"Metrópoles terão problemas de abastecimento de água"
Presidente do Comitê do Fórum Mundial da Água, Benedito Braga, fala sobre evento mundial de gestão de recursos hídricos e diz que SP pode sofrer desabastecimento
Da Redação
Publicado em 5 de março de 2012 às 14h45.
São Paulo - Parece uma realidade absurdamente distante para quem, todos os dias, abre a torneira e obtém, imediatamente, água potável, mas Benedito Braga, presidente do Comitê Internacional do Fórum Mundial da Água* e vice-presidente do Conselho Mundial de Água*, alerta: se a população não pressionar e os governos não tomarem medidas urgentes para melhorar a qualidade do abastecimento de água nas grandes metrópoles, em dez anos, cidades como São Paulo, Pequim, na China, Mumbai, na Índia, e Dacar, no Senegal, sofrerão com a falta de água e enfrentarão um regime severo de economia do recurso.
O motivo? "Por conta da urbanização irregular, os rios estão cada vez mais sujos e, consequentemente, os sistemas de abastecimento cada vez mais precários. O limite da relação oferta/demanda de água está no limite e é preciso buscar o recurso em mananciais cada vez mais distantes, onde o m³ de água é cada vez mais caro", explicou Braga, que ainda pontuou: "É ilusão achar que a população vai deixar de crescer e a demanda não mais aumentará. A classe política deve enfrentar o problema agora, com boas obras de abastecimento que devem ser feitas de forma integrada, afinal, as bacias hidrográficas do Brasil não acompanham os limites geográficos do país".
Acompanhar e participar dos debates da 6ª edição do Fórum Mundial da Água pode ser uma excelente oportunidade para governos e sociedade civil vislumbrarem soluções para uma gestão hídrica adequada, que garanta água e saneamento básico para todos os cidadãos. O evento, que acontece entre 12 e 17/03, em Marselha, na França, reunirá representantes de mais de 180 países que debaterão o tema em diferentes formatos. Entre eles:
- Mesas Redondas Ministeriais, que discutirão assuntos-chave relacionados à água com ministros de diversos países. Izabella Teixeira, por exemplo, que é ministra do Meio Ambiente do Brasil, já confirmou sua presença na mesa "Mudanças Climáticas e Mecanismos de Mitigação";
- Triálogos, que reunirão parlamentares, prefeitos e ministros que atuam em uma mesma região para discutir medidas integradas para uma boa gestão da água e
- Encontro Presidencial de Alto Nível, entre os principais líderes mundiais. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, já confirmou presença e a presidente Dilma Rousseff foi convidada a participar da reunião, mas ainda não respondeu ao convite.
As discussões realizadas durante o Fórum resultarão em um documento que será apresentado na Rio+20 - Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontece em junho, no Rio de Janeiro. "O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, assegurou ao nosso Conselho, já em 2010, que a água teria lugar especial nos debates da Rio+20. Isso é excelente, uma vez que a Conferência vai produzir uma declaração legalmente vinculante, enquanto o Fórum serve para fomentar as discussões sobre o tema, mas não tem força de lei", disse Braga.
Cidadãos que queiram opinar a respeito de soluções que podem ser incorporadas aos debates e ao documento final do Fórum também têm vez na nova dinâmica do evento. Pela primeira vez, o Conselho Mundial da Água, que organiza o encontro, criou uma plataforma digital, batizada de Solutions For Water*, em que qualquer membro da sociedade civil pode postar ideias para melhorar a gestão de água no planeta e, ainda, consultar as sugestões feitas por outros cidadãos. As soluções postadas estão sendo lidas e triadas pelas organizações que participarão dos debates do Fórum para que, se pertinentes, sejam incorporadas aos debates oficias do evento.
Experiências Brasileiras bem-sucedidas
Na opinião de Benedito Braga, para uma boa gestão dos recursos hídricos, que garanta acesso à água e ao saneamento básico para todos, são necessários três fatores: vontade política, financiamento e capacitação técnica.
Iniciativas bem-sucedidas a respeito da questão, que servem como inspiração, não faltam e não é necessário ir tão longe para conhecê-las. A cidade de Sorocaba, no Estado paulista, por exemplo, aparece no ranking das dez cidades mundiais que melhor cumpriram o Consenso de Istambul ou Pacto das Águas - um documento, resultante da quinta edição do Fórum Mundial da Água, assinado por diversos governos locais, que propõe compromissos para o acesso universal à água e ao saneamento.
Já no Nordeste, a falta de água potável em algumas regiões e os avanços da tecnologia no setor levaram alguns municípios a utilizar a técnica da dessalinização para ter acesso ao recurso. A água é consumida pela população e o sal é colocado na raiz de uma planta típica da região, a Atriplex, que, segundo estudos da Embrapa, absorve o resíduo e é uma excelente fonte de nutrientes para o gado.
"Se realmente houver vontade política, financiamento e incentivo técnico, cada pedacinho do mundo é capaz de encontrar a solução mais adequada para a boa gestão da água, possibilitando que todos os cidadãos do planeta tenham o acesso que merecem ao recurso", concluiu Braga.
São Paulo - Parece uma realidade absurdamente distante para quem, todos os dias, abre a torneira e obtém, imediatamente, água potável, mas Benedito Braga, presidente do Comitê Internacional do Fórum Mundial da Água* e vice-presidente do Conselho Mundial de Água*, alerta: se a população não pressionar e os governos não tomarem medidas urgentes para melhorar a qualidade do abastecimento de água nas grandes metrópoles, em dez anos, cidades como São Paulo, Pequim, na China, Mumbai, na Índia, e Dacar, no Senegal, sofrerão com a falta de água e enfrentarão um regime severo de economia do recurso.
O motivo? "Por conta da urbanização irregular, os rios estão cada vez mais sujos e, consequentemente, os sistemas de abastecimento cada vez mais precários. O limite da relação oferta/demanda de água está no limite e é preciso buscar o recurso em mananciais cada vez mais distantes, onde o m³ de água é cada vez mais caro", explicou Braga, que ainda pontuou: "É ilusão achar que a população vai deixar de crescer e a demanda não mais aumentará. A classe política deve enfrentar o problema agora, com boas obras de abastecimento que devem ser feitas de forma integrada, afinal, as bacias hidrográficas do Brasil não acompanham os limites geográficos do país".
Acompanhar e participar dos debates da 6ª edição do Fórum Mundial da Água pode ser uma excelente oportunidade para governos e sociedade civil vislumbrarem soluções para uma gestão hídrica adequada, que garanta água e saneamento básico para todos os cidadãos. O evento, que acontece entre 12 e 17/03, em Marselha, na França, reunirá representantes de mais de 180 países que debaterão o tema em diferentes formatos. Entre eles:
- Mesas Redondas Ministeriais, que discutirão assuntos-chave relacionados à água com ministros de diversos países. Izabella Teixeira, por exemplo, que é ministra do Meio Ambiente do Brasil, já confirmou sua presença na mesa "Mudanças Climáticas e Mecanismos de Mitigação";
- Triálogos, que reunirão parlamentares, prefeitos e ministros que atuam em uma mesma região para discutir medidas integradas para uma boa gestão da água e
- Encontro Presidencial de Alto Nível, entre os principais líderes mundiais. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, já confirmou presença e a presidente Dilma Rousseff foi convidada a participar da reunião, mas ainda não respondeu ao convite.
As discussões realizadas durante o Fórum resultarão em um documento que será apresentado na Rio+20 - Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontece em junho, no Rio de Janeiro. "O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, assegurou ao nosso Conselho, já em 2010, que a água teria lugar especial nos debates da Rio+20. Isso é excelente, uma vez que a Conferência vai produzir uma declaração legalmente vinculante, enquanto o Fórum serve para fomentar as discussões sobre o tema, mas não tem força de lei", disse Braga.
Cidadãos que queiram opinar a respeito de soluções que podem ser incorporadas aos debates e ao documento final do Fórum também têm vez na nova dinâmica do evento. Pela primeira vez, o Conselho Mundial da Água, que organiza o encontro, criou uma plataforma digital, batizada de Solutions For Water*, em que qualquer membro da sociedade civil pode postar ideias para melhorar a gestão de água no planeta e, ainda, consultar as sugestões feitas por outros cidadãos. As soluções postadas estão sendo lidas e triadas pelas organizações que participarão dos debates do Fórum para que, se pertinentes, sejam incorporadas aos debates oficias do evento.
Experiências Brasileiras bem-sucedidas
Na opinião de Benedito Braga, para uma boa gestão dos recursos hídricos, que garanta acesso à água e ao saneamento básico para todos, são necessários três fatores: vontade política, financiamento e capacitação técnica.
Iniciativas bem-sucedidas a respeito da questão, que servem como inspiração, não faltam e não é necessário ir tão longe para conhecê-las. A cidade de Sorocaba, no Estado paulista, por exemplo, aparece no ranking das dez cidades mundiais que melhor cumpriram o Consenso de Istambul ou Pacto das Águas - um documento, resultante da quinta edição do Fórum Mundial da Água, assinado por diversos governos locais, que propõe compromissos para o acesso universal à água e ao saneamento.
Já no Nordeste, a falta de água potável em algumas regiões e os avanços da tecnologia no setor levaram alguns municípios a utilizar a técnica da dessalinização para ter acesso ao recurso. A água é consumida pela população e o sal é colocado na raiz de uma planta típica da região, a Atriplex, que, segundo estudos da Embrapa, absorve o resíduo e é uma excelente fonte de nutrientes para o gado.
"Se realmente houver vontade política, financiamento e incentivo técnico, cada pedacinho do mundo é capaz de encontrar a solução mais adequada para a boa gestão da água, possibilitando que todos os cidadãos do planeta tenham o acesso que merecem ao recurso", concluiu Braga.