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Michelle Bachelet defende chegada de imigrantes ao Chile

Segundo dados oficiais, no Chile vivem 465.000 imigrantes, equivalentes a 2,3% da população, mas só alcançam 1,3% da população penal

Michelle Bachelet (Johan Ordonez/AFP)

Michelle Bachelet (Johan Ordonez/AFP)

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EFE

Publicado em 13 de dezembro de 2016 às 17h08.

Santiago do Chile - A presidente do Chile, Michelle Bachelet, defendeu nesta terça-feira a chegada de imigrantes a seu país e criticou os que propuseram medidas restritivas ou relacionaram o ingresso de estrangeiros a um suposto aumento da criminalidade.

"O Chile é terra de migrantes. Alguns parecem esquecer que somos um país que se construiu de sua diversidade e que durante sua história soube receber a contribuição de milhares de estrangeiros", declarou a governante durante um ato do programa de emprego do Serviço Jesuíta a Migrantes.

Segundo Bachelet, o Chile "não pode dar-se o luxo de desperdiçar o trabalho de ninguém" e criticou aqueles "que associam erroneamente a migração com uma espécie de concorrência desleal no campo do trabalho, e alguns chegaram além ao vinculá-lo com a criminalidade".

Na semana passada o ex-presidente conservador Sebastián Piñera (2010-2014), que estuda uma nova candidatura à Chefia de Estado, propôs restringir a chegada de estrangeiros e alegou que "muitas quadrilhas" de delinquentes são integradas por imigrantes.

Segundo Piñera, os estrangeiros estão vinculados principalmente ao narcotráfico, à lavagem de dinheiro e à clonagem de cartões.

Segundo dados oficiais, no Chile vivem 465.000 imigrantes, equivalentes a 2,3% da população, mas só alcançam 1,3% da população penal.

De acordo com a última Pesquisa de Caracterização Socioeconômica Nacional (Casem), utilizada para medir a pobreza e como base da elaboração de políticas sociais, na média os imigrantes têm mais anos de estudos médios e superiores que os chilenos e seus salários são 28% superiores aos de seus pares locais.

Segundo o estudo, oito de cada dez imigrantes estão em idade de trabalhar e por isso têm uma maior inserção laboral que os chilenos.

"Tal como em outros países globalizados, no Chile se abriu uma discussão sobre as migrações e é bom que possamos conversar, mas com informação e sem aproveitamento político", disse hoje Bachelet.

Nesse contexto, propôs a necessidade de atualizar a legislação que regula os temas migratórios "para abranger novas realidades que estão emergindo", e considerou que um novo marco legal é necessário, "mas não suficiente".

"Se o Estado requer regular legalmente a condição das pessoas migrantes, é antes de tudo para estender a ela as garantias que merece qualquer cidadão", especificou.

"A nova legislação deve adotar um enfoque transversal de direitos humanos, em consonância com o ordenamento jurídico internacional", acrescentou, considerando como outro princípio "o da formalidade migratória, de modo que os que ingressem ao país o façam no marco da lei".

"Não permitiremos que uns poucos façam da necessidade das pessoas um negócio, lhes expondo a abusos e ilegalidades", ressaltou a governante chilena.

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