A seca aliada às políticas frágeis de distribuição de água na Síria fizeram com que 1,5 milhão de pessoas deixassem os campos em direção às cidades, por não conseguirem plantar (Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de março de 2015 às 13h38.
São Paulo - Uma estiagem causada pelo aquecimento global estimulou a guerra civil na Síria, segundo um estudo publicado na segunda-feira (2).
Usando dados meteorológicos, pesquisadores da universidade da Califórnia descobriram que a estiagem ocorrida entre 2007 e 2010 não foi natural, mas relacionada ao aquecimento global causado pelo homem no último século.
Apesar de a região ser historicamente propensa a períodos de estiagem, Colin Kelley, líder da equipe de cientistas que organizou o estudo, afirma que "uma seca tão severa tornou-se duas ou três vezes mais provável" graças à mudança climática gerada pelos gases do efeito estufa.
Os autores do estudo admitem que a guerra civil na Síria foi causada por outros fatores, como corrupção e desigualdade social. Mas os pesquisadores consideram que a estiagem teve um "efeito catalisador" para o conflito, que já matou 200 mil pessoas no país.
Estudos anteriores revelam que a seca, aliada às políticas frágeis de distribuição de água na Síria, fez com que 1,5 milhão de pessoas saíssem do campo em direção às grandes cidades do país, por não terem o que plantar.
O imenso fluxo migracional agravou a crise socioeconômica do país, que levou à revolução contra o presidente Bashar al-Assad, em 2011.
Essa não é a primeira vez que um estudo afirma que as mudanças climáticas estão relacionadas com conflitos armados.
No ano passado, a ONU alertou que as alterações no clima do planeta podem levar ao aumento de disputas por terras e recursos naturais. O Pentágono, também em 2014, afirmou que as mudanças climáticas são um "multiplicador de ameaças", que podem aumentar a instabilidade política no mundo.