Mundo

Morte de Bin Laden se torna a melhor arma eleitoral para Obama

Operação concedeu a Obama uma distinção única: a de ser o presidente que conseguiu eliminar o terrorista mais procurado do mundo

''Medalha'' reluz periodicamente em discursos, fóruns e entrevistas, apresentada como prova quase irrefutável dos sucessos do governo de Obama (Getty Images)

''Medalha'' reluz periodicamente em discursos, fóruns e entrevistas, apresentada como prova quase irrefutável dos sucessos do governo de Obama (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2012 às 16h01.

Washington - A operação que acabou com a vida de Osama bin Laden se tornou há um ano a conquista mais palpável em política externa do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que começa agora a transformá-la no melhor slogan de sua campanha de reeleição.

Eram mais de 22h do domingo, dia 1º de maio, em Washington (início da segunda-feira em Brasília) quando a Casa Branca anunciou que Obama faria uma declaração à imprensa.

Poucos imaginavam que aquele breve anúncio precedia à notícia da morte do líder da rede terrorista Al Qaeda, principal alvo da ''guerra contra o terror'' lançada após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

A operação secreta coordenada de Washington e desdobrada em Abbottabad, no Paquistão, pelo grupo de operações especiais da Marinha americana (Seals) se mantém um ano depois como o momento que concedeu a Obama uma distinção única: a de ser o presidente que conseguiu eliminar o terrorista mais procurado do mundo.

Essa medalha reluz periodicamente em discursos, fóruns e entrevistas, apresentada como prova quase irrefutável dos sucessos do governo de Obama, especialmente quando seus adversários destacam suas perdas no plano econômico.

Embora a Casa Branca tenha cuidado para não abusar do tom triunfante, os assessores do presidente não deixaram de ver os juros políticos que ainda podem ser proporcionados pela famosa operação, e começam a integrá-la, lentamente, na campanha para a reeleição do presidente.


''Se você quer uma frase para fazer adesivos que resumam o que o presidente Obama conseguiu e o que herdou, é muito simples: Osama bin Laden morreu e a General Motors está viva'', disse na quinta-feira o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, em discurso em Nova York.

Biden se atreveu inclusive a lançar esse slogan contra o provável rival de Obama nas eleições de novembro, Mitt Romney, ao afirmar que, se for eleito presidente, o republicano ''poderia usar o mesmo slogan, mas ao contrário''.

Romney não tem experiência em política externa e foi muito crítico com o uso de fundos públicos para resgatar o gigante automobilístico.

A Casa Branca não divulgou ainda a agenda oficial de Obama para a próxima terça-feira, mas a expectativa é que o presidente lembre a data de uma forma ou de outra.

Não existe, no entanto, um grande temor por novos atentados terroristas que coincidam com o aniversário, já que as autoridades americanas não detectaram uma ameaça ''crível'', segundo disse à Agência Efe um alto funcionário do Departamento de Segurança.

Em qualquer caso, a advertência feita por Obama há um ano de que os EUA continuariam ''vigilantes'' permanece imutável, uma vez que, após eliminar o inimigo público número um do país, o aparelho de segurança nacional manteve o mesmo nível de alerta perante ameaças da Al Qaeda que não cessaram.


O que mudou é o clima das alianças dos EUA com o Paquistão, um parceiro fundamental na luta antiterrorista, e o Afeganistão, onde muitos veem ameaçada a data de retirada de tropas prevista pela Otan para 2014 devido às tensões entre Washington e Islamabad.

A batida contra Bin Laden esfriou inevitavelmente a relação com o Paquistão por ter ocorrido em seu território e sem seu conhecimento prévio, e a descoberta do terrorista em um local tão exposto, nos arredores de Islamabad, despertou por sua vez a suspeita dos EUA, que acredita que os responsáveis paquistaneses não só conheciam seu paradeiro, mas o protegeram.

Diante dessa tensão, que se manifestou em fatos como a detenção em junho no Paquistão de cinco colaboradores da CIA (agência de inteligência americana) que tinham ajudado a localizar Bin Laden, o governo de Obama intensificou a diplomacia para evitar que se escureça, pelo menos para a opinião pública do país, a boa imagem da operação.

À medida que se aproxima o aniversário, os meios de comunicação americanos são inundados com os detalhes mais minuciosos sobre uma operação que se explicava apenas com uma imagem: a dos rostos solenes da equipe de segurança nacional de Obama observando ao vivo o final de Bin Laden. 

Acompanhe tudo sobre:Barack ObamaEleições americanasOsama bin LadenPersonalidadesPolíticos

Mais de Mundo

Maduro afirma que começa nova etapa na 'poderosa aliança' da Venezuela com Irã

Presidente da Colômbia alega ter discutido com Milei na cúpula do G20

General norte-coreano é ferido em Kursk, diz jornal dos EUA

O que se sabe sobre o novo míssil balístico russo Oreshnik, usado em ataque na Ucrânia