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Mesma briga, ambiente novo: EUA muda estratégia em tensão com a China

Com movimento de Trump, conflito entre as duas maiores economias do mundo ganhou novos traços em meio à crise do coronavírus

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Donald Trump: o presidente americano vem dizendo desde o início da pandemia que a China poderia ter parado o novo coronavírus (Danny Wild-USA TODAY Sports/Reuters)

Donald Trump: o presidente americano vem dizendo desde o início da pandemia que a China poderia ter parado o novo coronavírus (Danny Wild-USA TODAY Sports/Reuters)

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Ligia Tuon

Publicado em 13 de maio de 2020 às, 16h26.

Última atualização em 13 de maio de 2020 às, 16h51.

A crise do coronavírus deu mais munição para Donald Trump em sua briga contra a China. O presidente dos Estados Unidos ordenou que o Federal Retirement Thrift Investment Board (FRTI), agência governamental independente criada para administrar o fundo de aposentadoria de trabalhadores federais de cerca de 600 bilhões de dólares, não invista em índices que reúnam empresas chinesas em seu portfólio.

O argumento é que a estratégia é perigosa à segurança nacional e expõe o capital a riscos desnecessários, uma vez que as companhias podem sofrer sanções. A resposta do país asiático, que já aguardava a chegada do conflito no campo das finanças há alguns meses, foi que o movimento prejudicaria somente os próprios investidores:

"O mercado de capitais da China é incessantemente favorecido pelo investidor global, usar questões de segurança nacional como uma desculpa para impedir que os investidores entrem no mercado chinês só fará com que eles percam a oportunidade", disse o representante do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, em uma coletiva de imprensa. A informação foi transmitida por uma agência russa e repercutida pelo jornal britânico Financial Times desta quarta-feira, 13.

O presidente americano vem dizendo desde o início da pandemia que a China poderia ter parado o novo coronavírus, mas não o fez por negligência, o que tem irritado o país asiático. Paralelamente, a China diz que se esforça para cumprir determinações da fase 1 do acordo comercial entre os países mesmo em meio à crise causada pela pandemia. Trump já disse que não pretende renegociar.

Com mais de 80.000 mortes causadas pelo coronavírus, os Estados Unidos seguem como o epicentro mundial da pandemia, o que tem prejudicado a popularidade do presidente, que pretende disputar as eleições presidenciais do país em novembro.

Instrumento de guerra

O "tiro" dado por Trump nesta semana pode inaugurar uma nova fase no conflito entre os países, focada em investimentos e no enfraquecimento de ativos de grandes empresas chinesas: "Depois de esgotadas as ferramentas de uma guerra comercial tarifária, a solução são fluxos financeiros", diz Vinícius Vieira, professor de economia e relações internacionais da Faap. A estratégia vem ligada também à retórica de Trump sobre o papel chinês na disseminação da covid-19 no mundo.

O professor esclarece ainda que, com um dos fundos de pensão mais poderosos do mundo, os Estados Unidos podem dar facilmente as cartas do setor.

Para Vieira, o momento atual pode ser propício também para uma onda nacionalista de investimentos, à semelhança do que aconteceu no mundo após a crise de 1929. "Independentemente de Trump, haverá uma tendência de desinvestimento no mundo por causa da crise e talvez ele esteja se aproveitando disso para enfraquecer a China, mais exposta e mais fraca", diz.

Em novembro do ano passado, o FRTI chegou a negar pedido de uma comissão bipartidária de parlamentares para que não investisse capital do fundo em um índice que misturava ações de países desenvolvidos com de emergentes, entre eles a China, dizendo que a estratégia estava alinhada com outros grandes planos de previdência pública e privada e que a desistência poderia prejudicar os clientes do fundo. Na época, o CEO do fundo disse que limitar os fluxos de capital para a China teria um "impacto devastador nos mercados globais."

Em 2019, informações de pessoas próximas do governo americano que circulavam na imprensa já apontavam para os planos da Casa Branca de limitar o fluxo de investimento por fundos de pensão do governo americano à China e até mesmo para a intenção do presidente de deslistar papéis chineses nas bolsas de valores do país. Agora, parece que o plano começou a saiu do papel.

 

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