Genebra - A eliminação da hepatite viral, que a cada ano causa 1,4 milhão de mortes, pode ser conseguida com a mobilização dos recursos técnicos, financeiros e de capacitação, disse nesta quinta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS).
"É possível eliminar a hepatite viral. Estamos pedindo aos líderes do mundo para perceberem que esse é o momento de aplicar as medidas necessárias para acabar com a hepatite, porque agora podemos realmente eliminá-la", afirmou em coletiva de imprensa o médico Samuel So, diretor do Centro Asiático do Fígado e especialista da OMS.
"Estamos em um momento de muita empolgação porque finalmente temos os tratamentos necessários. Remédios que provaram que 90% dos doentes que tomaram foram curados. Devemos atuar agora para mudar a dinâmica", afirmou por sua vez Stefan Wiktor, diretor do Programa Mundial de Hepatite da OMS.
A necessidade e a urgência de lutar contra a doença estão em que não só 1,4 milhão de pessoas morrem a cada ano por causa da hepatite, mas que 500 milhões de pessoas que convivem com algum dos vírus que a provocam e desconhecem que possuem, podem continuar transmitindo. Em 22 de maio, a Assembleia Mundial da Saúde aprovou uma resolução que pede o desenvolvimento e implantação de políticas públicas multissetoriais destinadas a reduzir a incidência e o índice de mortalidade da hepatite.
A resolução pede aos países que desenvolvam programas de prevenção da hepatite e reforcem os programas de imunização para reduzir a incidência dos tipos que existem vacinas.
"Isso foi um grande passo porque se tomou total consciência do alcance da doença e das possibilidades de eliminá-la", afirmou Wiktor.
O especialista explicou que apesar de terem passado apenas dois meses desde a aprovação da resolução, dados já foram passados para países como Brasil, Egito, Indonésia e Ucrânia, que estão estendendo ou criando programas transversais para lutar contra a doença.
A hepatite é a inflamação do fígado, causada na maioria dos casos por uma infecção virótica gerada por cinco vírus principais: A, B, C, D, E. Os mais perigosos são os tipos B e C porque são os que podem desencadear cirrose e câncer de fígado.
Calcula-se que, aproximadamente, 240 milhões de pessoas no mundo convivam com o vírus B e corram risco de desenvolver cirrose ou câncer de fígado, já que dois terços desconhecem que convivem com a doença porque nunca foram diagnosticados.
No entanto, agora que existem fármacos muito eficazes, ficou provado que a medicação evita em 80% dos casos de câncer de fígado, o segundo câncer que mais mata, após o de pulmão, assinalou So.
"O problema é que não basta ter remédios, mas também precisam ter os serviços clínicos necessários, as equipes capacitadas, os laboratórios com o equipamento. A luta é global", advertiu Wiktor.
A hepatite A e E é contraída após a ingestão de água ou comida contaminadas, enquanto os vírus B, C e D aparecem por contato com fluidos corporais após ter partilhado uma seringa, feito transfusão de sangue ou nas relações sexuais. No caso da hepatite B a mãe também pode transmitir o vírus para o filho, por isso é recomendada a vacinação do recém-nascido.
Para os vírus A e B já há vacinas, e desde sua implantação a recomendação é de imunizar todas as crianças contra o vírus B. Atualmente, 74% das crianças no mundo já a obtiveram.
Dos 1,4 milhão de mortes, 55% se devem ao vírus B, 35% ao vírus C, e 10% restante entre os tipos A e E, especificou So.
O problema principal assinalado pelos especialistas para eliminar a hepatite é "a falta de grandes doadores que queiram lutar especificamente contra a doença", lamentou Wiktor, que explicou que os países é que terão que tomar as rédeas, o que desacelerará o processo.
"A hepatite mata anualmente quase o mesmo número de pessoas que a Aids e, no entanto, não se tem os fundos necessários para tentar sua erradicação. É muito frustrante", confessou So, que sugeriu que sejam usadas as mesmas estruturas já estabelecidas para lutar contra a Aids, como o Fundo Global de Luta Contra AIDS, Tuberculose e Malária, para combater a hepatite.
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1. As mais perigosas
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1/22 (Getty Images/Carsten Koall)
São Paulo - Apesar de
câncer - em suas variadas formas - aparecer nada menos que oito vezes na lista das vinte doenças que mais matam no
Brasil, tumores malignos não estão entre as cinco mais. No topo da lista aparecem as doenças cerebrovasculares, como o derrame. Os dados são do
Ministério da Saúde. EXAME.com teve acesso às últimas informações disponíveis - ainda preliminares - de 2010, e comparou com os dados já consolidados de 2000. Neste cenário, nenhuma causa de morte cresceu tanto quanto das doenças hipertensivas, cujas ocorrências quase dobraram no período. "Outras doenças isquêmicas do coração" e "outras doenças do pulmão", apontadas pelo Ministério, foram desconsideradas por serem inespecíficas. Clique nas fotos e confira as doenças que mais matam no Brasil (e como elas afetavam a saúde do brasileiro dez anos antes).
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2. 1. Doenças cerebrovasculares
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2/22 (Wikimedia Commons)
Mortes em 2010: 99.732 Mortes em 2000: 84.713 Variação: 17% O principal exemplo de doença cerebrovascular é o derrame, que pode ser causado por uma interrupção de fluxo sanguíneo ou um sangramento local no cérebro.
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3. 2. Infarto agudo do miocárdio
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3/22 (Wikimedia Commons)
Mortes em 2010: 79.668 Mortes em 2000: 59.297 Variação: 34% Um infarto, também conhecido como parada ou ataque cardíaco, acontece quando há necrose (morte do tecido) de parte do músculo do coração.
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4. 3. Pneumonia
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4/22 (Divulgação/Brasil.gov.br/Divulgação)
Mortes em 2010: 55.055 Mortes em 2000: 29.348 Variação: 87% A pneumonia é uma doença inflamatória do pulmão que traz sintomas como tosse, febre, dor no tórax e dificuldade para respirar. Pode ser adquirida por respiração, bactérias ou, em casos raros, via circulação sanguínea.
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5. 4. Diabetes mellitus
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5/22 (John Moore/Getty Images)
Mortes em 2010: 54.877 Mortes em 2000: 35.284 Variação: 55% Uma deficiência do organismo dificulta a produção de insulina por quem sofre de diabetes. Por isso, a pessoa sofre severa perda de peso, aumento do volume de urina e sede em excesso, por exemplo.
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6. 5. Doenças hipertensivas
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6/22 (Divulgação)
Mortes em 2010: 45.054 Mortes em 2000: 23.721 Variação: 89% Doençãs hipertensivas são doenças ligadas à pressão arterial, com a famosa "pressão alta" sendo a mais comum. Pode causar AVCs, aneurismas e enfartes.
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7. 6. Bronquite, enfisema, asma
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7/22 (Divulgação)
Mortes em 2010: 40.608 Mortes em 2000: 33.713 Variação: 20% O grupo de doenças respiratórias é conhecido mundo afora. Com características específicas distintas, as doenças dificultam a respiração e podem ser causadas (ou pioradas) por fumo e poluição.
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8. 7. Insuficiência cardíaca
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8/22 (Divulgação)
Mortes em 2010: 27.544 Mortes em 2000: 28.195 Variação: - 6% Quando, por diferentes motivos, o coração está incapacitado de bombear o sangue da maneira devida, há um quadro de insuficiência cardíaca. O quadro normalmente é causado por outras doenças, que sobrecarregam o coração, como por exemplo o hipertireoidismo.
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9. 8. Câncer de pulmão
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9/22 (Stock Xchng)
Mortes em 2010: 21.779 Mortes em 2000: 14.655 Variação: 48% Estudos indicam que a maior parte das pessoas que desenvolvem a doença são fumantes. Dentre a minoria não-fumante, as principais causas são genéticas ou ambientais (poluição e até tabagismo passivo).
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10. 9. Cirrose e doenças crônicas fígado
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10/22 (Philippe Huguen/AFP)
Mortes em 2010: 19.345 Mortes em 2000: 15.495 Variação: 24% A doença crônica do fígado mais comum é a cirrose hepática, processo que altera as funções das células do fígado, trazendo sintomas como desnutrição e até acúmulo de substãncias tóxicas no corpo. A causa mais associada à doença é o alcoolismo, mas outras doenças (especialmente hepatite B e C) podem levar à cirrose.
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11. 10. Câncer de estômago
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11/22 (US National Cancer Institute)
Mortes em 2010: 13.402 Mortes em 2000: 10.956 Variação: 22% A doença é mais comum a partir dos 50 aos e em homens. Há alguns fatores de risco que podem aumentar as chances de se desenvolver câncer, tais como gastrites permanentes, úlceras, tabagismo, histórico familiar e dieta rica em nitratos, sal e gorduras.
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12. 11. Miocardiopatias
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12/22 (Reprodução)
Mortes em 2010: 13.402 Mortes em 2000: 13.528 Variação: - 1% A doença indica uma deterioração do músculo do miocárdio (músculo do coração). A doença pode ter diferentes origens e o tratamento geralmente consiste em medicamentos e implantes de marca-passos. Não raro os pacientes necessitam de transplante de coração.
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13. 12. Septicemia
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13/22 (Fernando Vivas/EXAME.com)
Mortes em 2010: 12.983 Mortes em 2000: 10.504 Variação: 23% Septicemia é uma infecção geral grave do organismo. A doença é tratada com antibióticos, mas pode causar danos especialmente em pacientes com a saúde já debilitada.
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14. 13. Câncer de mama
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14/22 (//Divulgação)
Mortes em 2010: 12.853 Mortes em 2000: 8.393 Variação: 53% Câncer mais comum em mulheres, o tumor de mama pode ser diagnosticado ainda em seus estágios iniciais através da mamografia.
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15. 14. Câncer de próstata
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15/22 (Divulgação)
Mortes em 2010: 12.778 Mortes em 2000: 7.490 Variação: 70% O câncer de próstata é o mais comum em homens e também pode ser diagnosticado em seus estágios iniciais.
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16. 15. Aids
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16/22 (Reuters)
Mortes em 2010: 12.151 Mortes em 2000: 10.730 Variação: 13% Doença do sistema imunológico humano causada pelo vírus HIV. A Aids diminui as defesas do corpo e deixa os pacientes mais suscetíveis à infecções oportunistas e tumores.
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17. 16. Insuficiência renal
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17/22 (Divulgação)
Mortes em 2010: 11.552 Mortes em 2000: 8.009 Variação: 44% A falência do rim, órgão responsável por filtrar o sangue, impede a produção de hormônios para reabsorver as substâncias necessárias ao corpo. O paciente pode chegar a precisar de diálises frequentes ou até de um transplante.
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18. 17. Câncer de cólon
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18/22 (©AFP/Getty Images/File / Chris Hondros)
Mortes em 2010: 8.385 Mortes em 2000: 5.067 Variação: 65% O câncer colorretal é um dos mais frequentes e está usualmente associado ao sedentarismo, obesidade, tabagismo, histórico familiar e predisposição genética. Também são considerados fatores de risco as dietas ricas em carnes vermelhas e pobres em fibras.
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19. 18. Câncer de fígado
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19/22 (Sam Panthaky/AFP)
Mortes em 2010: 7.721 (não entrou na lista em 2000) O câncer no fígado é frequentemente causado pela metástase de um câncer em outra região do corpo e pode levar a quadros de insuficiência hepática.
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20. 19. Câncer de esôfago
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20/22 (AFP)
Mortes em 2010: 7.645 (não entrou na lista em 2000) Esse tipo de câncer geralmente leva à dificuldade em engolir e dor na região da garganta. Tumores pequenos são retirados com cirurgias, mas tumores maiores só podem ser tratados com radio ou quimioterapia. Fatores de risco incluem a associação de tabagismo e álcool.
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21. 20. Câncer de pâncreas
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21/22 (National Cancer Institute)
Mortes em 2010: 7.440 (não entrou na lista em 2000) Um dos tipos mais agressivos de câncer, costuma ter diagnóstico tardio. Depois de realizada a cirurgia, os pacientes têm expectativa de vida de alguns meses. O tabagismo é um dos maiores fatores de risco, mas ingestão de calorias de origem animal, obesidade e sedentarismo também são considerados fatores.
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22. Agora, veja onde o SUS funciona no Brasil
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22/22 (JAN JUR KORFF/Divulgacao/Philips)