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Mianmar é pressionado por violência contra a minoria rohingya

Nas últimas semanas, mais de 27.000 pessoas fugiram de uma operação do exército birmanês no noroeste do país

Rohingya: os refugiados descreveram os abusos do exército birmanês (Manan Vatsyayana/AFP)
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AFP

Publicado em 19 de dezembro de 2016 às 14h58.

Última atualização em 19 de dezembro de 2016 às 14h59.

A Malásia aumentou sua pressão nesta segunda-feira sobre Mianmar a respeito do destino dos rohingyas, durante uma reunião de emergência dos países do Sudeste Asiático, que temem um novo êxodo desta minoria muçulmana perseguida.

Nas últimas semanas, mais de 27.000 pessoas fugiram de uma operação do exército birmanês no noroeste do país, lançada em resposta ao ataque a postos de fronteira por grupos de homens armados.

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Esta nova crise criou uma ruptura incomum no bloco formado pelos 10 países membros da Associação do Sudeste Asiático (Asean). A Malásia, país predominantemente muçulmano que já hospeda muitos refugiados rohingyas, decidiu atacar o governo birmanês liderado por Aung San Suu Kyi.

Na reunião em Yangon, os chanceleres do Sudeste Asiático, alertaram para o "impacto negativo sobre os países vizinhos de Mianmar em questão de segurança e estabilidade", indicou um diplomata à AFP.

"Consideramos que a situação é agora um problema regional, que devemos resolver juntos", disse Anifah Aman, ministro das Relações Exteriores da Malásia, segundo cópia de seu discurso divulgado por Kuala Lumpur.

No mês passado, o primeiro-ministro malaio falou de "genocídio" da população muçulmana rohingya e pediu expressamente à prêmio Nobel da paz para agir.

Esta última também é alvo de críticas das Nações Unidas: seu comissário para os direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, considerou a reação do governo birmanês de "imprudente, insensível e contra-producente". Ele afirmou que a abordagem seria uma "lição sobre como tornar a situação pior."

Punição coletiva

"Mianmar deve procurar resolver as causas do problema", acrescentou em seu discurso o ministro da Malásia.

Em um comunicado emitido no fim da reunião, Aung San Suu Kyi pediu "tempo para que os esforços do governo possam dar frutos" e reiterou se tratar de um "problema complexo".

No entanto, nenhuma decisão concreta foi tomada na reunião.

"Ele tem suas mãos amarradas por causa dos militares, mas deve assumir suas responsabilidades como líder", disse um diplomata, que pediu para permanecer anônimo.

O exército continua muito poderoso politicamente, apesar da chegada ao poder de um governo civil em março.

O exército mantém um quarto dos assentos no Parlamento através de membros não eleitos e controla três ministérios - Interior, Defesa e Fronteiras.

Todos os países da região temem que o surto de violência provoque um êxodo em massa de rohingyas, que fogem em massa há anos de Mianmar.

Há um ano e meio, em maio de 2015, uma grave crise humanitária sacudiu a região quando milhares deles se viram bloqueados na Baía de Bengala, depois de serem abandonados por seus contrabandistas no mar.

Considerados estrangeiros em Mianmar, país 90% budista, os rohingya são apátridas, embora alguns vivam no país há várias gerações. Eles não têm acesso ao mercado de trabalho, escolas ou hospitais, e a ascensão do nacionalismo budista nos últimos anos tem alimentado a hostilidade contra eles.

Em um relatório publicado nesta segunda-feira, a Anistia Internacional descreveu uma "punição coletiva" - com estupros, assassinatos, incêndio de aldeias - infligida aos rohingya e considera que isto poderia "se tratado como crimes contra a humanidade".

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