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Mujica diz que aceita preso de Guantánamo incondicionalmente

Mujica disse que decisão de acolher presos de Guantánamo não é financeira, nem por conveniência e que, em troca, pediu a Obama, que liberte presos cubanos


	Bandeira dos Estados Unidos na base naval de Guantánamo: "Não há nenhum tipo de regra para fazer uma troca de qualquer maneira", afirmou Julissa Reynoso, embaixadora americana (Chantal Valery/AFP)

Bandeira dos Estados Unidos na base naval de Guantánamo: "Não há nenhum tipo de regra para fazer uma troca de qualquer maneira", afirmou Julissa Reynoso, embaixadora americana (Chantal Valery/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 08h33.

Montevidéu - O presidente do Uruguai, José Mujica, esclareceu nesta segunda-feira que aceitou o pedido dos Estados Unidos de acolher cinco presos de Guantánamo "incondicionalmente", depois que a embaixadora americana, Julissa Reynoso, negou que tivesse acordado uma "troca".

A decisão "não está condicionada" mas em "algum momento" podemos dizer aos EUA "de uma posição moral, que por favor tentem melhorar a relação com Cuba, que se lembrem do povo", disse Mujica em declaração à rádio uruguaia "El Espectador".

Na sexta-feira passada, Mujica disse em seu programa de rádio "Fala o Presidente" que sua decisão de acolher cinco presos de Guantánamo não é "por dinheiro", nem por "conveniência" e que, em troca, pediu ao presidente Obama, que liberte "dois ou três presos cubanos".

Aparentemente, o líder estava se referindo a três dos cinco cubanos condenados à prisão no país americano por espionagem ("O Grupo dos Cinco") e dos quais dois já foram libertados.

Nas últimas horas, a embaixadora americana em Montevidéu, Julissa Reynoso, especificou que a resposta afirmativa do Uruguai à solicitação do presidente Barack Obama não é fruto de "nenhuma troca".

"Não há nenhum tipo de regra para fazer uma troca de qualquer maneira", afirmou Reynoso, em declaração nesta segunda-feira ao "Canal 10" de televisão.

Reynoso acrescentou que "o gesto e a proposta atualmente é um ato humanitário, e ponto, para poder conduzir a mudança dessas pessoas a diferentes partes do mundo, sem qualquer condição ou de troca por algo".

Em seu diálogo desta segunda-feira com "El Espectador", Mujica disse hoje que a Casa Branca fixou a data de 12 de maio para uma entrevista a Obama, mas adiantou que tomará uma decisão sobre sua viagem aos EUA "quando esse assunto estiver encerrado" (a chegada dos presos de Guantánamo a Montevidéu).

"Hoje estou 80% decidido a não ir" porque "estamos em ano eleitoral, tudo é utilizado e acho que não será conveniente", acrescentou Mujica, da coalizão de esquerda Frente Ampla (FA).

No Uruguai haverá eleições internas em 1º de junho para definir os candidatos presidenciais de cada partido frente às eleições gerais de 26 de outubro, nas quais o FA sai como favorito, segundo pesquisas.

Mujica, de 78 anos, foi um dos líderes históricos do movimento guerrilheiro Tupamaros e ficou preso 13 anos e em duras condições antes e durante a ditadura que governou o Uruguai entre 1973 e 1985.

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