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Morre preso político cubano após 50 dias em greve de fome

Oposição reclama que o governo proibiu que manifestantes participem do funeral de Wilmar Villar Mendoza

A oposição reclama da atuação do governo no funeral (Arquivo/AFP)

A oposição reclama da atuação do governo no funeral (Arquivo/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2012 às 17h15.

Havana- O corpo do preso político cubano Wilmar Villar Mendoza, que morreu na quinta-feira, depois de uma greve de fome de cerca de 50 dias, será sepultado nesta sexta-feira em sua cidade natal, enquanto a oposição denuncia a prisão de ativistas que pretendiam ir ao funeral. Os Estados Unidos lamentaram a morte do dissidente.

O corpo de Villar está sendo velado nesta sexta-feira em uma funerária da cidade de Contramaestre, na província de Santiago de Cuba, 900 km a sudeste de Havana, capital de Cuba,  e será sepultado em um cemitério local, segundo informou o opositor Elizardo Sánchez à AFP.

Segundo ele, que dirige a ilegal, mas tolerada, Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, algumas pessoas foram proibidas de velar o corpo de Mendoza. "Verificou-se um número indeterminado de detenções de opositores em Santiago de Cuba e províncias vizinhas, Guantánamo, Granma e Holguín, para evitar que as pessoas fossem ao funeral".

O dissidente José Daniel Ferrer, líder da União Patriótica de Cuba, grupo opositor a que pertencia Villar, foi impedido de ir ao velório. Ele acrescentou que "já foram presos mais de 30 opositores em Santiago de Cuba, Palmarito, Contramaestre, Palma Soriano, Moa e Holguín".

Villar deixou de ingerir alimentos em protesto pela condenação de quatro anos de prisão aplicada no dia 24 de novembro por um tribunal cubano, o que deteriorou sua saúde, culminando em sua morte na quinta-feira às 18H45 local (21H45 de Brasília), disse Sánchez.

Segundo ele, Villar passou vários dias em "estado crítico", em uma sala de cuidados intensivos do Hospital Clínico Cirúrgico de Santiago de Cuba, onde havia sido hospitalizado recentemente. "Ele foi transferido ao hospital depois de cerca de 50 dias em greve de fome", disse o ativista.


"A comissão considera que toda a responsabilidade moral, política e jurídica em relação à morte de Wilmar recai no governo de Cuba, já que ele se encontrava sob a custódia das autoridades", acrescentou Sánchez, ao ressaltar que se tratava de uma "morte evitável".

As autoridades cubanas não comentaram este caso, mas em um episódio incomum o blogueiro governista Yohandry, normalmente bem informado sobre o que acontece na ilha, escreveu em seu blog (www.yohandry.com) que Villar "morreu devido a uma falência múltipla de órgãos por infecção generalizada".

Os Estados Unidos lamentaram a morte de Wilmar Villar, chamando-o de "valente defensor dos direitos humanos", segundo comunicado divulgado por um porta-voz do Departamento de Estado."Sua morte destaca o contínuo problema da repressão política em Cuba", explicou o texto enviado à AFP por William Ostick, porta-voz para América Latina do Departamento de Estado.

Villar é o segundo preso político que falece em decorrência de greve de fome desde 2003, quando morreu em um hospital de Havana Orlando Zapata, de 42 anos, considerado "prisioneiro de consciência" pela organização de direitos humanos Anistia Internacional, após uma greve de 85 dias.

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