O chanceler alemão Olaf Scholz: extrema-direita Alternativa para a Alemanha toma a frente dos Social-democratas (Kappeler/Getty Images)
Repórter
Publicado em 9 de junho de 2024 às 13h35.
Última atualização em 9 de junho de 2024 às 13h48.
Os Social-democratas de Olaf Scholz enfrentaram um revés histórico nas eleições para o Parlamento Europeu, caindo para o terceiro lugar atrás da extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD).
Segundo uma pesquisa de boca de urna divulgada pela ARD, a aliança conservadora CDU/CSU obteve 29,5% dos votos, enquanto a AfD alcançou 16,5% e o SPD ficou com 14%. Os Verdes e os Democratas Livres, que também fazem parte da coalizão governista, registraram 12% e 5%, respectivamente.
Essas eleições, que começaram na quinta-feira na Holanda e se encerraram no domingo, definem a nova composição do Parlamento Europeu e influenciarão a escolha dos líderes para os principais cargos da União Europeia, como os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu.
O resultado fraco dos partidos da coalizão de Scholz reflete a dificuldade crescente do governo alemão em exercer liderança na política europeia. O apoio aos partidos governistas em Berlim caiu para aproximadamente 35%, uma queda significativa em comparação aos mais de 50% das eleições de 2021.
Apesar do crescimento da extrema-direita, espera-se que os partidos centristas de esquerda e direita mantenham a maioria no Parlamento Europeu, proporcionando continuidade em políticas cruciais em um momento de grandes incertezas geopolíticas, como a guerra na Ucrânia e a assertividade crescente da China.
A União Europeia tem desafios significativos pela frente, incluindo a sustentabilidade fiscal, investimentos em tecnologias verdes, competitividade industrial e fortalecimento da defesa. A possível volta de Donald Trump à presidência dos EUA pode afetar áreas como comércio e políticas ambientais.
Com a extrema-direita ganhando mais cadeiras em relação às últimas eleições, questões como a imigração podem ganhar destaque na agenda política, enquanto as metas climáticas da UE podem enfrentar mais resistência.
Na Alemanha, a AfD conseguiu se fortalecer mesmo após recentes escândalos de suborno e espionagem. A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), formada este ano após uma cisão do partido de esquerda, obteve 5,5% dos votos.
Na Holanda, o conservador Geert Wilders também registrou ganhos, embora não tenha conquistado a maioria dos assentos no Parlamento Europeu, que ficaram com uma coalizão de partidos de esquerda.
Cerca de 360 milhões de eleitores estavam aptos a votar nos 720 parlamentares que representarão a UE pelos próximos cinco anos, sendo 96 da Alemanha. A maioria dos 27 países membros realizou a votação no domingo, com resultados divulgados ao longo da noite. Na França, os resultados são esperados após as 20h, horário local.
A próxima eleição nacional na Alemanha está marcada para o primeiro semestre de 2025. Os partidos governistas deverão enfrentar novos desafios nas eleições regionais de setembro nos estados da Turíngia, Saxônia e Brandemburgo, onde a AfD lidera nas pesquisas, mas dificilmente formará governo, já que os outros partidos descartaram alianças com ela.