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Mujica pede desculpas públicas a Cristina Kirchner

As recentes declarações do presidente uruguaio geraram mal-estar e um protesto da Argentina


	O presidente uruguaio, José Mujica: "esta velha é pior que o vesgo", disse Mujica sobre Cristina e Nestor Kirchner quando achou que o microfone estava desligado
 (Juan Mabromata/AFP)

O presidente uruguaio, José Mujica: "esta velha é pior que o vesgo", disse Mujica sobre Cristina e Nestor Kirchner quando achou que o microfone estava desligado (Juan Mabromata/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 08h43.

Montevidéu - O presidente do Uruguai, José Mujica, pediu nesta quinta-feira "sentidas desculpas" por suas polêmicas declarações sobre a governante argentina, Cristina Kirchner, e seu falecido marido, Néstor Kirchner, e as atribuiu à sua maneira de falar "áspera", resultado dos anos que passou na prisão.

"Devo pedir sentidas desculpas a quem magoei nos últimos dias por minhas declarações", afirmou o presidente do Uruguai em um programa de rádio em referência à frase "esta velha é pior que o vesgo", que foi captada pelos microfones quando ele achava que não era escutado.

Em seu espaço semanal na emissora de rádio "M24", Mujica justificou suas palavras pela linguagem "áspera" e "carcerária" que utiliza em seus círculos íntimos.

Mujica, de 78 anos, ficou preso por 14 anos, a maioria deles durante a ditadura uruguaia (1973-1985), por integrar a guerrilha tupamara, que combateu vários governos constitucionais nos 60 e 70.

"Não podemos evitar que nosso falar corrente e íntimo seja áspero, diria prontamente carcerário" porque "durante muitos anos passamos por quartéis" e "era preciso se comunicar adotando as formas dessa luta para sobreviver", argumentou.

Mujica, do partido esquerdista Frente Ampla, admitiu que o uso dessa linguagem "pouco tem a ver com a liberdade de imprensa".

Além de se desculpar, o líder dedicou palavras de carinho à nação vizinha e seus governantes.


A Argentina "sofre há anos" uma "campanha quase permanente" que afirma que o país "está caindo" e "a caminho de ser uma república paupérrima", disse. No entanto, esse país "cresceu muito e nunca teve um governo que fez tanto pelos conterrâneos como o atual", acrescentou Mujica, para quem os vizinhos "têm problemas, mas quem não tem?".

O chefe de Estado disse ter "tentado fazer todo o possível para sustentar uma relação que leve em conta os interesses econômicos do povo que trabalha".

Mujica afirmou que "há medidas argentinas" que "afetam" os uruguaios, em relação a decisões do governo de Cristina Kirchner para controlar as importações e a saída de dólares do país. No entanto, o governante uruguaio ressaltou: "quando a Argentina vai bem, nós (uruguaios) nos beneficiamos, e quando eles vão mal, nós padecemos".

Em entrevista ao jornal local "La República", Mujica confirmou que vai enviar uma carta a Cristina Kirchner para explicar seus polêmicos comentários, mas não detalhou o conteúdo da mesma, argumentando preferir que "a senhora presidente seja quem a torne pública, se o considerar conveniente".

As tensões entre os dois países começaram há uma semana, depois que um microfone aberto em entrevista coletiva captou uma fala do presidente do Uruguai na qual dizia a um interlocutor: "esta velha é pior que o vesgo. O vesgo era mais político. Esta é obstinada". Mujica citava assim Néstor Kirchner (2003-2007) e sua viúva e sucessora no cargo, Cristina Kirchner.

No mesmo dia, a Chancelaria argentina lamentou em comunicado "profundamente" a declaração do líder uruguaio, que considerou "inaceitáveis", e informou que Cristina Kirchner não fará comentário algum a respeito. 

*Matéria atualizada às 12h48

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