Bandeiras do Mercosul: O caso do Paraguai foi abordado durante a primeira parte de uma reunião do Conselho de Mercado Comum (CMC) do Mercosul (Norberto Duarte/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de dezembro de 2012 às 19h29.
Brasília - O Mercosul ratificou nesta quinta-feira a suspensão do Paraguai e constatou ''notáveis avanços'' na adaptação ao bloco da Venezuela, cujo presidente, Hugo Chávez, não participara amanhã daquela será a primeira cúpula de seu país na qualidade de membro pleno.
''Foi decidido continuar examinando a situação'', mas ''sem alterar'' a suspensão estipulada em junho, depois do impeachment do então presidente Fernando Lugo, disse o chanceler Antonio Patriota.
Desse modo, o retorno do Paraguai a estas cúpulas se postergará pelo menos até a que será realizada em meados de 2013 em Montevidéu, na qual a Venezuela receberá do Uruguai e, pela primeira vez, a presidência rotativa do bloco.
Segundo Patriota, além de manter a suspensão do Paraguai, o Mercosul ratificou seu interesse em enviar observadores a esse país para as eleições do próximo mês de abril.
Nesse sentido, explicou que o Mercosul atuará junto com a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que também mantém o Paraguai suspenso e ainda pretende enviar observadores para as eleições, apesar de o presidente do Paraguai, Federico Franco, garantir que não aceitará representantes desse bloco.
O caso do Paraguai foi abordado durante a primeira parte de uma reunião do Conselho de Mercado Comum (CMC) do Mercosul, da qual, com Patriota, participaram os ministros das Relações Exteriores da Argentina, Héctor Timerman, e do Uruguai, Luis Almagro.
O vice-presidente e chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, não participou da reunião e seu lugar foi ocupado pela vice-ministra de Relações Exteriores para América Latina e Caribe, Verónica Guerrero.
Antes do início da reunião, fontes oficiais brasileiras confirmaram que Chávez não participará da cúpula de chefes de Estado, pois permanecerá em Cuba para um tratamento que, aparentemente, está relacionado com o câncer pelo qual foi operado três vezes no ano passado.
Patriota, o único ministro que falou com os jornalistas, disse que, precisamente com relação à Venezuela, foram constatados ''notáveis avanços'' no processo necessário para sua adaptação ao Mercosul, que aceitou esse país como membro pleno ao mesmo tempo em que suspendeu o Paraguai.
O chanceler indicou que a Venezuela tem até 2016 para ajustar-se às nomenclaturas e normas do bloco, mas revelou que espera que um terço desse processo esteja finalizado já no próximo mês de abril.
Sobre o interesse da Bolívia em aderir como membro pleno, declarou que foi realizada uma primeira análise, extensiva à intenção similar manifestada pelo Equador e à possibilidade de que Guiana e Suriname passem a ter status de Estados associados.
A plena incorporação da Venezuela e o processo de expansão do bloco que promete seguir com a Bolívia representam, segundo Patriota, a melhor prova de que a América do Sul está disposta a responder com ''mais e mais integração'' às atuais turbulências da economia mundial.
Os ministros interromperam hoje seus debates durante duas horas para dirigir-se ao Palácio do Planalto e participar do velório do arquiteto Oscar Niemeyer, falecido nesta quarta-feira aos 104 anos.
Antes de participar dessa homenagem, os chanceleres declararam Niemeyer ''cidadão ilustre'' do Mercosul e exaltaram seu ''gênio criativo'' e o ''humanismo'' de sua obra.
No Palácio do Planalto, as honras fúnebres foram lideradas pela presidente Dilma Rousseff, que cumprimentou cada um dos chanceleres e delegados do Mercosul.
Dilma receberá amanhã a governante argentina, Cristina Kirchner, e o uruguaio José Mujica para um café da manhã que será a primeira atividade oficial da Cúpula do Mercosul.
Na ausência de Chávez, a Venezuela estará representada pelo vice-presidente e chanceler Maduro, que chegará ainda hoje à capital federal.
Após o café da manhã, à reunião dos líderes do Mercosul se incorporarão os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e Equador, Rafael Correa, assim como autoridades de Chile, Peru, Colômbia, Suriname e Guiana.
Essa reunião será seguida de um almoço, após o qual os líderes se deslocarão até um hotel para assistir ao encerramento de um Fórum Empresarial, com o qual se descerá o pano de fundo da cúpula.