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Mike Pence expressa "forte compromisso" de Trump com UE

As declarações de Trump antes de sua chegada à Casa Branca provocaram mal-estar entre os aliados históricos de Washington

Mike Pence: as dúvidas continuam em reação a Ted Malloch, possível embaixador dos Estados Unidos ante os 28 (François Lenoir/Reuters)
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AFP

Publicado em 20 de fevereiro de 2017 às 17h11.

O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, ressaltou nesta segunda-feira, em Bruxelas, o "forte compromisso" de Washington com a União Europeia , mas exigiu progressos reais em relação aos gastos militares de seus sócios da Otan até o final deste ano.

"Tenho o privilégio em nome do presidente (Donald) Trump de expressar o forte compromisso dos Estados Unidos em manter a cooperação (...) com a UE", disse Pence em uma coletiva de imprensa sem perguntas depois de um encontro com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

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As declarações de Donald Trump antes de sua chegada à Casa Branca, classificando a Otan de obsoleta, celebrando o Brexit e prevendo que outros países da UE seguirão os passos do Reino Unido, provocaram mal-estar entre os aliados históricos de Washington.

"Aconteceram muitas coisas no último mês em seu país e na UE (...) para que se finja que tudo segue como sempre", disse, por sua vez Tusk, ressaltando que os europeus contam, "como sempre no passado, com um apoio sincero e inequívoco dos Estados Unidos (...) em relação à ideia de uma Europa unida".

A visita de Pence, a primeira de uma autoridade do alto escalão de Trump à UE, põe fim a uma importante mobilização diplomática da nova administração nos últimos dias na Europa, junto ao secretário de Defesa James Mattis e ao chefe da diplomacia Rex Tillerson, com o objetivo de tranquilizar seus sócios europeus.

Embora o apoio americano à Aliança Atlântica - um "pilar fundamental" para Mattis - tenha ficado evidente nos últimos dias, a posição dos Estados Unidos a respeito da UE não havia ficado muito clara.

Uma fonte da UE destacou "a clara mensagem de apoio" do vice-presidente "em nome de Donald Trump", e considerou "muito positivo o encontro com Tusk.

No entanto, as dúvidas continuam em reação a Ted Malloch, possível embaixador dos Estados Unidos ante os 28. Ele chamou o euro de erro e comparou o bloco com a União Soviética.

Direitos das mulheres

A chegada do magnata americano à Casa Branca, considerado um protecionista e isolacionista, agitou a política interna de seu país com medidas migratórias e alterou sua agenda internacional junto a aliados como a UE em temas como, por exemplo, a mudança climática ou o conflito entre israelenses e palestinos.

A visita de Pence, três meses antes da viagem de Donald Trump, prevista para o fim de maio, foi acompanhada por protestos em Bruxelas contra as políticas da nova administração sobre os migrantes, as mudanças climáticas ou a saúde, constataram jornalistas da AFP.

"Ficamos indignados com a decisão da administração americana de minar os direitos das mulheres em todo o mundo", afirmou à AFP Irene Donadio, da Federação Internacional de Planejamento Familiar, em referência à decisão de Trump de cortar os subsídios às ONGs estrangeiras que defendem o aborto.

'Progressos reais em 2017'

Depois de visitar as instituições europeias, Mike Pence se reuniu com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, na sede da Aliança Atlântica, onde exortou seus aliados transatlânticos a fazer progressos reais até o final de 2017, a fim de aumentar seus gastos militares a 2% do PIB.

Durante uma reunião de ministros da Defesa da Otan, o chefe do Pentágono, James Mattis, advertiu na semana passada que seu país poderia "moderar seu compromisso" com seus aliados históricos, se estes não aumentassem seus gastos militares, uma exigência tradicional de Washington.

Em 2014, na cúpula de Gales, o ex-presidente Barack Obama conseguiu que seu aliados se comprometessem em aumentar seu gasto militar até ao menos 2% do PIB nacional antes de 2024.

Mas apenas cinco dos 28 membros da Otan alcançam este objetivo - Estados Unidos, Reino Unido, Grécia, Estônia e Polônia -, mas outros, como França (1,78% em 2016), Itália (1,11%) ou Espanha (0,91%), exigem que se leve em conta o impacto em suas contas públicas das missões que realizam no exterior.

Pela primeira vez, Stoltenberg abriu a porta para levar em conta estas missões para o compromisso de 2%.

"A defesa da Europa requer um compromisso tanto da Europa como de nossa parte", reiterou, pro sua vez, o vice americano, em sua primeira visita à sede da Otan.

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