Polícia do Paquistão: várias pessoas ficaram feridas em um tiroteio na cidade de Warai, no noroeste do país (Aamir Qureshi/AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de setembro de 2012 às 20h41.
Redação Central .- Os protestos contra o vídeo sobre a vida do profeta Maomé, considerado ofensivo pelos muçulmanos, voltaram a acontecer nesta segunda-feira em vários países do mundo islâmico, quase uma semana depois das manifestações violentas no Egito, Líbia e Iêmen.
Os incidentes mais graves aconteceram no Afeganistão e no Paquistão. Neste último, pelo menos uma pessoa morreu e várias ficaram feridas em um tiroteio na cidade de Warai, no noroeste do país.
Karachi - a capital econômica do Paquistão - voltou a ser cenário de protestos violentos, como o incêndio de quatro viaturas da polícia, um ônibus e um posto de gasolina na região de Numaish Churangui, no início da noite.
As manifestações em Cabul também foram intensas, já que milhares de muçulmanos saíram às ruas para protestar contra os Estados Unidos e para denunciar o que consideram uma cruzada ocidental contra o Islã.
Segundo explicou à Agência Efe o chefe da polícia afegã, Mohamad Ayub Salangui, cerca de 500 agentes ficaram feridos quando um grupo de manifestantes disparou contra as forças de ordem na rodovia que conduz à cidade de Jalalabad.
Na Indonésia, agentes antidistúrbios dispersaram com canhões de água e gás lacrimogêneo centenas de pessoas concentradas em frente à embaixada dos EUA em Jacarta, depois que duas grandes organizações radicais se juntaram aos protestos.
De acordo com a televisão estatal, pelo menos um agente ficou ferido após ser atingido por uma pedra e outros objetos lançados pelos manifestantes.
Na Índia, o grupo separatista muçulmano Khawateen Markaz liderou a manifestação na cidade de Srinagar, na Caxemira, em um protesto no qual foi queimado um cartaz com a bandeira americana.
As manifestações no Líbano foram as mais pacíficas. O próprio xeque Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, saiu de surpresa de seu refúgio para se unir durante meia hora ao protesto que percorreu o bairro de Dahia aos gritos de ''Morte aos EUA'' e ''Todos os nossos males vêm dos EUA''.
O clérigo, considerado um dos líderes mais influentes do islamismo xiita, aproveitou sua aparição nas ruas para advertir Washington que, caso o filme seja integralmente divulgado, ''haverá repercussões perigosas em todo o mundo''.
Rodeado por um grupo de guarda-costas e celebrado por milhares de libaneses com bandeiras amarelas, Nasrallah insistiu que ''nossa fúria não será passageira, é o nascimento de um movimento que deve continuar em toda a Umma (nação muçulmana)''.
No Azerbaijão, pelo menos 30 pessoas foram detidas quando a polícia investiu contra um grupo de manifestantes que estava concentrado, sem a permissão das autoridades, em frente à embaixada americana em Baku.
Enquanto cresce a ira no mundo muçulmano, os líderes ocidentais tentam conter uma maré de indignação que deixou a todos alarmados.
A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou nesta segunda-feira o seu desejo de que não seja exibido em seu país o vídeo anti-Islã e defendeu a necessidade de proteção das representações diplomáticas, que não devem reduzir suas atividades por conta das ameaças.
Sua recomendação foi ignorada pelo partido de extrema-direita ''Pro Deutschland'' que, poucas horas depois, colocou o vídeo polêmico em seu site, embora o acesso fosse bloqueado uma hora depois, aparentemente pelo próprio grupo.
O Pro Deutschland, partido nacionalista, minoritário, islamofóbico e contrário à construção de mesquitas na Alemanha, anunciou, além disso, seu propósito de exibir o vídeo em sua integridade em Berlim, no próximo mês de novembro.
No último sábado, o Google decidiu manter na internet o vídeo, apesar de uma solicitação da Casa Branca para retirá-lo do YouTube. A empresa bloqueou o acesso ao vídeo em países como a Índia, Indonésia, Líbia e Egito, por ordens judiciais e dos governos.
O presidente dos EUA, Barack Obama, voltou a insistir que a segurança das representações diplomáticas é prioridade em comunicado aos embaixadores de seu país.
A prioridade do presidente ''é trabalhar com sua equipe para obter mais informações'' dos distúrbios e protestos contra alvos americanos em vários países árabes ''e garantir que os diplomatas no exterior estejam a salvo'', afirmou Jen Psaki, porta-voz da campanha pela reeleição do democrata.
Uma tarefa árdua, já que se uniram aos protestos nas ruas vozes como a do Irã, que exige que os países muçulmanos processem os responsáveis pelo filme.