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Mesmo sem resultados oficiais, Morales comemora vitória

Em entrevista coletiva, também afirmou que seu partido "atropelou" ao conseguir dois terços da Assembleia Legislativa


	Presidente da Bolívia, Evo Morales: segundo as pesquisas, Morales teria vencido em oito das nove regiões bolivianas
 (Getty Images)

Presidente da Bolívia, Evo Morales: segundo as pesquisas, Morales teria vencido em oito das nove regiões bolivianas (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2014 às 16h57.

La Paz - O presidente da Bolívia, Evo Morales, amanheceu nesta segunda-feira como vencedor oficioso das eleições gerais em seu país, apesar de os únicos dados que comprovem seu triunfo serem os das pesquisas de boca de urna devido a um grande atraso na apuração oficial.

Em entrevista coletiva, Morales não só comemorou a vitória de ontem, mas também afirmou que seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), "atropelou" ao conseguir dois terços da Assembleia Legislativa, o que lhe permitirá governar confortavelmente sem necessidade de acordos com a oposição.

"O atropelo se resume nos dois terços", disse o líder, a quem os dados das pesquisas de boca de urna divulgadas no domingo pelos meios de comunicação dão cerca de 60% dos votos e, com eles, a presidência da Bolívia até 2020.

Se o partido governista controlar dois terços do Congresso, como ocorre desde 2009, Morales poderá encarar sem problemas novas reformas legais e também realizar mudanças na própria Constituição.

Durante a campanha, a oposição expressou seu temor que, se o MAS conseguir os dois terços, possa aprovar uma lei de reforma parcial da Carta Magna e impulsionar um referendo sobre a reeleição indefinida, algo que o governo nega que esteja em seus planos.

Segundo as pesquisas, Morales teria vencido em oito das nove regiões bolivianas, e perdido apenas no departamento amazônico de Beni para a Unidade Democrata, o partido de seu oponente mais forte, o empresário conservador Samuel Doria Medina, a quem as pesquisas atribuem cerca de 25% dos votos.

Por regiões, a maior surpresa foi a vitória do governo na próspera região de Santa Cruz de la Sierra, tradicionalmente opositora e que fora, anos atrás, um bastião do movimento autonomista.

Tanto a oposição como a imprensa boliviana consideraram válidos os números das amostragens elaboradas pelas empresas Ipsos e Equipos Mori.

Por sua vez, o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia atribuiu a demora na apuração a supostas ameaças de hackers e a problemas de logística.

Em declarações à Agência Efe, o porta-voz do TSE, Ramiro Paredes, afirmou que alguns membros do órgão eleitoral receberam em seus telefones celulares "anúncios anônimos" de que o sistema informático de transmissão do TSE sofreria sabotagens.

Esta ameaça, acrescentou, não podia ser ignorada, o que obrigou às autoridades a redobrar as ações de segurança.

A autoridade eleitoral também explicou que houve um atraso no trabalho dos notários e dos júris cidadãos que trabalharam no processo, "o que teve um efeito dominó em todas as atividades posteriores".

A legislação eleitoral boliviana outorga aos tribunais departamentais até sete dias para que transmitam seus relatórios ao TSE, que tem outros cinco dias como prazo para divulgar os dados finais de maneira oficial, lembrou Paredes.

Uma vez preparado perante possíveis ataques de hackers, o TSE deve continuar trabalhando na apuração oficial com a intenção de divulgar novos dados ainda nesta segunda-feira.

No entanto, às 13h da Bolívia (14h de Brasília), a porcentagem de apuração divulgada no site do TSE permanecia estagnada em 2,89%, a mesma de ontem à noite.

Esta ausência de dados oficiais não foi empecilho para que as felicitações a Morales começassem a chegar de vários países, entre eles Espanha, Venezuela, Equador, Cuba, Colômbia e El Salvador, e de organismos como a Comunidade Andina.

Mais de seis milhões de bolivianos estavam convocados às urnas para escolher presidente, vice-presidente, renovar o Legislativo e designar representantes no parlamento andino.

A jornada eleitoral transcorreu com normalidade e uma alta participação. Cerca de 200 observadores de organismos internacionais como a Organização dos Estados Americanos (OEA), a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e o Parlamento Europeu, monitoraram o processo.

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