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Este país árabe é mais igualitário do que o Brasil

Para a surpresa de muitos, os Emirados Árabes Unidos é referência em igualdade de gênero em educação e no mercado de trabalho

Muçulmana trabalhando na WorldSkills 2015, a maior competição de profissões técnicas do mundo (Divulgação/ WorldSkills)

Muçulmana trabalhando na WorldSkills 2015, a maior competição de profissões técnicas do mundo (Divulgação/ WorldSkills)

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Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2015 às 11h39.

Os Emirados Árabes Unidos são lembrados por suas construções majestosas e pelos inúmeros ricaços do petróleo. Mas, para a surpresa de muitos, o país também é referência em uma área em que o Brasil ainda engatinha: a igualdade de gênero na educação e no mercado de trabalho. Hoje em dia, mais mulheres completam o ensino superior do que os homens.

Apesar das associações entre islamismo e machismo, no país onde 98% da população é muçulmana, a educação é igualitária. Quem conta é a emiradense Salma Alameeri, de 19 anos, que veio de Dubai para participar da WorldSkills 2015, a maior competição de profissões técnicas do mundo, que acontece em São Paulo até este sábado (15). A competição é conhecida mundialmente como uma espécie de "Olimpíada" da profissão técnica.

Ela e sua colega Noora Alahmed, também de 19 anos, estão competindo na modalidade de Mecatrônica e são as únicas mulheres entre os concorrentes.

"Fiquei chocada quando olhei em volta e percebi que éramos as únicas meninas nesta modalidade", conta Salma. "Queremos mostrar aqui que as mulheres também podem fazer isso. Não apenas os homens."

Salma diz que ficou surpresa por ver poucas mulheres participando da competição, ainda mais nas áreas de Exatas, como Mecatrônica, Eletrônica, Construção e Tecnologia da Informação. Se para os brasileiros, tais cursos são preenchidos pela maioria masculina, no país de Salma e Noora, isso é bem diferente.

"Não vejo essa distinção em meu país. O número de meninas é igual ao de meninos [nesses cursos]", diz Noora. Após ambas fazerem curso técnico de Mecânica na escola, elas decidiram seguir carreiras de Exatas: Noora optou por Mecatrônica e Salma, por Engenharia Aeroespacial.

Elas contam que, em suas turmas de gradução, o número de meninas chega a superar o de meninos. Salma credita esse cenário ao apoio dado pelo Estado:

"O governo dá suporte [econômico] para nós e nos encoraja a seguirmos estas áreas. Eles dão suporte tanto para garotos quanto para as garotas. Eles constroem muitas escolas técnicas e universidades. É totalmente igual o suporte para mulheres e homens, não há distinção [de gênero]."

Desde 2010 o Ministério da Educação dos Emirados Árabes adotou um plano de educação voltado para o ensino técnico, focado nas áreas de Exatas e de negócios. Desde então, foram construídas escolas de nível médio e técnico e escolas de ensino profissionais. Atualmente, o país oferece educação gratuita a todos os estudantes, desde o pré-primário até a universidade.

O país conta também com Institutos Superiores de Tecnologia (HTC), que atuam em 12 estabelecimentos educacionais espalhados em várias cidades. Grande parte dos recursos provém da extração do petróleo, maior fonte de riqueza do país.

Mercado de trabalho

Segundo as meninas, assim como na educação, os salários e oportunidades são semelhantes para mulheres homens. Salma ficou espantada ao saber da disparidade salarial no Brasil, que hoje é de 30%.

Apesar das oportunidades e educação de qualidade, o mercado de trabalho árabe para as mulheres ainda apresenta deficiências. Um estudo conduzido pelo consultoria Strategy& mostrou que leis relacionadas à licença maternidade e inflexibilidade da carga horária desencorajam mulheres a seguirem suas carreiras.

Para incentivar mais mulheres a permanecerem no mercado de trabalho, é preciso haver mudanças em políticas, infraestrutura e na cultura. "Mulheres árabes precisam de locais de trabalho mais inclusivos e recursos empresariais focados para que possam atingir seu máximo potencial", diz o estudo.

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