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Minoria tártara da Crimeia denuncia perseguição pós-anexação

Tártaros são considerados "separatistas" e "terroristas" por terem se posicionado contra o plebiscito no qual 97% dos eleitores apoiaram a saída da Ucrânia

Tártaros provenientes da Crimeia: maioria dos deslocados segue para o centro do país (Yuriy Dyachyshyn/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de março de 2015 às 10h30.

Bajchisarai - A minoria tártara da Crimeia , que sofreu com deportações e só retornou para península nos últimos anos da União Soviética, diz que é perseguida pelas novas autoridades locais por não ter apoiado a anexação à Rússia ocorrida há um ano.

"Mais uma vez, nosso povo perdeu todos seus direitos", disse à Agência Efe Safinar Dzhemilova, esposa do líder da minoria tártara no exílio, Mustafa Dzhemilev, que desde a anexação não pode entrar na península.

Em sua espaçosa casa na cidade de Bajchisarai, a cerca de 30 quilômetros de Simferopol e onde há uma grande concentração de tártaros, Safinar afirmou que "tudo mudou para pior" na Crimeia e lamentou o ano que se passou sob a "ocupação da Rússia".

"Estávamos acostumados a viver em um país livre, agora pessoas são despedidas de seus trabalhos só por mostrar a bandeira ucraniana", denunciou.

Sfinar disse que os tártaros são considerados "separatistas" e "terroristas" por terem se posicionado contra o plebiscito no qual 97% dos eleitores apoiaram a saída da Ucrânia .

Cerca de 250 mil tártaros vivem na Crimeia, o que representa 12% da população,

"Criaram um centro para a luta contra o terrorismo, e os primeiros terroristas somos os tártaros, somos separatistas porque nos opusemos à anexação, e por isso nos transformamos em inimigos desde o primeiro dia", criticou a esposa do líder tártaro.

Mustafa Dzhemilev, deputado da Rada Suprema (parlamento ucraniano) em Kiev, é considerado o líder informal da comunidade, enquanto Refat Chubarov, que também não pode retornar para a Crimeia, era o líder oficial do Majlis, a Assembleia Consultiva islâmica tártara.

"Nos tiraram a sede do Majlis alegando questões administrativas, fecharam os jornais e outros meios de comunicação ucranianos, não podemos nem abrir a boca", acusou Safinar.

Os tártaros denunciaram ao longo de um ano de anexação oito casos de pessoas da comunidade desaparecidas, e pelo menos um deles apareceu depois morto.

"Temos medo, claro, mas nunca iremos embora daqui, ninguém vai amar a Crimeia tanto como os tártaros", afirmou.

Desde a anexação acredita-se que cerca de 10 mil tártaros da Crimeia deixaram a região para viver na Ucrânia ou outras localidades, mas não há um número oficial sobre a migração.

"O destino dos tártaros da Crimeia é muito trágico", lamentou Safinar Dzhemilova, que recordou os expurgos stalinistas e posteriormente as deportações sofridas pelos povos do Cáucaso, que atingiram seu auge em 1944.

"Em 18 de maio, na estação de trem de Simferopol, os vagões foram enchidos com idosos, mulheres e crianças", que foram deportados para o Uzbequistão e outros países da Ásia Central.

Esta população só pôde começar a retornar para a região no final dos anos 80, com a "perestroika" (reestruturação) e a posterior desintegração da URSS, "mas em muitas de nossas casas já viviam russos que tinham se instalado depois da guerra", contou a esposa do líder.

Safinar mantém em sua casa um pequeno museu sobre seu marido, com fotos de Dzhemilev, um conhecido dissidente soviético que passou 15 anos de sua vida em campos de concentração (gulag) e prisões por sua defesa dos direitos humanos.

O memorial guarda vários objetos doados por personalidades, como um rádio presenteado pelo também dissidente Andrei Sakharov, e tem uma vitrine com todas as condecorações e prêmios recebidos por Dzhemilev, entre eles condecorações internacionais como o Nansen de Direitos Humanos.

O líder tártaro, que nasceu na Crimeia, em 1943, mas foi deportado com seis meses de idade para o Uzbequistão, falou com Putin no ano passado dias antes do plebiscito da Crimeia para expor a preocupação de seu povo e sua visão de que a consulta era ilegal.

O chefe do Kremlin afirmou que precisava defender a população russa majoritária após a mudança de poder em Kiev e a chegada dos "fascistas".

Um raciocínio que Dzhemilev rebateu ressaltando que 60% da população da Crimeia é russa e, no entanto, controlava 90% dos cargos políticos, escolas e imprensa.

Putin garantiu a Dzhemilev que permitiria o retorno de todos os tártaros para a Crimeia e o direito do ensino de sua língua, algo que não convenceu os tártaros e seu líder. Até hoje os tártaros esperam um pedido de perdão dos russos pelas deportações.

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Bajchisarai - A minoria tártara da Crimeia , que sofreu com deportações e só retornou para península nos últimos anos da União Soviética, diz que é perseguida pelas novas autoridades locais por não ter apoiado a anexação à Rússia ocorrida há um ano.

"Mais uma vez, nosso povo perdeu todos seus direitos", disse à Agência Efe Safinar Dzhemilova, esposa do líder da minoria tártara no exílio, Mustafa Dzhemilev, que desde a anexação não pode entrar na península.

Em sua espaçosa casa na cidade de Bajchisarai, a cerca de 30 quilômetros de Simferopol e onde há uma grande concentração de tártaros, Safinar afirmou que "tudo mudou para pior" na Crimeia e lamentou o ano que se passou sob a "ocupação da Rússia".

"Estávamos acostumados a viver em um país livre, agora pessoas são despedidas de seus trabalhos só por mostrar a bandeira ucraniana", denunciou.

Sfinar disse que os tártaros são considerados "separatistas" e "terroristas" por terem se posicionado contra o plebiscito no qual 97% dos eleitores apoiaram a saída da Ucrânia .

Cerca de 250 mil tártaros vivem na Crimeia, o que representa 12% da população,

"Criaram um centro para a luta contra o terrorismo, e os primeiros terroristas somos os tártaros, somos separatistas porque nos opusemos à anexação, e por isso nos transformamos em inimigos desde o primeiro dia", criticou a esposa do líder tártaro.

Mustafa Dzhemilev, deputado da Rada Suprema (parlamento ucraniano) em Kiev, é considerado o líder informal da comunidade, enquanto Refat Chubarov, que também não pode retornar para a Crimeia, era o líder oficial do Majlis, a Assembleia Consultiva islâmica tártara.

"Nos tiraram a sede do Majlis alegando questões administrativas, fecharam os jornais e outros meios de comunicação ucranianos, não podemos nem abrir a boca", acusou Safinar.

Os tártaros denunciaram ao longo de um ano de anexação oito casos de pessoas da comunidade desaparecidas, e pelo menos um deles apareceu depois morto.

"Temos medo, claro, mas nunca iremos embora daqui, ninguém vai amar a Crimeia tanto como os tártaros", afirmou.

Desde a anexação acredita-se que cerca de 10 mil tártaros da Crimeia deixaram a região para viver na Ucrânia ou outras localidades, mas não há um número oficial sobre a migração.

"O destino dos tártaros da Crimeia é muito trágico", lamentou Safinar Dzhemilova, que recordou os expurgos stalinistas e posteriormente as deportações sofridas pelos povos do Cáucaso, que atingiram seu auge em 1944.

"Em 18 de maio, na estação de trem de Simferopol, os vagões foram enchidos com idosos, mulheres e crianças", que foram deportados para o Uzbequistão e outros países da Ásia Central.

Esta população só pôde começar a retornar para a região no final dos anos 80, com a "perestroika" (reestruturação) e a posterior desintegração da URSS, "mas em muitas de nossas casas já viviam russos que tinham se instalado depois da guerra", contou a esposa do líder.

Safinar mantém em sua casa um pequeno museu sobre seu marido, com fotos de Dzhemilev, um conhecido dissidente soviético que passou 15 anos de sua vida em campos de concentração (gulag) e prisões por sua defesa dos direitos humanos.

O memorial guarda vários objetos doados por personalidades, como um rádio presenteado pelo também dissidente Andrei Sakharov, e tem uma vitrine com todas as condecorações e prêmios recebidos por Dzhemilev, entre eles condecorações internacionais como o Nansen de Direitos Humanos.

O líder tártaro, que nasceu na Crimeia, em 1943, mas foi deportado com seis meses de idade para o Uzbequistão, falou com Putin no ano passado dias antes do plebiscito da Crimeia para expor a preocupação de seu povo e sua visão de que a consulta era ilegal.

O chefe do Kremlin afirmou que precisava defender a população russa majoritária após a mudança de poder em Kiev e a chegada dos "fascistas".

Um raciocínio que Dzhemilev rebateu ressaltando que 60% da população da Crimeia é russa e, no entanto, controlava 90% dos cargos políticos, escolas e imprensa.

Putin garantiu a Dzhemilev que permitiria o retorno de todos os tártaros para a Crimeia e o direito do ensino de sua língua, algo que não convenceu os tártaros e seu líder. Até hoje os tártaros esperam um pedido de perdão dos russos pelas deportações.

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