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May busca apoio e UE quer sócio estável para o Brexit

Em entrevistas, o líder dos negociadores da UE para o Brexit, Michel Barnier, declarou-se preocupado com a "perda de tempo" que está ocorrendo

Theresa May: a premiê deve selar a aliança com o DUP, cujos 10 deputados permitiriam aos conservadores superar as 326 cadeiras necessárias para ter maioria absoluta (Toby Melville/Reuters)

Theresa May: a premiê deve selar a aliança com o DUP, cujos 10 deputados permitiriam aos conservadores superar as 326 cadeiras necessárias para ter maioria absoluta (Toby Melville/Reuters)

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AFP

Publicado em 13 de junho de 2017 às 09h46.

Última atualização em 13 de junho de 2017 às 09h47.

Ainda abalada após o resultado das legislativas, a primeira-ministra britânica, Theresa May, tentava nesta terça-feira estabelecer uma aliança com o partido norte-irlandês DUP, crucial para governar, no momento em que a União Europeia (UE) pede um sócio "estável" para começar a negociar o Brexit.

May deve se reunir durante a tarde com a líder do partido unionista ultraconservador DUP, Arlene Foster, a menos de uma semana do início das negociações com Bruxelas e no momento em que a Comissão Europeia está disposta a propor novas regras que poderiam obrigar boa parte das atividades financeiras londrinas a mudar-se para a UE após o Brexit.

Em uma entrevista a vários jornais europeus, o líder dos negociadores da UE para o Brexit, Michel Barnier, se declarou preocupado: "Estamos perdendo tempo".

"Não vamos conceder atrasos nas datas para chegar ao acordo de divórcio. Qualquer adiamento provocaria incerteza, uma fonte adicional de instabilidade", afirmou.

Mas para negociar, destacou Barnier, é necessário ter uma delegação britânica.

Algo que poderá ser criado assim que o Reino Unido formar um governo.

May deve selar a aliança com o DUP, cujos 10 deputados permitiriam aos conservadores superar as 326 cadeiras necessárias para ter maioria absoluta no Parlamento. O Partido Conservador conseguiu a eleição de 318 parlamentares nas legislativas da semana passada.

May e Foster conversaram por telefone na sexta-feira, um dia depois das eleições. Os contatos prosseguiram desde então.

"As discussões continuam", comentou na segunda-feira Arlene Foster, antes de explicar que o "interesse nacional está no centro" das negociações, que chamou de "positivas".

Diante dos deputados conservadores que renovaram sua liderança na segunda-feira, apesar do revés nas legislativas, Theresa May afirmou que o DUP, cujas posições muito conservadoras provocam inquietação, não teria nenhuma influência na política de reconhecimento dos direitos dos homossexuais.

Uma coalizão com o partido unionista também provocaria perguntas sobre a neutralidade do governo britânico na Irlanda do Norte, região que continua sob tensão 20 anos depois de encerrados os "distúrbios".

As negociações entre os conservadores e o DUP podem levar mais tempo. Um sinal revelador foi o anúncio na segunda-feira da BBC de que a cerimônia de abertura do Parlamento seria adiada em alguns dias.

"Enquanto não conseguirmos (o acordo com o DUP) não poderemos finalizar os detalhes do discurso da rainha", pronunciado nesta ocasião e que detalhará o programa legislativo do governo, admitiu o vice-premier Damian Green.

O novo Parlamento se reunirá pela primeira vez nesta terça-feira. A sessão será marcada pela eleição do presidente da Câmara dos Comuns, o 'speaker', seguida pelo juramento dos deputados.

No final da tarde, May viajará a França para uma reunião com o presidente francês, Emmanuel Macron. O revés eleitoral de May levanta dúvidas sobre sua capacidade para negociar um Brexit "duro".

De acordo com Damian Green, May tem o apoio do gabinete para sua estratégia para o Brexit, ou seja, uma saída do mercado único europeu para retomar o controle das fronteiras britânicas.

O jornal The Telegraph afirmou que ministros e integrantes do partido Trabalhista, defensores de um Brexit "suave", tiveram discussões secretas para estimular esta solução.

Segundo a publicação, as discussões teriam como objetivo obrigar May a alcançar compromissos sobre a imigração europeia, a união alfandegária e o mercado único.

Para o jornal Evening Standard, May não comanda mais sozinha o governo britânico, pois terá que fazer concessões para levar o Executivo adiante.

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