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Milhares vão a velório de oposicionista morto em Moscou

Assessores de Putin negam qualquer envolvimento na morte de Boris Nemtsov, que foi baleado nas costas quatro vezes na sexta-feira


	Velório de Boris Nemtsov: na maioria, as pessoas que compareceram ao velório são liberais obstinados que se sentem preocupados com o assassinato
 (REUTERS/Maxim Zmeyev)

Velório de Boris Nemtsov: na maioria, as pessoas que compareceram ao velório são liberais obstinados que se sentem preocupados com o assassinato (REUTERS/Maxim Zmeyev)

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2015 às 09h25.

Moscou - Milhares de russos, muitos levando cravos vermelhos, fizeram fila nesta terça-feira para prestar suas homenagens a Boris Nemtsov, crítico do Kremlin cujo assassinato na semana passada evidenciou os riscos de se manifestar contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Os assessores de Putin negam qualquer envolvimento na morte de Nemtsov, que foi baleado nas costas quatro vezes na sexta-feira nas imediações das muralhas do Kremlin, mas amigos de Nemtsov dizem que ele foi vítima de uma atmosfera de ódio instigada contra qualquer um que se oponha ao presidente.

Em um gesto de conciliação do Kremlin, o vice-primeiro-ministro Arkady Dvorkovich se uniu às pessoas que velavam o corpo de Nemtsov, cujo caixão está em local aberto à visitação pública.

Dvorkovich, integrante da ala liberal do Kremlin, cada vez mais marginalizada, carregava um buquê de flores vermelhas.

No entanto, na maioria, as pessoas que compareceram ao velório são liberais obstinados que se sentem profundamente preocupados com o assassinato de Nemtsov, mas representam apenas uma minoria da população russa.

As pesquisas mostram que a maioria da população apoia Putin, apesar da queda do valor do rublo e de sanções internacionais ao país por causa da crise sobre a Ucrânia.

"Ele (Nemtsov) era a nossa esperança", disse Tatyana, uma pensionista na fila para prestar homenagem. "No dia em que ele morreu eu me senti como se Putin tivesse me matado.

Este último ano tem sido cheio de sofrimento." Fotografias de Nemtsov penduradas nas paredes e música sombria marcavam o ambiente. O ex-primeiro-ministro britânico John Major esteve no local.

Lev Ponomaryov, um militante de destaque na defesa dos direitos humanos, apontou o dedo para a imprensa estatal, que descreve rotineiramente opositores do Kremlin como traidores.

"Se você olhar para o que as pessoas dizem sobre o assassinato, as versões são diferentes. Alguns culpam Vladimir Putin, outros não. Mas todos concordam que a televisão estatal russa criou essa atmosfera que leva a isso."

O assassinato de um dos principais oponentes do governo numa área de onde se vê o Kremlin, vigiada pelos serviços de segurança, é profundamente embaraçoso para Putin.

Em entrevista à Reuters, em Washington, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que isso era um sinal do agravamento do clima na Rússia, onde direitos civis e as liberdades da imprensa sofreram um recuo.

Investigadores russos dizem que estão trabalhando ativamente para rastrear os assassinos de Nemtsov.

O Comitê de Investigação, o órgão encarregado do inquérito, afirmou ter obtido imagens do local, registradas por um circuito fechado de câmeras, e agendado testes balísticos e médicos.

A namorada de Nemtsov, Anna Duritskaya, que estava com ele no momento em que foi baleado, retornou a seu país, a Ucrânia, informou o comitê em um comunicado, acrescentando que ela já prestou depoimento e se comprometeu a continuar a cooperar com os investigadores.

A Comissão afirmou que os tiros disparados contra Nemtsov vieram de uma pistola Makarov, e que seis cápsulas de balas foram recuperadas.

O assassinato foi meticulosamente planejado e os organizadores sabiam antecipadamente onde Nemtsov estaria, disseram.

A comissão fez um apelo para que qualquer pessoa com informações sobre o assassinato se apresente e ofereceu uma recompensa de 3 milhões de rublos (43.000 dólares).

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