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Missão europeia debate envio de observadores para Paraguai

Víctor Núñez foi o primeiro a se encontrar com a delegação, e garantiu aos eurodeputados que Lugo poderia concorrer a uma cadeira no Senado

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2012 às 19h16.

Assunção - A delegação do Parlamento Europeu enviada ao Paraguai debateu nesta terça-feira a possibilidade de enviar observadores para as eleições de abril de 2013 e de Fernando Lugo, que foi cassado da presidência, concorrer como candidato.

O presidente da Suprema Corte do Paraguai, Víctor Núñez, foi o primeiro a se encontrar com a delegação, e garantiu aos eurodeputados que Lugo poderia concorrer a uma cadeira no Senado. Ao sofrer impeachment, Lugo perdeu o direito de ser nomeado senador vitalício, como ocorre com os ex-presidentes paraguaios.

Em comunicado, Núñez afirmou que o Parlamento Europeu perguntou se os recursos legais apresentados por Lugo no Supremo e em instâncias internacionais prejudicariam sua candidatura.

''O fato de Fernando Lugo poder ou não ser candidato não está sujeito à resolução da Corte'', esclareceu o magistrado.

Lugo acenou para uma possível candidatura como senador pela Frente Guasú, grupo esquerdista que o apoiou após sua destituição em 22 de junho, num julgamento político promovido pelo Senado.

A questão eleitoral também foi debatida na segunda reunião realizada pela comitiva europeia nesta terça-feira, com o ministro do Interior, Carmelo Caballero, que revelou que os eurodeputados ''falaram da eventualidade de uma visita para as próximas eleições'' para ''monitorar o processo eleitoral''.

Caballero disse em comunicado que o Executivo apoiará o envio de observadores para as eleições de 2013. O ministro, no entanto, afirmou que permitir uma missão de monitoramento é competência das autoridades eleitorais.


A delegação do Parlamento Europeu, liderada pelo espanhol Luis Yáñez-Barnuevo e integrada por outros eurodeputados da Espanha, França, Alemanha e Polônia, reuniu-se também com representantes da Igreja Católica e de todos os partidos políticos do país.

Ontem, os eurodeputados se encontraram com Lugo, com seu substituto na presidência, Federico Franco, e como parlamentares.

Em comunicado, a Conferência Episcopal Paraguaia (CEP) disse que expressou aos membros do Parlamento Europeu sua esperança de que se alcance a ''unificação'' e que está ''elaborando um documento para aproximar'' os três poderes do Estado.

Segundo o presidente da CEP, Claudio Giménez, o julgamento político foi uma ''surpresa'' para os bispos. A CEP tentou convencer Lugo a renunciar na véspera do início do julgamento e foi considerada por alguns analistas e diplomatas consultados pela Agência Efe como um dos motivadores do processo.

Na nota, Giménez revelou que no dia 19 de junho ocorreu uma reunião do Conselho Permanente da instituição para analisar a situação após a morte de 17 policiais e camponeses em Curuguaty quatro dias antes, na qual ''surgiu a proposta'' de aproximação dos poderes do Estado, ''mas tudo aconteceu de forma rápida'' e resultou na queda de Lugo.

As mortes durante uma desocupação de ''sem terras'' em Curuguaty foram os catalisadores do processo contra Lugo. A mudança de poder significou a suspensão temporário do Paraguai, até as eleições de 2013, do Mercosul e da Unasul, pela ''ruptura democrática'' que aconteceu, de acordo com os países vizinhos, embora ambos os blocos descartaram adotar sanções econômicas contra a nação.

A União Europeia, por sua parte, mantém ''uma postura crítica'' mas não vai ''tomar nenhuma medida que possa prejudicar'' a população paraguaia, disse no último dia 12 o diretor-executivo para as Américas do Serviço Europeu de Ação Exterior, Christian Leffler.

As trocas comerciais do Paraguai com a UE somaram 127 milhões de euros no período 2007-2013, o que se soma as doações diretas de alguns de seus membros.

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