Milei: presidente eleito falou sobre seus planos em primeiras entrevistas (Emiliano Lasalvia/AFP)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 20 de novembro de 2023 às 13h21.
Última atualização em 20 de novembro de 2023 às 14h12.
O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, reafirmou nesta segunda-feira, 20, que vai privatizar diversas empresas estatais do país. “Tudo o que puder estar nas mãos do setor privado, estará nas mãos do setor privado”, disse em entrevista à “Rádio Mitre”.
Ao citar a petroleira estatal YPF, o ultraliberal disse que o primeiro passo será "reconstruí-la”. "Desde que [Axel] Kicillof decidiu nacionalizá-la, a deterioração que foi feita à empresa em termos de resultados para que ela valha menos do que quando foi expropriada", explicou.
Milei, no entanto, fixou prazos e disse ainda a questão energética terá um papel importante durante a transição, com discussões sobre mudanças nas tarifas de energia. "A YPF e a Enarsa têm um papel. Desde que essas estruturas sejam racionalizadas, elas serão colocadas para criar valor para que possam ser vendidas de uma forma muito benéfica para os argentinos”. Após a fala de Milei, as ações da petroleira na bola de Nova York a maior alta, de 41%, a US$ 15,18.
O presidente eleito afirmou também que vai privatizar a TV Pública, a Rádio Nacional e a agência pública de notícias Télam, argumentando que ela foi utilizada pelo atual governo para fazer uma campanha de medo durante as eleições.
“75% do que foi dito sobre nós nesse espaço foi de forma negativa, com mentiras e apoiando a campanha do medo. Eu não vou aderir a essas práticas de ter um ministério de propaganda”, disse. “A TV pública tem que ser privatizada. Tudo o que pode ficar nas mãos do setor privado, vai ficar nas mãos do setor privado. Rádio Nacional e Telam? Sim, em mãos privadas. Com certeza”, concluiu.
Sobre a campanha aérea Aerolíneas Argentinas, o ultraliberal prometeu entregar as empresas aos funcionários, pois elas não terão mais a ajuda do Estado. "A nossa ideia é entregar aos funcionários e que eles próprios façam a limpeza e comecem a competir numa política de céu aberto”, disse. “O pessoal das companhias aéreas é pessoal muito qualificado, o problema está na contaminação política”, concluiu.
Além de reforçar de seus planos sobre as estatais, Milei disse mais cedo que deve levar até dois anos para controlar inflação e reafirmou o seu plano de fechar o Banco Central argentino. "Se você cortar hoje a emissão monetária, demora entre 18 e 24 meses para levar [a inflação] aos níveis mais baixos internacionais", disse Milei, em entrevista à rádio Continental. Em outubro, a taxa de inflação em 12 meses superou 140%, maior número desde os anos 1990.
O político, de 53 anos, assumirá um país em severa crise econômica, com 40% de sua população na pobreza e uma inflação anual de três dígitos. Entre as principais propostas do ultraliberal para economia está a diminuição do Estado e a dolarização da economia para reconstruir o país.