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Mianmar pode ser a próxima Síria, adverte ONU

Mianmar vive no caos desde o golpe de Estado militar de 1º de fevereiro, que derrubou a então líder civil Aung San Suu Kyi

Protesto em Mianmar contra golpe militar. Ao menos 700 civis já morreram  (Tasos Katopodis / Correspondente/Getty Images)

Protesto em Mianmar contra golpe militar. Ao menos 700 civis já morreram (Tasos Katopodis / Correspondente/Getty Images)

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AFP

Publicado em 13 de abril de 2021 às 08h14.

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse nesta terça-feira (13) temer que Mianmar afunde em um conflito generalizado como na Síria e alertou sobre possíveis crimes contra a humanidade cometidos pela junta militar contra a população. 

"Há ecos claros de 2011 na Síria. Lá também vimos manifestações pacíficas reprimidas com força desnecessária e completamente desproporcional. A repressão brutal e persistente do Estado contra seu próprio povo levou algumas pessoas a pegarem em armas, o que foi seguido de uma espiral de violência em todo país", afirmou Bachelet em um comunicado.

"Temo que a situação em Mianmar se dirija para um conflito generalizado. Os Estados não devem permitir que os erros fatais cometidos na Síria e em outros lugares se repitam", acrescentou.

Mianmar vive no caos desde o golpe de Estado militar de 1º de fevereiro, que derrubou a então líder civil Aung San Suu Kyi.

De acordo com um balanço feito pela Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP), a repressão deixou pelo menos 710 mortos, incluindo 50 crianças. Cerca de 3.000 pessoas foram presas.

Os generais reprimem cada vez mais o movimento pró-democracia, que levou milhares de birmaneses às ruas e deflagrou greves em muitos setores da economia.

"Assistimos a mais um fim de semana sangrento, coordenado em muitas áreas do país, incluindo o massacre de pelo menos 82 pessoas em Bago entre sexta-feira e sábado", lembrou Bachelet.

"Os militares parecem determinados a intensificar sua impiedosa política de violência contra o povo birmanês, usando armas potentes e de modo indiscriminado", lamentou Bachelet, citando, entre outros, granadas de fragmentação, morteiros e ataques aéreos.

De acordo com a alta comissária, que não identifica suas fontes, 23 pessoas foram condenadas à morte em julgamentos secretos, sendo quatro manifestantes e outras 19 acusadas de terem cometido crimes políticos e penais.

Ainda segundo a ONU, as detenções em massa forçaram centenas de pessoas a se esconderem.

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