Mundo

Medo de novos saques provoca corrida a supermercados em Santiago

Nos últimos três dias, os mercados permaneceram fechados e só voltaram a abrir nesta segunda-feira, com a presença dos militares

Santiago: soldados estão nas ruas desde a madrugada de sábado após a declaração de estado de emergência (Edgard Garrido/Reuters)

Santiago: soldados estão nas ruas desde a madrugada de sábado após a declaração de estado de emergência (Edgard Garrido/Reuters)

E

EFE

Publicado em 21 de outubro de 2019 às 16h34.

Santiago — O medo de que os saques registrados nos últimos dias durante os protestos contra o governo de Sebastián Piñera voltem a se repetir fez os chilenos lotarem os supermercados de Santiago, capital do país, nesta segunda-feira.

Apesar de a situação parecer estar mais calma do que nos últimos dias, os estabelecimentos abriram com proteção de militares e ficaram lotados de pessoas que, temendo a volta dos distúrbios que sacodem o país, preferiram estocar alimentos e água em casa.

Carregando sacolas, carrinhos de compra e outros recipientes capazes de suportar peso, milhares de moradores do bairro de Peñalolén, no leste da capital, se apressavam para aproveitar as últimas horas de funcionamento dos supermercados para se abastecer de produtos básicos.

Fraldas, produtos em conserva, pão e água eram os artigos mais carregados pelas pessoas que já tinham conseguido entrar nos estabelecimentos.

Dezenas de militares protegiam a região afetada pela onda de saques que começou na sexta-feira e seguiu até ontem durante os protestos que já deixaram 10 mortos no país.

Nos últimos três dias, os mercados permaneceram fechados e só voltaram a abrir hoje graças a presença dos militares, que começaram a trabalhar por volta das 9h (mesmo horário em Brasília) no controle de acesso aos estabelecimentos para evitar confusão.

Faltando menos de duas horas para o fechamento dos mercados, porém, muitas pessoas ainda esperavam nas longas filas que se formaram do lado de fora de cada uma das unidades.

Cristian Praderas, morador da região, explicou à Agência Efe que no interior de um dos supermercados da rede Jumbo o ambiente era normal, havia produtos de todo o tipo e não havia superlotação graças à restrição de acesso.

"Dentro tudo supermercado está tudo normal. Estão repondo de tudo e o movimento está tranquilo porque as pessoas estão entrando em parcelas, não há muita aglomeração, felizmente", afirmou Praderas.

"Depois de ter visto ontem como tentaram saquear esse Jumbo, acho que a presença dos militares é boa. Tomara que sigamos com essa ordem, que tudo fique em paz e que voltemos à normalidade o mais rápido possível", acrescentou.

Os soldados estão nas ruas de Santiago desde a madrugada de sábado após a declaração de estado de emergência na cidade por determinação de Piñera. O presidente também decretou toque de recolher na capital do país nas duas últimas noites.

Apesar de a missão dada aos militares ser a de garantir a manutenção da ordem pública, muitos estavam ajudando a população a carregar as sacolas de compras nas saídas dos supermercados.

Os protestos se intensificaram na sexta-feira devido a uma alta dos preços das passagens do metrô de Santiago. Piñera desistiu do reajuste, mas o recuo não acalmou os ânimos na capital e em várias cidades do país. Os manifestantes entraram em confronto com as forças de segurança, transformando algumas áreas em palcos de guerra.

"Foi tão repentino que ninguém esperava, ninguém tinha a despensa cheia. Nos pegou de surpresa. Viemos agora, compramos e nos protegemos. Já tenho o suficiente para pelo menos uma ou duas semanas", explicou Praderas.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaChileProtestos no mundoSantiago (Chile)

Mais de Mundo

Drone ucraniano atinge prédio de 37 andares na Rússia; veja vídeo

Sobe para cinco o número de mortos em ataque a Mercado de Natal na Alemanha

Volkswagen fecha acordo com sindicatos para cortar 35 mil postos de trabalho na Alemanha

Pandemia traz lições de como lidar com tarifas de Trump, diz professor de inovação no IMD