Milei quer normalizar relações com o presidente Lula (AFP)
Redação Exame
Publicado em 18 de abril de 2024 às 07h21.
O presidente da Argentina, Javier Milei, dá sinais de quer melhorar as relações com o Brasil e, por tabela, com o presidente Lula, a quem já chamou de "comunista".
Em uma viagem a Brasília e São Paulo nesta semana, a ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, entregou em mãos uma carta à equipe de Lula com um convite de reunião entre os dois chefes de Estado. De acordo com a Bloomberg, não há qualquer data ou local definidos para que o encontro aconteça. Lula pretende esperar até que a reunião ocorra "naturalmente".
Antes de assumir o cargo em dezembro, Milei colocou em dúvida se a Argentina manteria relações com seu maior parceiro comercial depois de chamar Lula de "comunista com quem ele não negociaria". O líder brasileiro decidiu, então, "dar um gelo" em Milei, deixando de comparecer à sua posse em dezembro e aguardando clareza sobre o plano do novo governo para lidar com o Brasil.
Embora os presidentes nunca tenham se encontrado, as relações comerciais entre as duas maiores economias da América do Sul continuaram normalmente. Grande parte disso pode ser creditada ao trabalho de Mondino, que foi enviada a Brasília antes mesmo da posse de Milei para aliviar as tensões causadas por sua retórica inflamada. Desde então, ela garantiu que a Argentina não só quer manter os laços comerciais com o Brasil, mas também aprofundá-los.
Lula e Milei representam modelos econômicos diferentes e não mediram palavras ao criticar um ao outro. Enquanto Milei, autodenominado anarcocapitalista, prometeu privatizar empresas públicas e demitir dezenas de milhares de funcionários públicos, Lula procurou aumentar os gastos públicos e revitalizar as empresas estatais.
Mesmo que não haja "clima" para uma reunião no curto prazo, os dois devem se encontrar na cúpula do G20 no Rio de Janeiro no final deste ano, onde Lula será o anfitrião.