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México, um refúgio para criminosos em busca de vida nova

Posição geoestratégica e deficiências institucionais do Estado são fatores que fazem do país um refúgio para criminosos internacionais

Praia de Tulum, no México: especialista em segurança mexicano afirma que criminosos que fogem para o país "estão em lugares muito visíveis, se comportam como xeques" (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de julho de 2013 às 11h43.

Cidade do México - Longe de ser um estereótipo cinematográfico, a imagem do criminoso que se refugia no México para começar uma nova vida e fugir da Justiça se parece bastante com a realidade, segundo especialistas em segurança que veem o país como um lugar perfeito para se esconder.

A polícia mexicana deteve nesta semana, na turística cidade de Praia del Carmen, o americano Walter Lee Williams, acusado de exploração sexual de menores, justo um dia depois de ser incluído na lista dos dez mais procurados pelo FBI (polícia federal americana).

"As detenções são a ponta do iceberg e ocorrem quando alguém de fora nos chama a atenção. Somente assim nossas autoridades trabalham", disse à Agência Efe o especialista em segurança nacional Erubiel Tirado.

Williams estava em uma cafeteria do balneário mexicano quando foi surpreendido por agentes de segurança.

"Estão em lugares muito visíveis, se comportam como xeques", e só são perturbados quando aparecem em listas internacionais como a do FBI, Interpol ou alguma polícia local, que por suas próprias investigações, acredita que o delinquente está no país, comentou Tirado.

"Isso mostra as debilidades do Estado mexicano nos três níveis de governo, porque se há algo neste país que nos caracteriza é a impunidade, pois a Justiça se compra e se vende ao melhor licitante", acrescentou o coordenador do programa de segurança nacional da Universidade Ibero-Americana.

Assim, delinquentes como o americano Joe Luis Sáenz, também um dos mais procurados pelo FBI por delitos como homicídio, pôde se refugiar em Guadalajara (Jalisco) até que foi detido em novembro de 2012.

Há também o caso de Otis Vernell Holland, acusado de abusar de 13 menores de idade, que escolheu a cidade fronteiriça de Tijuana para se esconder, até que foi detido em janeiro de 2012.


O neonazista David Joseph Dorsey, que esquartejou sua namorada, escolheu como refúgio o paradisíaco município de Playas de Rosarito, onde ficou escondido por vários meses até que em outubro de 2012 foi capturado após ser reclamado pelo FBI.

"Há dois fatores para os delinquentes escolherem o México: primeiro, a posição geoestratégica. É um lugar importante para a transferência e passagem de mercadorias ilícitas rumo a mercados importantes como os Estados Unidos" e, segundo, "as debilidades institucionais do Estado".

Em novembro de 2011, as autoridades mexicanas frustraram um plano de Saadi Kadafi, um dos filhos do ex-líder líbio Muammar Kadafi e acusado de ser o instigador do assassinato de um jogador, para se estabelecer com uma identidade falsa no país.

Com o apoio de uma rede criminosa internacional, estava previsto tirar Kadafi e sua família do Níger, onde estava exilado, para levá-lo à turística costa de Nayari, no Pacífico mexicano, onde já havia uma casa pronta na Baía de Banderas.

"Estes delinquentes que passam despercebidos no México contam com estudos de todas estas situações. Um dos principais fatores é que a impunidade e a corrupção fazem com que nem sequer sejam investigados", disse à Agência Efe René Jiménez Ornelas, membro do Instituto de Pesquisas Sociais da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).

Os fugitivos podem chegar de avião, passar pela fronteira sul ou pelo mar, seja "com papéis falsos" ou "dando dinheiro", subornando as autoridades e conseguindo depois uma nova identidade para estar "relativamente dentro da lei", explicou o investigador.

"O México é um dos países onde um estrangeiro pode encontrar as formas para poder burlar a Justiça, a menos que já haja decisões muito específicas da Interpol ou de outros organismos internacionais. É quando a coisa complica", indicou.

Na opinião do especialista, no México a corrupção "vulnera a maior parte das áreas que têm a ver com a Justiça e com aspectos de investigação" e por isso quando uma pessoa tem recursos e comete um delito, geralmente não vai para a prisão.

"Há juízes e ministérios públicos que estão dentro de toda a estrutura corrupta, além dos corpos policiais, e por isso os delinquentes preferem se proteger em muitos casos no México", disse.

Para Tirado, outro dos problemas é que há um déficit na coordenação em nível internacional entre México e outras polícias, o que gera um "espaço de oportunidade para se ocultar".

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A polícia mexicana deteve nesta semana, na turística cidade de Praia del Carmen, o americano Walter Lee Williams, acusado de exploração sexual de menores, justo um dia depois de ser incluído na lista dos dez mais procurados pelo FBI (polícia federal americana).

"As detenções são a ponta do iceberg e ocorrem quando alguém de fora nos chama a atenção. Somente assim nossas autoridades trabalham", disse à Agência Efe o especialista em segurança nacional Erubiel Tirado.

Williams estava em uma cafeteria do balneário mexicano quando foi surpreendido por agentes de segurança.

"Estão em lugares muito visíveis, se comportam como xeques", e só são perturbados quando aparecem em listas internacionais como a do FBI, Interpol ou alguma polícia local, que por suas próprias investigações, acredita que o delinquente está no país, comentou Tirado.

"Isso mostra as debilidades do Estado mexicano nos três níveis de governo, porque se há algo neste país que nos caracteriza é a impunidade, pois a Justiça se compra e se vende ao melhor licitante", acrescentou o coordenador do programa de segurança nacional da Universidade Ibero-Americana.

Assim, delinquentes como o americano Joe Luis Sáenz, também um dos mais procurados pelo FBI por delitos como homicídio, pôde se refugiar em Guadalajara (Jalisco) até que foi detido em novembro de 2012.

Há também o caso de Otis Vernell Holland, acusado de abusar de 13 menores de idade, que escolheu a cidade fronteiriça de Tijuana para se esconder, até que foi detido em janeiro de 2012.


O neonazista David Joseph Dorsey, que esquartejou sua namorada, escolheu como refúgio o paradisíaco município de Playas de Rosarito, onde ficou escondido por vários meses até que em outubro de 2012 foi capturado após ser reclamado pelo FBI.

"Há dois fatores para os delinquentes escolherem o México: primeiro, a posição geoestratégica. É um lugar importante para a transferência e passagem de mercadorias ilícitas rumo a mercados importantes como os Estados Unidos" e, segundo, "as debilidades institucionais do Estado".

Em novembro de 2011, as autoridades mexicanas frustraram um plano de Saadi Kadafi, um dos filhos do ex-líder líbio Muammar Kadafi e acusado de ser o instigador do assassinato de um jogador, para se estabelecer com uma identidade falsa no país.

Com o apoio de uma rede criminosa internacional, estava previsto tirar Kadafi e sua família do Níger, onde estava exilado, para levá-lo à turística costa de Nayari, no Pacífico mexicano, onde já havia uma casa pronta na Baía de Banderas.

"Estes delinquentes que passam despercebidos no México contam com estudos de todas estas situações. Um dos principais fatores é que a impunidade e a corrupção fazem com que nem sequer sejam investigados", disse à Agência Efe René Jiménez Ornelas, membro do Instituto de Pesquisas Sociais da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).

Os fugitivos podem chegar de avião, passar pela fronteira sul ou pelo mar, seja "com papéis falsos" ou "dando dinheiro", subornando as autoridades e conseguindo depois uma nova identidade para estar "relativamente dentro da lei", explicou o investigador.

"O México é um dos países onde um estrangeiro pode encontrar as formas para poder burlar a Justiça, a menos que já haja decisões muito específicas da Interpol ou de outros organismos internacionais. É quando a coisa complica", indicou.

Na opinião do especialista, no México a corrupção "vulnera a maior parte das áreas que têm a ver com a Justiça e com aspectos de investigação" e por isso quando uma pessoa tem recursos e comete um delito, geralmente não vai para a prisão.

"Há juízes e ministérios públicos que estão dentro de toda a estrutura corrupta, além dos corpos policiais, e por isso os delinquentes preferem se proteger em muitos casos no México", disse.

Para Tirado, outro dos problemas é que há um déficit na coordenação em nível internacional entre México e outras polícias, o que gera um "espaço de oportunidade para se ocultar".

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