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Mundo bate recorde de 76 milhões de pessoas que precisaram abandonar suas casas devido a conflitos

Ao contrário dos refugiados, que fogem para o exterior, os 'deslocados internos' permanecem no seu país, mas são obrigados a abandonar suas casas

Crianças palestinas perto de campo de refugiados em Rafah, sul da Faixa de Gaza, em 30 de março de 2024 (AFP/AFP)

Crianças palestinas perto de campo de refugiados em Rafah, sul da Faixa de Gaza, em 30 de março de 2024 (AFP/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 14 de maio de 2024 às 08h57.

Os conflitos em Gaza, Sudão e República Democrática do Congo (RDC) aumentaram o número de deslocados internos no mundo ao nível recorde de 75,9 milhões no final de 2023, anunciou o Centro de Monitoramento de Deslocamentos Internos (IDMC, na sigla em inglês).

O número de pessoas deslocadas aumentou 50% nos últimos cinco anos, afirmou a ONG em seu relatório anual publicado nesta terça-feira, 14, na cidade suíça de Genebra. No final de 2022, o mundo registrava 71,1 milhões de deslocados internos, segundo o IDMC.

Ao contrário dos refugiados, que fogem para o exterior, os deslocados internos permanecem no seu país, mas são obrigados a abandonar suas casas. A violência e os conflitos são os principais fatores dos deslocamentos forçados (68,3 milhões), enquanto as catástrofes obrigaram 7,7 milhões de pessoas a abandonar suas casas.

Nos últimos cinco anos, o número de pessoas deslocadas devido à violência e aos conflitos aumentou em 22,6 milhões. As altas mais expressivas aconteceram em 2022 e 2023. Com 9,1 milhões de deslocados, o Sudão tem o maior número de pessoas nesta situação desde que o IDMC iniciou o balanço em 2008. O IDMC destaca que metade das pessoas deslocadas vivem na região da África subsaariana.

"Nos últimos dois anos, constatamos um número alarmante de pessoas obrigadas a fugir das suas casas devido a conflitos e à violência, inclusive em regiões onde a tendência parecia melhorar", declarou Alexandra Bilak, diretora do IDMC. "Os conflitos e a destruição provocados impedem que milhões de pessoas reconstruam suas vidas, muitas vezes durante anos", acrescentou.

"Veredito contundente"

A ONG não monitora apenas o número de pessoas deslocadas, mas também o número de vezes que os cidadãos afetados precisam mudar de abrigo dentro das fronteiras de seu país. Como exemplo, na cidade de Rafah, em Gaza, alvo de ordens de evacuação parcial do Exército israelense, alguns moradores já acumulam cinco ou seis deslocamentos internos, afirmou a ONG na semana passada.

Em 2023, o IDMC registrou 46,9 milhões de deslocamentos forçados de pessoas: 20,5 milhões devido aos conflitos e à violência e 26,4 milhões por culpa de catástrofes naturais. Os conflitos no Sudão, na RDC e nos Territórios Palestinos provocaram quase dois terços dos deslocamentos forçados motivados pela violência em 2023.

Na Faixa de Gaza, no final do ano passado havia 1,7 milhão de deslocados, mas o número de deslocamentos em 2023 foi o dobro (3,4 milhões). A guerra começou em outubro com o ataque sem precedentes do movimento islamista palestino Hamas contra o sul de Israel, que respondeu com uma campanha aérea e terrestre contra a Faixa de Gaza.

Ao longo do ano passado, o conflito entre dois generais rivais no Sudão provocou seis milhões de deslocamentos forçados, número que supera o total registrado nos 14 anos anteriores no país. Este é o segundo número mais elevado de deslocamentos forçados em um ano, superado apenas pelos 16,9 milhões registrados na Ucrânia em 2022, quando começou a invasão das tropas da Rússia.

Dos 26,4 milhões de deslocamentos forçados provocados por catástrofes, um terço aconteceu na China e na Turquia devido a fenômenos meteorológicos violentos e terremotos de grande magnitude. "Nunca registramos tantas pessoas forçadas a abandonar suas casas e comunidades. É um veredito contundente das falhas na prevenção de conflitos e na promoção da paz", afirmou o diretor do Conselho Norueguês para os Refugiados, Jan Egeland. Esta ONG criou o IDMC em 1998.

"O sofrimento e os deslocamentos perduram mais do que o ciclo atual. Com muita frequência, a situação é enfrentada com silêncio e negligência. A falta de proteção e assistência sofrida por milhões de pessoas não pode continuar", disse Egeland.

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