Agência de notícias
Publicado em 6 de abril de 2024 às 09h50.
Última atualização em 6 de abril de 2024 às 10h48.
O México anunciou esta sexta-feira “o rompimento imediato” das relações diplomáticas com o Equador depois que agentes da polícia daquele país invadiram a embaixada mexicana para prender o ex-vice-presidente Jorge Glas, que havia recebido asilo na sede.
“Dada a flagrante violação da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas e os ferimentos sofridos pelo pessoal diplomático mexicano no Equador, o México anuncia o rompimento imediato das relações diplomáticas com o Equador”, escreveu a ministra das Relações Exteriores, Alicia Bárcena, na rede social X.
A invasão aconteceu na noite de sexta-feira (5). Segundo a Associated Press, um grupo de policiais foi até o local para prender Jorge Glas, ex-vice-presidente do Equador condenado a seis anos de prisão por corrupção.
Glas recebeu asilo político do México e estava na embaixada desde dezembro. Ele alega ser vítima de uma perseguição da Procuradoria-Geral do Equador.
As autoridades equatorianas prenderam na sexta-feira o ex-vice-presidente Jorge Glas, que se refugiava na embaixada mexicana em Quito desde dezembro, fugindo a um mandado de prisão por suposta corrupção, informou a Secretaria de Comunicações Presidenciais.
“O Governo Nacional informa aos cidadãos que Jorge Glas Espinel, condenado à prisão pela justiça equatoriana, foi preso esta noite e colocado sob as ordens das autoridades competentes”, afirmou o ministério em comunicado.
Imagens da mídia local mostraram a entrada de homens uniformizados na legação, localizada no norte de Quito, e que era vigiada externamente por policiais e militares, para prender Glas, a quem o México concedeu asilo nesta sexta-feira.
Mexico has suspended relations with Ecuador after Ecuadorian police broke into the Mexican embassy, where former Ecuadorian Vice President Jorge Glas was seeking refuge. pic.twitter.com/lIYNdquEDZ
— Benjamin Alvarez (@BenjAlvarez1) April 6, 2024
A concessão de asilo prejudicou as relações bilaterais após a decisão de Quito, na quinta-feira, de expulsar a embaixadora mexicana Raquel Serur, declarando-a persona non grata após declarações do presidente Andrés Manuel López Obrador sobre a violência política no Equador.
A pasta da Comunicação destacou que “cada embaixada tem um único propósito: servir de espaço diplomático com o objetivo de fortalecer as relações entre os países”.
Acrescentou que “nenhum criminoso pode ser considerado perseguido politicamente. Jorge Glas foi condenado com pena executória e teve mandado de prisão expedido pelas autoridades competentes”.
Por sua vez, o presidente mexicano ordenou na sexta-feira a “suspensão” das relações com o Equador após o incidente diplomático.
É “uma violação flagrante do direito internacional e da soberania do México”, escreveu ele em sua conta no X.
Glas, ex-vice-presidente do ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), é acusado de desviar fundos públicos destinados à reconstrução de cidades costeiras após um devastador terremoto em 2016.
Na sexta-feira, o Equador descreveu o asilo concedido pelo México como “ilegal” e insistiu que não concederá passagem segura ao ex-funcionário para deixar o país.
Nas redes sociais, o ex-presidente Rafael Correa, criticou Daniel Noboa e a ação das autoridades equatorianas.
"Compatriotas: O que o Governo Noboa fez não tem precedentes na história latino-americana. Nem mesmo nas piores ditaduras a embaixada de um país foi violada", escreveu ele em seu perfil no X.
"Não vivemos num Estado de direito, mas num Estado de barbárie, com um sistema improvisado que confunde a Pátria com uma das suas fazendas de banana. Responsabilizamos Daniel Noboa pela segurança e integridade física e psicológica do ex-vice-presidente Jorge Glas", continuou.
O ex-presidente ainda enviou uma mensagem ao México, pedindo desculpas pela postura do governo equatoriano. "Ao México, ao seu povo e ao seu Governo, as nossas desculpas e eterna admiração. Até à vitória, sempre!", finalizou.