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Mutação do coronavírus gera restrições especiais para 280 mil na Dinamarca

Mutação não tem consequências mais graves para os humanos, mas pode reduzir a eficácia de seus anticorpos, colocando em risco a criação de uma vacina

Testes para diagnósticos da covid-19. (Wolfgang Rattay/REUTERS/Reuters)

Testes para diagnósticos da covid-19. (Wolfgang Rattay/REUTERS/Reuters)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 5 de novembro de 2020 às 18h16.

Última atualização em 5 de novembro de 2020 às 19h05.

A Dinamarca anunciou, nesta quinta-feira (5), restrições específicas para mais de 280.000 habitantes do noroeste do país, visando impedir novos contágios de uma mutação do coronavírus proveniente de visons, o que poderia, segundo Copenhague, ameaçar a eficácia de uma futura vacina para os humanos.

A partir desta noite, os cidadãos de sete comunas do norte de Jutlândia devem permanecer em suas próprias cidades para impedir a propagação da infecção. Pedimos que façam algo realmente extraordinário, um verdadeiro fechamento dessas áreas. Os olhos do mundo estão voltados para nós.

Mette Frederiksen, primeira-ministra da Dinamarca

As cidades afetadas (Laesø, Frederikshavn, Hjørring, Brønderslev, Jammerbugt, Thisted e Vesthimmerland) estão localizadas no extremo norte de Jutlândia, no oeste da Dinamarca, com 288.000 habitantes. Tanto dinamarqueses quanto estrangeiros não poderão viajar para essa região, onde restaurantes e bares deverão fechar a partir de sábado. Os transportes públicos serão interrompidos. Trens e ônibus que entram e saem desses municípios também serão paralisados. Os alunos do ensino médio passarão a ter aulas online a partir de segunda-feira.

A Dinamarca, primeiro exportador mundial de peles de vison, gerou preocupação na quarta-feira ao anunciar o sacrifício de todos esses animais no país - mais de 15 milhões -, após descobrir essa mutação transmissível ao ser humano e que foi descoberta em 12 pessoas, 11 delas habitantes dessa região e uma em outra área.

A mutação de um vírus é normal, segundo os cientistas. Mas determinar as consequências concretas desse fenômeno é complexo. Os especialistas pediram na quarta-feira às autoridades dinamarquesas que comuniquem os detalhes científicos dessa mutação. Outras mutações de covid-19 têm sido detectadas entre os visons, mas esta do "Cluster 5" preocupa as autoridades dinamarquesas.

Segundo as primeiras explicações das autoridades, essa mutação não tem consequências mais graves para os humanos. No entanto, reduz a eficácia de seus anticorpos, o que põe em risco a criação de uma vacina contra a covid-19, que diversos laboratórios estão desenvolvendo em todo o mundo.

Cinco por cento dos doentes na Jutlândia do Norte poderia ter este "Cluster 5", cuja cepa foi identificada no começo da semana, mas nenhum caso foi detectado recentemente. Segundo Viggo Andreasen, professor de epidemiologia da Universidade de Roskilde, esta mutação "tem muitas probabilidades" de desaparecer, com a condição de ser combatida de forma eficaz. No entanto, "pode levar tempo", cerca de "um mês", declarou à agência dinamarquesa Ritzau.

Consultada pela AFP, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que acompanha a situação de perto. A Dinamarca teve relativamente poucos casos de covid-19 e apenas 733 óbitos. As autoridades já haviam decretado novas restrições nacionais no final de outubro para frear este crescimento muito rápido da doença.

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