Aids: o avanço se explica, em grande parte, por uma melhor difusão do tratamento antirretroviral (foto/Divulgação)
AFP
Publicado em 20 de julho de 2017 às 10h03.
Última atualização em 20 de julho de 2017 às 13h47.
O vírus da aids levou à morte 1 milhão de pessoas em 2016, quase metade do 1,9 milhão registrado em 2005 - anuncia a ONU em um relatório anual divulgado nesta quinta-feira (20), destacando uma "virada decisiva".
Mais da metade das pessoas infectadas no mundo recebe tratamento, e o número de novas infecções pelo vírus HIV está em queda, ainda que a um ritmo muito lento para conseguir conter a epidemia, de acordo com dados divulgados antes da inauguração no próximo domingo (23), em Paris, de uma conferência internacional sobre a aids.
"O número de mortes relacionadas à aids passou de 1,9 milhão em 2005 para um milhão em 2016", apontou o UNAIDS, o programa de coordenação da ONU contra a aids, em seu informe anual sobre a situação da epidemia.
Esse avanço se explica, em grande parte, por uma melhor difusão do tratamento antirretroviral.
"Em 2016, 19,5 milhões de pessoas, do total de 36,7 milhões que vivem com HIV, tinham acesso a tratamento", ou seja, mais de 53%, segundo dados divulgados pelo programa.
"Nossos esforços deram resultado", comemorou o diretor-executivo do UNAIDS, Michel Sidibé, citado no informe.
"Mas nossa luta para pôr fim à aids está apenas começando. Vivemos tempos difíceis, e os avanços conquistados podem se apagar facilmente", advertiu.
Ao todo, 1,8 milhão de pessoas foram infectadas no ano passado, o que equivale a uma contaminação a cada 17 segundos, em média.
Este número registra uma queda constante ano após ano, excetuando-se um ligeiro aumento em 2014. Em 1997 alcançou a cifra recorde de 2,5 milhões de novas infecções.
Não obstante, o ritmo segue sendo muito lento para erradicar a epidemia e chegar ao objetivo marcado pela ONU para 2020 de 550.000 novas contaminações.
Desde o início da epidemia, no começo dos anos 1990, cerca de 76,1 milhões de pessoas contraíram o HIV e 35 milhões morreram, o equivalente à população de um país como o Canadá.
Ainda não existe vacina para o HIV ou um medicamento que cure a aids. As pessoas soropositivas devem fazer um tratamento com antirretrovirais durante a vida inteira para impedir que o vírus se propague.
Estes tratamentos são caros e têm efeitos colaterais, mas em longo prazo melhoraram o estado de saúde dos soropositivos e aumentaram a expectativa de vida.
Se não receberem tratamento, as pessoas infectadas desenvolvem a aids, o que enfraquece o sistema imunológico e as expõe a infecções. A tuberculose continuava sendo, em 2016, a principal causa de morte das pessoas com HIV.
Na América Latina, o número de mortes relacionadas ao vírus da aids diminuiu 12% entre os anos de 2010 e 2016.
Este progresso significativo é explicado graças a uma maior cobertura de tratamentos antirretrovirais que em 2016 chegou a 58% das pessoas infectadas.
No ano passado, 36.000 pessoas morreram na região por conta de doenças associadas à aids.
No total, 1,8 milhão de pessoas viviam com o HIV na América Latina em 2016. As novas infecções se mantiveram estáveis desde 2010 com cerca de 100.000 casos por ano.
Além da América Latina, a região do mundo que teve mais progressos são a África austral e oriental, onde vive mais da metade dos soropositivos do mundo.
As mortes relacionadas à aids nessa região caíram em 42% desde 2010 e as novas infecções 29%.
Mas a UNAIDS se impressiona com a explosão da epidemia na parte leste da Europa e na Ásia central, onde o número de mortes aumentou 27% em seis anos e as novas infecções em 60%.
A situação é particularmente preocupante em países como Rússia, Albânia, Armênia e Cazaquistão.