Theresa May: Premier tem até outubro para tentar aprovar acordo no Parlamento britânico (Olivier Hoslet/Pool/Reuters)
EFE
Publicado em 10 de abril de 2019 às 21h24.
Última atualização em 10 de abril de 2019 às 21h29.
Bruxelas - A primeira-ministra britânica, Theresa May, aceitou nesta quarta-feira a prorrogação do Brexit até o dia 31 de outubro, que foi oferecida pelos líderes da União Europeia (UE) após uma cúpula de várias horas.
"Isto significa seis meses adicionais para que o Reino Unido encontre a melhor solução possível", disse Donald Tusk, ao anunciar o acordo com May, que está em discussões com a oposição trabalhista para obter uma maioria parlamentar em seu país a favor do acordo de divórcio fechado.
EU27/UK have agreed a flexible extension until 31 October. This means additional six months for the UK to find the best possible solution.
— Charles Michel (@eucopresident) April 10, 2019
Mais cedo, Tusk havia anunciado pelo Twitter a oferta do bloco à premiê britânica.
"Os 27 da UE entraram em acordo sobre uma prorrogação (...) Agora vou me reunir com a primeira-ministra, Theresa May, para o acordo do governo britânico", tuitou o chefe do Conselho Europeu, Donald Tusk.
A líder conservadora, confrontada com a relutância da ala mais eurocética de seu partido, havia pedido uma nova extensão do prazo, até 30 de junho, para tentar chegar a uma maioria trabalhista com a oposição em favor do acordo de divórcio que o Parlamento britânico já rejeitou três vezes.
"Quero que possamos sair de forma ordenada e tranquila o mais rápido possível, e é por isso que vou trabalhar", afirmou May antes de defender durante uma hora seu pedido de adiamento diante de 27 contrapartes exasperados.
Embora fontes diplomáticas tenham qualificado seu discurso como "útil e sólido", a desconfiança de seus pares diante do caos político reinante em seu país lhes fez propor uma prorrogação maior, até 31 de outubro, mas com matizes.
Após horas de discussões, nas quais o presidente francês, Emmanuel Macron, pressionou por uma prorrogação menor, os 27 acordaram "revisar" os compromissos em sua cúpula de 20 e 21 de junho, explicou uma fonte europeia.
O chefe do Conselho Europeu tinha proposto uma "prorrogação flexível" de "não mais de um ano" para permitir ao Reino Unido abandonar o bloco quando ambas as partes tiverem ratificado o acordo de divórcio, inclusive se isto ocorrer antes.
Depois de o Parlamento britânico rejeitar três vezes o acordo de divórcio, os europeus se mostravam céticos sobre a possibilidade de May conseguir aprová-lo em 30 de junho e queriam, por seu lado, evitar mais cúpulas de urgência.
"O objetivo é que as instituições europeias possam avançar e que o Brexit tenha o menor efeito em seu funcionamento", disse uma fonte do governo francês, explicando que Bélgica, Luxemburgo, Espanha e Malta apoiavam sua posição.
A União Europeia (UE) está preocupada pelo bom funcionamento do bloco se o Reino Unido continuar sendo membro para além de 1º de julho, quando se formar o novo Parlamento Europeu, egresso das eleições de maio.
As datas debatidas estão vinculadas aos próximos eventos-chave de uma UE que muda de ciclo com as eleições à Eurocâmara e à chegada de uma nova Comissão Europeia, a princípio em 1º de novembro.
Por isso, uma de suas linhas vermelhas é que se os britânicos continuarem sendo membros do bloco depois de 22 de maio, terão que participar das eleições europeias, algo que a 'Premier' quer evitar, apesar de já ter iniciado os preparativos.
Uma das fontes europeias explicou que o "Reino Unido participará das eleições europeias se continuarem sendo membros (do bloco) em 22 de maio".
Se permanecer por um tempo longo, os europeus querem do Reino Unido uma "cooperação leal" como país que está partido e não vetar a adoção de projetos europeus chave, com o orçamento do bloco para 2021-2027.
Quase três anos depois de 52% dos britânicos votarem a favor de sair da UE, em junho de 2016, o Reino Unido continua na porta de saída, após mais de quatro décadas de pertencimento ao projeto europeu.
O negociador europeu, Michel Barnier, deve se reunir nesta quinta-feira com a líder do partido unionista norte-irlandês, Arlene Foster, que explicará ao francês os motivos de sua oposição ao acordo de divórcio.
E, passada a cúpula, a primeira-ministra conservadora deve retomar as discussões com o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, com a esperança de conseguir aprovar o acordo de divórcio, mas até agora infrutíferas.