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México e EUA vivem pior conflito desde o Nafta, diz embaixador

Segundo novo embaixador mexicano, o conflito pode provocar um renascimento de um movimento antiamericano no país

EUA-México: "Se superarmos esse momento, acredito que poderemos ter uma relação mais madura entre ambos os governos" (Yael Martinez/Bloomberg)

EUA-México: "Se superarmos esse momento, acredito que poderemos ter uma relação mais madura entre ambos os governos" (Yael Martinez/Bloomberg)

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EFE

Publicado em 21 de março de 2017 às 19h14.

Washington - Os Estados Unidos e o México vivem o primeiro momento de forte discordância desde a negociação do Tratado de Livre-Comércio do Atlântico Norte (Nafta) nos anos 1990, um conflito que pode provocar um renascimento de um movimento antiamericano no México, mas que também pode produzir uma relação mais madura entre os países se os governos conseguirem se acertar.

As avaliações foram feitas pelo novo embaixador do México nos EUA, Gerónimo Gutiérrez, durante uma conferência sobre o futuro da relação bilateral no Wilson Center, em Washington.

"O que estamos vendo agora é o que eu chamaria de nossa primeira grande discordância depois do Nafta, depois da negociação desse acordo que está em vigor desde 1994", disse Gutiérrez.

"Se superarmos esse momento, acredito que poderemos ter uma relação mais madura entre ambos os governos", completou.

O novo embaixador mexicano, que chegou a Washington no início de março, ainda aguarda para entregar suas credenciais ao presidente dos EUA, Donald Trump. Gutiérrez afirmou que o México muitas vezes se queixou de ter sido "esquecido" pelo vizinho, mas que, agora, tudo ocorre de maneira contrária ao habitual.

"Pela primeira vez, o México tem um papel central para um novo governo que chegava ao poder nos EUA, um papel que normalmente costuma ser de outro país em outra região. Isso é bom e ruim", disse o diplomata mexicano.

Gutiérrez ressaltou que os primeiros contatos entre o governo de Trump e o de Enrique Peña Nieto foram, até o momento, "frutíferos". No entanto, esclareceu que os dois lados ainda estão na fase de esclarecer posições e identificar aliados.

Apesar disso, o embaixador disse ser necessário diminuir a retórica na relação bilateral. "Pelo menos no caso do México, existe a possibilidade de reviver um sentimento antiamericano que costumava estar presente e que foi mitigado até certo ponto", avaliou.

"E acredito que também há uma possibilidade de fomentar um sentimento antimexicano muito forte nos EUA. E isso seria um erro, extremamente prejudicial para a relação em seu conjunto", disse.

Outros desafios que a relação enfrenta é a desinformação sobre o que os laços entre EUA e México significam e como afetam as respectivas comunidades. Segundo o embaixador, os primeiros contatos entre os governos foram úteis para lidar com essa questão.

Trump e Peña Nieto concordaram em janeiro não falar publicamente sobre o financiamento do muro que o presidente dos EUA quer construir na fronteira comum, um assunto que gerou grande polêmica no México.

A dura postura de Trump contra os vizinhos parece estar impulsionando nas pesquisas para as eleições mexicanas de 2018 o líder da esquerda no país, Andrés Manuel López Obrador.

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