Evo Morales: ex-presidente da Bolívia renunciou ao cargo após acusações de fraudes em eleições (Agustin Marcarian/Reuters)
AFP
Publicado em 13 de janeiro de 2020 às 06h48.
O ex-presidente boliviano Evo Morales disse neste domingo que, se voltar ao país, formará "milícias armadas do povo", como na Venezuela, ao relembrar de sua renúncia em novembro, depois de perder o apoio dos militares e da polícia por denúncias de fraude eleitoral.
Em declaração feita na Argentina, onde reside atualmente, à Rádio Kawsachum Coca (RKC), de propriedade do sindicato de produtores cocaleiros ao qual pertence, Morales disse que "em pouco tempo, se eu voltar (...), teria que organizar, como na Venezuela, milícias armadas do povo".
Morales considerou "um grande erro" não ter "um plano B" para defender seu governo, que caiu após um motim policial e a declaração pública de comando das Forças Armadas para que deixasse o cargo que ocupou por quase 14 anos.
"Por que esse golpe de Estado? Entre os movimentos sociais e o governo [que presidia] reconhecemos (...) que confiamos muito; um grande erro, não tínhamos um plano B", afirmou.
As declarações de Morales, sobre quem pesa um mandado de prisão emitido pelo Ministério Público boliviano após denúncia de "sedição e terrorismo", podem agravar o seu caso, disse Israel Alanoca, vice-ministro do governo de Jeanine Áñez.
Seu principal rival nas eleições de outubro, o ex-presidente Carlos Mesa tuitou que Morales "primeiro queria cercar as cidades e agora sugere armar grupos irregulares e violentos para enfrentar os bolivianos e as Forças Armadas".
Mesa se referiu, assim, à acusação do governo de Áñez sobre um áudio atribuído a Morales, onde uma voz instrui um líder cocaleiro a sitiar as cidades e bloquear o suprimento de comida.
"Essas ameaças recorrentes mostram as verdadeiras intenções de Morales", disse Mesa.