácil encontrar uma academia para mulheres em Riade, muitas operam em um limbo jurídico. A falta de uma licença específica para centros de ginástica femininos é um desafio, disseram proprietárias de academias. A NuYu, fundada pela princesa Sara bint Mohammed Al Saud, é licenciada como um centro feminino.
“Ainda não existe um órgão regulatório para as academias femininas”, disse Turner. Batook disse que está trabalhando com a Presidência Geral do Bem-Estar Juvenil, que licencia as academias masculinas, para desenvolver diretrizes para os centros de ginástica femininos.
Algumas academias que operam como spas ou salões de beleza correm o risco de entrarem em conflito com as autoridades, que já fecharam centros de ginástica femininos por operarem sem licenças. Mas com a demanda crescente, as empresas se sentem suficientemente seguras para investir na expansão. Turner disse que a NuYu tem “enormes planos de crescimento”.
Com as janelas tapadas e um letreiro minúsculo, o centro de treinamento físico NuYu, em Riade, parece abandonado para quem olha da rua. Mas por dentro há muito movimento, com mulheres sauditas tirando suas abayas pretas, revelando modelitos atléticos coloridos e pedalando furiosamente em um estúdio de spinning de decoração burlesca.
Fundada pela filha de um príncipe herdeiro da Arábia Saudita , a academia exemplifica as tensões inerentes à boa forma das mulheres na maior economia do mundo árabe e berço do Islã .
O número crescente de academias exclusivas para mulheres no reino mostra um negócio em expansão e faz parte de uma abertura gradual na vida das mulheres em um momento em que elas estão ingressando no mercado de trabalho em maior número e estão expostas a outras culturas por meio das redes sociais e de viagens.
Ao mesmo tempo, as academias têm dificuldades com as licenças e precisam se mover com cuidado devido aos conservadores religiosos.
Desde a inauguração, em 2012, a NuYu se espalhou por três endereços com quase 4.000 membros e não consegue dar conta da demanda, disse a CEO Susan Turner. As redes internacionais Gold’s Gym e Curves têm filiais no país para mulheres e a guru saudita da boa forma, Fatima Batook, planeja abrir 20 estúdios de spinning femininos nos próximos cinco anos.
“Existe um mercado enorme”, disse Batook, que também criou uma linha de roupas esportivas para mulheres, a TIMA. “Nós ainda precisamos de muito mais”.
Mudança de atitude
Na Arábia Saudita, onde a polícia religiosa impõe a segregação de gêneros, o desemprego entre as mulheres é de 32,8 por cento e há poucas atividades sociais fora da família. Uma pesquisa de 2013 apontou que três quartos das mulheres sauditas realizavam pouca ou nenhuma atividade física e que um terço era obesa.
A própria Batook costumava estar acima do peso. Ela disse que começou a fazer exercícios e se capacitou como instrutora de spinning como parte de uma “transformação pessoal”. A ideia de uma treinadora saudita mulher era tão nova que os estudantes a abordavam falando em inglês, presumindo que ela fosse estrangeira, contou ela.
A prática de exercícios físicos entre as mulheres ainda é vista com desconfiança pelos conservadores religiosos do reino. O xeque Abdullah Al Manea, membro do Conselho dos Sábios da Arábia Saudita, disse ao jornal on-line Sabq em 2011 que a prática de esportes é um perigo para a honra das mulheres.
No ano passado, quando o Conselho da Shoura, um órgão de aconselhamento, apoiou a introdução de esportes para meninas em escolas públicas, os vigilantes religiosos se manifestaram contra a proposta.
“Algumas pessoas ainda veem isso como algo proibido, por isso somos muito cuidadosos em relação à forma de vender o serviço, em relação a como nos posicionamos”, disse Turner, uma britânica que foi para a Arábia Saudita para ajudar a montar a NuYu. A academia interrompe a música durante os horários das orações e as janelas cobertas e um aviso que alerta os homens a se afastarem proporciona às mulheres a privacidade necessária para tirarem seus véus.
“Naquilo que podemos ser respeitosas nós somos, mas sempre haverá alguém que discordará”, disse Turner.
Com um tímido impulso do governo, as atitudes estão mudando. O Ministério da Saúde está realizando uma campanha nacional para aumentar a conscientização em relação à alimentação saudável e aos exercícios. Em 2012, pela primeira vez, a Arábia Saudita enviou duas atletas mulheres aos Jogos Olímpicos, realizados em Londres.
Ambiente desafiador
Apesar de atualmente ser fácil encontrar uma academia para mulheres em Riade, muitas operam em um limbo jurídico. A falta de uma licença específica para centros de ginástica femininos é um desafio, disseram proprietárias de academias. A NuYu, fundada pela princesa Sara bint Mohammed Al Saud, é licenciada como um centro feminino.
“Ainda não existe um órgão regulatório para as academias femininas”, disse Turner. Batook disse que está trabalhando com a Presidência Geral do Bem-Estar Juvenil, que licencia as academias masculinas, para desenvolver diretrizes para os centros de ginástica femininos.
Algumas academias que operam como spas ou salões de beleza correm o risco de entrarem em conflito com as autoridades, que já fecharam centros de ginástica femininos por operarem sem licenças. Mas com a demanda crescente, as empresas se sentem suficientemente seguras para investir na expansão. Turner disse que a NuYu tem “enormes planos de crescimento”.