A economia americana apresentou uma forte desaceleração no último trimestre de 2005, frustrando as expectativas do mercado. O PIB cresceu apenas 1,1%, em termos anualizados, bem abaixo das projeções de 3% divulgadas pelos economistas. O desempenho já desperta, inclusive, preocupações sobre o comportamento da economia em 2006. Os números contrastam com os da China, por exemplo. Nesta semana, o governo de Pequim informou que o país cresceu 9,9% no ano passado, apesar dos esforços para conter a expansão.

Pelo lado da demanda, os gastos das empresas americanas foram o que mais prejudicou o resultado trimestral. Os investimentos em capital fixo cresceram apenas 2,8%, contra os 8,5% do trimestre anterior. Já os gastos com software e equipamentos subiram 3,5%.

Os dados causaram um certo desapontamento entre os analistas, segundo o jornal britânico Financial Times, após a divulgação das encomendas de bens duráveis ter sugerido um crescimento da atividade industrial, nesta quinta-feira (26/1). Os números anunciados nesta sexta-feira (27/1) ainda são preliminares, mas, mesmo uma revisão não deve alterá-los muito.

"O cenário para 2006 era de uma leve desaceleração do consumo, porém com os investimentos empresariais ainda crescendo fortemente. Mas, se os gastos das empresas também desacelerarem, cairemos num grande problema", afirma Nigel Gault, analista-chefe da consultoria Global Insight.

A desaceleração do consumo ainda é o cenário mais provável neste ano, segundo os economistas, pois os Estados Unidos já exibem níveis sem precedentes de inadimplência, baixas taxas de expansão da poupança e preocupações sobre uma eventual freada do mercado imobiliário.

Os gastos públicos também contribuíram para o fraco crescimento do PIB no quarto trimestre. Na área de Defesa, por exemplo, os dispêndios foram 13,1% menores, quando comparados com o trimestre anterior.