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Morales se diz aberto a fortalecer setor privado

Presidente reeleito na Bolívia tentou minimizar os medos de alguns empresários de que a Bolívia iria reiniciar uma nova onda de estatizações

O presidente da Bolívia, Evo Morales, concede entrevista à Reuters no palácio presidencial em La Paz, na Bolívia, nesta segunda-feira (David Mercado/Reuters)

O presidente da Bolívia, Evo Morales, concede entrevista à Reuters no palácio presidencial em La Paz, na Bolívia, nesta segunda-feira (David Mercado/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2014 às 21h48.

La Paz- O presidente Evo Morales, que conquistou uma grande vitória nas eleições de domingo na Bolívia, disse nesta segunda-feira que não planeja realizar novas nacionalizações nos setores de hidrocarbonetos, de mineração ou bancário, e que está disposto a fortalecer as empresas privadas se necessário.

Em entrevista à Reuters, a primeira depois da sua vitória na eleição, Morales, um antigo líder cocaleiro com um discurso anti-imperialista, tentou minimizar os medos de alguns empresários de que a Bolívia iria reiniciar uma nova onda de estatizações.

Durante quase uma década no poder, o mandatário estatizou empresas em setores importantes como hidrocarbonetos, telecomunicações e mineração como parte do seu modelo de "socialismo originário" que levou a economia a crescer em sólidas taxas e a tirar milhões de pessoas da linha da pobreza.

"Se há presença estrangeira (no setor de mineração) são sócios que prestam serviços. Se são sócios, não são donos, não há nada a ser nacionalizado", garantiu Morales, destacando que o setor de mineração privado é o que leva mais dinheiro ao tesouro.

"Nos bancos, nunca pensamos em estatizar. Temos negociado com bancos privados", acrescentou.

Apesar de muitos criticarem Morales pelo crescente papel do Estado na economia, o mandatário indígena conseguiu manter durante o seu governo uma grande disciplina fiscal que ajudou a trazer estabilidade a um país acostumado a décadas de vai e vem políticos e econômicos.

Aproveitando o auge do preço das matérias-primas, Morales financiou grandes obras de infraestrutura, a construção de escolas e de áreas esportivas.

Mas a tendência de baixa dos preços de produtos básicos poderia deixar a Bolívia, um país muito dependente das exportações de gás natural, com menos dinheiro nos cofres do país. Morales não descartou voltar aos mercados de capital no próximo ano após uma emissão de títulos da dívida bem-sucedida em agosto do ano passado.

"Se precisarmos de outras obras, aí sim vamos recorrer a títulos e empréstimos internacionais", comentou.

Ainda que Morales tenha se comprometido a continuar com seu modelo socialista e a manter um papel importante do Estado na economia, ele mandou uma mensagem mais conciliatória com o setor privado e reconheceu que está disposto a fortalecê-lo.

"Nunca vamos abandonar nossos princípios e nossos valores. Dentro desse quadro somos realistas, práticos. O que é preciso fazer? Se for preciso fortalecer as câmaras (de comércio), das empresas privadas, muito bem", acrescentou.

"O meu problema com as (empresas) privadas é que são tão pequenas perante as necessidades do povo e do Estado", acrescentou.

Durante os últimos tempos, Morales passou a ter que lidar com diversos protestos setoriais, além de reclamações sobre o funcionamento da Justiça e por melhoras no sistema de saúde pública.

Morales se comprometeu nesta segunda-feira a manter a cautela nas contas públicas. "Para cuidar da economia, às vezes é preciso enfrentar alguns setores sociais", disse.

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