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Michelle Bachelet é a 1ª mulher reeleita presidente do Chile

A candidata socialista obteve um resultado de 62,16% dos votos

Michelle Bachelet comemora vitória em eleição no Chile: "sempre fui madura e séria, mas continuo sendo superalegre", disse a candidata (REUTERS/Ivan Alvarado)
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Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2013 às 08h44.

Santiago - Michelle Bachelet se tornou a primeira mulher que é reeleita presidente do Chile , após vencer neste domingo no segundo turno das eleições a candidata da direita, Evelyn Matthei, que reconheceu o triunfo de sua adversária.

Bachelet obteve um resultado de 62,16% dos votos, contra 37,83% de Matthei, com 99,96% das 41.349 mesas apuradas.

Após agradecer o triunfo a seus partidários em um ato realizado a quase duas quadras do Palácio da Moeda, sede do Governo, a ex-diretora da ONU disse: "Hoje abrimos uma nova etapa (...) Devemos marcar um novo destino e estou a serviço de vocês compatriotas".

"Agora o Chile olhou para si mesmo e decidiu que é momento de iniciar transformações profundas. A vitória desta jornada (...) é um sonho coletivo que triunfa", acrescentou.

Bachelet agora sorri menos, guarda mais silêncio e permanece rodeada de um estreito "circulo de ferro", que barra qualquer acesso que alguém deseje ter a ela.

"Sempre fui madura e séria, mas continuo sendo superalegre", reconheceu a candidata.

Embora sua aura tenha mudado, não é timidez ou insegurança precisamente o que propaga. Pelo contrário, a nova Michelle se mostra mais decidida a impulsionar grandes mudanças em um país menos tolerante com a desigualdade.

Com um programa que despertou críticas severas da direita governante, Bachelet quer substituir a Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet, garantir a educação gratuita e de qualidade e aumentar os impostos das empresas de 20 para 25%.


A própria candidata reconheceu que seu projeto é ambicioso, mas tem a seu favor uma grande popularidade e os bons resultados que a Nova Maioria obteve nas parlamentares realizadas no dia 17 de novembro.

Bachelet, em todo caso, tem experiência em enfrentar cenários difíceis.

O caminho percorrido não foi fácil para esta médica-cirurgiã, pediatra e epidemiologista da Universidad de Chile, de 54 anos, que domina seis idiomas, se casou duas vezes, é separada e mãe de três filhos.

Verónica Michelle Bachelet Jeria nasceu no dia 29 de setembro de 1951 em Santiago e foi a segunda filha da antropóloga Angela Jeria e do general de brigada aérea Alberto Bachelet, colaborador do Governo de Salvador Allende, que morreu torturado na prisão depois do golpe militar do dia 11 de setembro de 1973.

A morte do pai marcou a vida de Bachelet, que quando aconteceu o golpe militar tinha 22 anos e militava nas Juventudes Socialistas.

Um ano depois da morte de seu pai foi detida junto com a mãe pela Polícia secreta e levada para a "Vila Grimaldi", o pior centro de reclusão da ditadura.

"Separaram-me de minha mãe. Começaram a me interrogar. Me torturaram (...), é difícil para mim lembrar, como se as lembranças ruins tivessem sido bloqueadas. Mas o meu sofrimento não foi nada em comparação ao que outros passaram", relatou em entrevista.

Após serem liberadas, mãe e filha se exilaram na Austrália e depois na República Democrática Alemã, onde Bachelet prosseguiu sua carreira de Medicina na Humboldt Universitat, de Berlim.

Retornou ao Chile em 1979, retomou seus estudos e se titulou como médica-cirurgiã, ao mesmo tempo em que retomava a atividade política e colaborava com ONGs de apoio a filhos de torturados e desaparecidos.


Familiarizada desde menina com os temas militares, Bachelet também fez um curso sobre estratégia militar no Chile e outro no Colégio Interamericano de Defesa, em Washington.

Em 1995 foi escolhida membro do comitê central do Partido Socialista e em 1998 entrou para a comissão política, para posteriormente se somar ao Governo de Ricardo Lagos (2000-2006) primeiro como ministra da Saúde e depois como titular da Defesa.

Em pouco tempo, Bachelet tomou o comando, demonstrou uma força impassível e, sem rancores nem fraquezas, ganhou o respeito dos militares.

Uma das situações que lembra com maior tensão é ter encontrado no elevador de seu prédio com um de seus torturadores.

Durante sua gestão na Defesa, começou, além disso, a ganhar popularidade nas pesquisas.

Sua imagem pública ficou marcada quando, durante inundações no setor norte de Santiago, apareceu em cima em um tanque comandando a operação de resgate dos afetados.

Naquele dia, segundo os analistas, nasceu o "fenômeno Bachelet", embora poucos imaginassem que ela se transformaria na primeira presidente do Chile e em uma líder política suficientemente convincente para aglutinar legendas políticas que vão desde o centro até a esquerda.

Superando reservas iniciais, Bachelet inclusive conseguiu incorporar a seu projeto um grupo de jovens deputados escolhidos recentemente que até há pouco lideraram o movimento estudantil.

Por isso, há quem preveja que sua Presidência será "potente" e "intensa".

"Seu Governo será o mais difícil desde Allende e seu programa, o mais transformador desde então", comentou um colaborador próximo.

Ela, com uma tranquilidade que muitas vezes irrita a seus adversários, não mostra temor frente aos novos desafios que assumiu.

"Tenho experiência para comandar este processo com responsabilidade e governabilidade, porque ninguém quer uma crise no país", assegurou.

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Bachelet obteve um resultado de 62,16% dos votos, contra 37,83% de Matthei, com 99,96% das 41.349 mesas apuradas.

Após agradecer o triunfo a seus partidários em um ato realizado a quase duas quadras do Palácio da Moeda, sede do Governo, a ex-diretora da ONU disse: "Hoje abrimos uma nova etapa (...) Devemos marcar um novo destino e estou a serviço de vocês compatriotas".

"Agora o Chile olhou para si mesmo e decidiu que é momento de iniciar transformações profundas. A vitória desta jornada (...) é um sonho coletivo que triunfa", acrescentou.

Bachelet agora sorri menos, guarda mais silêncio e permanece rodeada de um estreito "circulo de ferro", que barra qualquer acesso que alguém deseje ter a ela.

"Sempre fui madura e séria, mas continuo sendo superalegre", reconheceu a candidata.

Embora sua aura tenha mudado, não é timidez ou insegurança precisamente o que propaga. Pelo contrário, a nova Michelle se mostra mais decidida a impulsionar grandes mudanças em um país menos tolerante com a desigualdade.

Com um programa que despertou críticas severas da direita governante, Bachelet quer substituir a Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet, garantir a educação gratuita e de qualidade e aumentar os impostos das empresas de 20 para 25%.


A própria candidata reconheceu que seu projeto é ambicioso, mas tem a seu favor uma grande popularidade e os bons resultados que a Nova Maioria obteve nas parlamentares realizadas no dia 17 de novembro.

Bachelet, em todo caso, tem experiência em enfrentar cenários difíceis.

O caminho percorrido não foi fácil para esta médica-cirurgiã, pediatra e epidemiologista da Universidad de Chile, de 54 anos, que domina seis idiomas, se casou duas vezes, é separada e mãe de três filhos.

Verónica Michelle Bachelet Jeria nasceu no dia 29 de setembro de 1951 em Santiago e foi a segunda filha da antropóloga Angela Jeria e do general de brigada aérea Alberto Bachelet, colaborador do Governo de Salvador Allende, que morreu torturado na prisão depois do golpe militar do dia 11 de setembro de 1973.

A morte do pai marcou a vida de Bachelet, que quando aconteceu o golpe militar tinha 22 anos e militava nas Juventudes Socialistas.

Um ano depois da morte de seu pai foi detida junto com a mãe pela Polícia secreta e levada para a "Vila Grimaldi", o pior centro de reclusão da ditadura.

"Separaram-me de minha mãe. Começaram a me interrogar. Me torturaram (...), é difícil para mim lembrar, como se as lembranças ruins tivessem sido bloqueadas. Mas o meu sofrimento não foi nada em comparação ao que outros passaram", relatou em entrevista.

Após serem liberadas, mãe e filha se exilaram na Austrália e depois na República Democrática Alemã, onde Bachelet prosseguiu sua carreira de Medicina na Humboldt Universitat, de Berlim.

Retornou ao Chile em 1979, retomou seus estudos e se titulou como médica-cirurgiã, ao mesmo tempo em que retomava a atividade política e colaborava com ONGs de apoio a filhos de torturados e desaparecidos.


Familiarizada desde menina com os temas militares, Bachelet também fez um curso sobre estratégia militar no Chile e outro no Colégio Interamericano de Defesa, em Washington.

Em 1995 foi escolhida membro do comitê central do Partido Socialista e em 1998 entrou para a comissão política, para posteriormente se somar ao Governo de Ricardo Lagos (2000-2006) primeiro como ministra da Saúde e depois como titular da Defesa.

Em pouco tempo, Bachelet tomou o comando, demonstrou uma força impassível e, sem rancores nem fraquezas, ganhou o respeito dos militares.

Uma das situações que lembra com maior tensão é ter encontrado no elevador de seu prédio com um de seus torturadores.

Durante sua gestão na Defesa, começou, além disso, a ganhar popularidade nas pesquisas.

Sua imagem pública ficou marcada quando, durante inundações no setor norte de Santiago, apareceu em cima em um tanque comandando a operação de resgate dos afetados.

Naquele dia, segundo os analistas, nasceu o "fenômeno Bachelet", embora poucos imaginassem que ela se transformaria na primeira presidente do Chile e em uma líder política suficientemente convincente para aglutinar legendas políticas que vão desde o centro até a esquerda.

Superando reservas iniciais, Bachelet inclusive conseguiu incorporar a seu projeto um grupo de jovens deputados escolhidos recentemente que até há pouco lideraram o movimento estudantil.

Por isso, há quem preveja que sua Presidência será "potente" e "intensa".

"Seu Governo será o mais difícil desde Allende e seu programa, o mais transformador desde então", comentou um colaborador próximo.

Ela, com uma tranquilidade que muitas vezes irrita a seus adversários, não mostra temor frente aos novos desafios que assumiu.

"Tenho experiência para comandar este processo com responsabilidade e governabilidade, porque ninguém quer uma crise no país", assegurou.

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